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Homenageado da Flip 2013, o escritor Graciliano Ramos foi tema de mais uma mesa manhã desta sexta-feira (5).

Randal Johnson, Sergio Miceli e Dênis de Moraes conversaram sobre a atuação política do escritor. Graciliano foi prefeito de Palmeira dos Índios (Alagoas) e filiado ao Partido Comunista.

Moraes, autor de "O velho Graça - Uma Biografia de Graciliano Ramos", afirmou que o escritor deixou um legado político ainda muito atual.

"Graciliano diz muito sobre 2013, sobre esses protestos , essas reivindicações por demandas da sociedade. Para uma geração que protesta contra tarifas, contra uma copa milionária em um país com tantos problemas, Graciliano chama a atenção para a coerência ética. Ele deixa um legado de que é possível exercer a política com p maiúsculo."

"Se vivo fosse, ele estaria apoiando os protestos e as manifestações populares. Ele teria sido uma voz crítica -estaria aplaudindo as manifestações da cidadania, pedindo mais e mais , e faria duras criticas à repressão", completou, sendo muito aplaudido.

Randal Johnson, professor titular da Universidade da Califórnia e estudioso da obra de Graciliano, relembrou que o escritor implantou uma gestão extremamente moderna em sua gestão como prefeito de Palmeira dos Índios, entre 1928 e 1930."Ele tentou sanar as finanças, limpar as ruas, cobrar impostos atrasados. Combateu o clientelismo e a corrupção."

Moraes também comentou que o interesse de Graciliano pela política já era visível desde o início dos anos 1920, nas crônicas "insubordinadas e de espírito zombeteiro" que escreveu para o jornal "O Índio".

O sociólogo Sergio Miceli completou o debate relacionando a experiência política aos romances de Graciliano.

Para o pesquisador, os protagonistas de "Caetés", "São Bernardo" e "Angústia" lidam com o problema da potência e da impotência, tanto política quanto sexual.Miceli fez uma explanação muito aplaudida ao relacionar as tramas e as relações entre os livros.

"O Luis da Silva, de 'Angústia', é o que perdeu tudo, foi relegado à condição de funcionário burocrático infeliz. É obcecado por sua insatisfação sexual, sempre acha que todas as pessoas estão transando. O Antonio Candido fez um artigo notável sobre isso. Ele diz que o Luis da Silva tem um ingrediente em seu comportamento que é esclarecedor, ele tem fixação com os símbolos fálicos."

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