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“Sonita”, documentário sobre rapper afegã, é um dos destaques do festival | Divulgação/
“Sonita”, documentário sobre rapper afegã, é um dos destaques do festival| Foto: Divulgação/

Durante uma semana, cinéfilos de Curitiba terão a oportunidade de conferir uma amostra do que vem sendo produzido em vários cantos do mundo. Começa nesta quinta-feira (20) o Festival de Cinema da Bienal Internacional de Curitiba, que até o dia 28 vai exibir cerca de cem filmes, dos mais variados gêneros e nacionalidades. Do vencedor do último Festival de Berlim a um documentário filmado no Afeganistão. De uma animação paraguaia a clássicos do cinema francês. Se você ainda não está por dentro da programação, listamos a seguir cinco motivos pelos quais quem gosta de cinema não deve deixar o festival passar em branco.

1) Oportunidade de ver filmes premiados

Durante o festival, o público terá a oportunidade assistir a filmes premiados nacional e internacionalmente. A abertura nesta quinta, por exemplo, ficará a cargo do documentário italiano “Fogo no Mar”, de Gianfranco Rosi, vencedor do Festival de Berlim deste ano. Nos próximos dias serão exibidos os dois vencedores do Festival de Gramado, “Barata Ribeiro, 716”, de Domingos Oliveira (ganhador da mostra nacional), e o chileno “Sin Nortes”, de Fernando Lavanderos (vencedor da mostra latina). Também estão na programação dois premiados em Cannes: “Cinema Novo”, de Eryk Rocha, escolhido melhor documentário, e o espanhol “Timecode”, de Juanjo Giménez, vencedor na categoria curta-metragem.

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2) Dificilmente, alguns filmes vão passar no cinema de novo

É bem provável que essa seja a única oportunidade de ver alguns filmes interessantes no cinema. Como o circuito comercial anda bem restrito, é difícil que cheguem às telas produções como “Sonita”, documentário sobre uma rapper afegã cuja família pretende vendê-la para casamento. Ou então “Do Not Resist”, que aborda a cultura policial americana, “The Land of Enlightened”, que acompanha crianças em meio à guerra no Afeganistão, e “Dogs”, drama romeno sobre tráfico de drogas. Isso sem contar as mostras especiais dedicadas à produção recente do Japão, Alemanha e Paraguai.

“Quase Memória”, de Ruy Guerra.Eduardo Martino/Divulgação

3) Ter um bom panorama do cinema nacional

Além de “Barata Ribeiro, 716” e “Cinema Novo”, a mostra Panorama do Cinema Brasileiro contempla representantes da velha guarda e da nova geração. Os veteranos Ruy Guerra e Júlio Bressane apresentam, respectivamente, “Quase Memória” e “Beduíno”. Já o curitibano Guilherme Weber apresenta seu filme de estreia como diretor, “Deserto”. Outro estreante em longas é Thiago B. Mendonça, com “Jovens Infelizes ou um Homem que Grita Não é um Urso que Dança”. E tem ainda a Mostra Universo Z, dedicada ao público infanto-juvenil, e o Circuito Universitário, voltado a produções locais.

4) Poder ver clássicos em 35mm

Como nem só de novidades se alimentam os cinéfilos, a programação tem alguns clássicos imperdíveis e, o melhor: em cópias 35 mm, formato que remonta às origens da sétima arte. Nessa leva estão quatro franceses: “As Damas do Bosque Boulogne” e “O Batedor de Carteiras”, de Robert Bresson, “French Cancan”, de Jean Renoir, e “Jacquot de Nantes”, de Agnès Varda. Também faz parte a retrospectiva dedicada a Hector Babenco (morto em julho), com cinco filmes: “O Rei da Noite”, “Pixote, a Lei do Mais Fraco”, “O Beijo da Mulher Aranha”, “Ironweed” e “Brincando nos Campos do Senhor”.

5) Gastar pouco (ou nada)

Como não está fácil para ninguém, nada melhor que ver bons filmes pagando pouco ou nada. As sessões das mostras principais, no Espaço Itaú, custam apenas R$ 4 e R$ 2 para quem paga meia-entrada. Já as exibições das mostras paralelas, que acontecem na Cinemateca, Cine Guarani e Paço da Liberdade, são gratuitas. A programação completa está no site do festival.

‘Fogo no Mar’ documenta o horror sofrido por imigrantes na Europa

Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, filme do italiano Gianfranco Rosi abre o Festival da Bienal Internacional

A Itália lembrou no início do mês os três anos de uma das maiores tragédias da história envolvendo imigrantes. No dia 3 de outubro de 2013, 368 pessoas vindo da Líbia morreram em um naufrágio, abrindo os olhos do mundo para um drama que já vinha se tornando recorrente e colocando no mapa a ilha de Lampedusa. Situada na Sicília, junto ao Mar Mediterrâneo, o local é uma das portas de entrada de migrantes que saem da África e tentam ingressar clandestinamente na Europa.

O local é o cenário do documentário “Fogo no Mar”, dirigido pelo italiano Gianfranco Rosi e que abre o Festival de Cinema da Bienal Internacional de Curitiba. O longa, que estreou no Brasil em abril, mas permanecia inédito na capital paranaense, foi o vencedor do Urso de Ouro no último Festival de Berlim. A sessão única acontece nesta quinta (20), às 20 horas, no Espaço Itaú.

Quando o júri da Berlinale, presidido pela atriz Meryl Streep, decidiu premiar o filme, o tema imigração estava sendo debatido de forma intensa, especialmente no tocante a barrar ou acolher os estrangeiros. Além da urgência do assunto, é bem possível que o tratamento dado pelo diretor no filme tenha pesado na decisão.

Gianfranco Rosi acompanha o cotidiano de um grupo de moradores da ilha, especialmente um garoto, que se preocupa apenas em ir à escola, brincar com um estilingue e se juntar ao pai em um barco pesqueiro. O pai do garoto, uma senhora idosa e um radialista são outros personagens que assistem de longe ao sofrimento dos refugiados. Ao longo do filme, esse cotidiano pacato se alterna com o trabalho das equipes que atendem os naufrágios.

Em entrevista ao site Adoro Cinema, Rosi (naturalizado italiano, mas que nasceu na Eritreia, no norte da África) contou que passou um ano filmando na ilha. Nesse período, registrou um naufrágio com vários mortos, apresentado de forma crua no filme. “De certa forma, parece existir um equilíbrio entre a profundidade da exploração da ilha e a narrativa mais leve. Eu tratava da morte, então precisava estruturar esse tema. Não foi uma escolha, tive que ajustar o filme ao estado das coisas. Sendo um documentário, eu não poderia inventar nada”, afirmou.

Sem narrador, sem trilha sonora e sem entrevistas, com imagens tanto poéticas como impactantes. Assim é “Fogo no Mar”, que deixa que o espectador tire suas conclusões. “Não faz mais sentido fazer documentários que saibam de tudo, que nos contem tudo. Temos toda a informação circulando através da internet, da imprensa, sabemos de tudo o que acontece. Não há mais necessidade em contar histórias tão didáticas”, justifica o cineasta.

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