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Michael Fassbender como Aguilar de Nehra, o Assassino do século 15 perseguido pela Inquisição. | Divulgação/Fox
Michael Fassbender como Aguilar de Nehra, o Assassino do século 15 perseguido pela Inquisição.| Foto: Divulgação/Fox

“Assassin’s Creed”, filme baseado na série de jogos homônima inaugurada em 2007 e que rende sequências até hoje, é mais uma tentativa de se expandir uma franquia de sucesso do universo dos games para um público mais amplo. O primeiro passo foram os licenciamentos para livros inspirados na série, que se enquadram na categoria de romances de aventura infantojuvenis (e que fazem bastante sucesso). Agora, o movimento é mais ousado: para contar a história de Callum Lynch (Michael Fassbender), um homem que é cooptado por uma organização capaz de fazê-lo reviver as memórias de um antepassado em busca de um poderoso artefato perdido, a Fox investiu cerca de US$ 125 milhões na produção de “Assassin’s Creed”, o filme, que ainda tem no elenco Marion Cotillard e Jeremy Irons.

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A transposição de um game de sucesso para o cinema nunca foi uma tarefa simples. O fracasso mais retumbante dessa história talvez seja “Super Mario Bros.”, de 1993, filme que falhou tão miseravelmente na tarefa de adaptação de um jogo para a telona que acabou virando um cult por suas esquisitices.

Isso porque, normalmente, os elementos que fazem um jogo de videogame ser bom não são os mesmos que fazem um filme ser bom. No mundo dos games, o que conta é a chamada “jogabilidade”, que tem a ver mais com a experiência do jogador e as recompensas que recebe por conseguir executar as tarefas exigidas do que um bom enredo, bons diálogos e boa direção de atores.

“Assassin’s Creed”, o jogo, fez sucesso por conta de sua boa jogabilidade, em que o personagem tem uma movimentação fluida por cenários históricos como Jerusalém no tempo das Cruzadas ou a Florença Renascentista. A marca registrada do jogo são os “saltos de fé” que o protagonista, um membro da ordem dos Assassinos que viveu na Idade Média, dá, atirando-se do alto de torres e executando alguma ação na sua queda.

Logo, um dos maiores desafios de “Assassin’s Creed”, o filme, para atrair e satisfazer a grande base de fãs do jogo seria conseguir reproduzir nas telas a ação do game. E essa parece ter sido a maior contribuição do diretor Justin Kurzel (o mesmo de “Macbeth: Ambição e Guerra”, de 2015) para a transposição. Afinal, se há algum mérito na versão cinematográfica de “Assassin’s Creed” é por conta de suas cenas de ação e perseguição, em que o diretor emula a câmera em primeira pessoa típica dos jogos da série, e das tomadas abertas que simulam a perspectiva da visão de uma águia, animal que acompanha o protagonista do filme à distância.

Confuso e descartável

A fórmula, no entanto, acaba desgastada de tanta repetição. E aí o problema se volta ao roteiro, que empresta o que o argumento da série de jogos tem de mais confuso e descartável: a trama que cria a ambientação para vermos a ação de época. Em “Assassin’s Creed”, as ordens dos Assassinos e dos Templários vivem em guerra desde tempos imemoriais e tentam, ambas, localizar um artefato místico, chamado Maçã do Éden, que conteria segredos sobre a criação da humanidade. Na atualidade, os Templários comandam uma organização que criou uma máquina capaz de fazer um indivíduo reviver “memórias genéticas” de seus antepassados. Os Templários, então, localizam o descendente do último Assassino a ter tido contato com a Maçã do Éden – um espanhol cuja família foi morta pela Santa Inquisição de Torquemada – para que reviva suas memórias e encontre o local em que o objeto foi escondido.

É a típica ficção de baixa qualidade que pouco importa, ao espectador do filme ou ao jogador do jogo. Há um excessivo vocabulário pseudocientífico (“memória genética”, “sincronização de DNA”, “efeito sangramento” etc) e pouco aprofundamento na história do protagonista mais interessante da história, o Assassino Aguilar de Nehra, que viveu no século 15. O roteiro também risca a superfície de um debate sobre os limites entre livre arbítrio, dominação e “qualidade de vida”, mas isso é tudo. “Assassin’s Creed” não é inteiramente dispensável, mas vale mais gastar horas jogando qualquer um de seus episódios no videogame do que na sala do cinema.

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