O filme “The Program”, destaque no Festival de Cinema de Londres, retrata a conturbada história de vida do ciclista Lance Armstrong, vencedor de sete títulos da Volta da França. Em 2013, depois de vários anos de acusações de doping durante a sua carreira, Lance confessou, no programa da apresentadora Oprah Winfrey, ter mentido. A história já rendeu dois documentários e está é a primeira de três adaptações de ficção que estão sendo feitas sobre o atleta.
O enredo é baseado no livro “Seven Deadly Sins: My Pursuit of Lance Armstrong”, escrito pelo jornalista David Walsh (no filme, Chris O’Dowd). Frears se abstém de fazer especulações sobre os motivos que levaram Armstrong a trapacear e segue as revelações dos documentos de investigação da justiça norte-americana. Desta maneira, os fatos e meios são mais importantes do que a moralidade das escolhas de Lance.
A escolha de Ben Foster para o papel de Lance foi talvez o maior acerto do filme. Foster é assustador em sua semelhança a Armstrong, fiel aos maneirismos, desde sua arrogância até os tiques nervosos ao redor da boca. Ao se preparar para a performance, Foster utilizou as mesmas drogas que Armstrong. “As drogas afetam a sua mente”, Foster falou em uma entrevista recente. “Eu quase perdi a cabeça fazendo este filme, só agora que consegui me recuperar fisicamente”.
Armstrong é o vilão perfeito – arrogante eu suas ambições e manipulador de todos ao seu redor. O que Frears deixa claro é que a culpa está também em todos nós que acompanhamos sua carreira – e nos deixamos ser enganados. Lance se tornou uma figura messiânica, um Jesus de bicicleta, e isso o fez quase intocável. Pode-se dizer que ele era apenas mais um usando doping, mas não. Ele era, mais do que tudo, um homem calculista que não gostava de perder.
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