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“Cinema Novo” foi feito inteiramente com imagens de arquivo e trechos de filmes | Divulgação/
“Cinema Novo” foi feito inteiramente com imagens de arquivo e trechos de filmes| Foto: Divulgação/

“Eu vi os filmes do Cinema Novo, no Museu de Arte Moderna, em 1969 ou 1970. Assisti a ‘Terra em Transe’ e ‘Os Fuzis’ na versão original, sem legendas. Foi uma experiência muito, muito forte. Eu nunca tinha visto aquela combinação de estilos e, honestamente, a humanidade, a paixão tão poderosas nos dois filmes.” A declaração é de ninguém menos que Martin Scorsese, em uma entrevista à Folha de S.Paulo em 2006, e mostra a importância do movimento Cinema Novo, não apenas no Brasil, mas para cineastas do mundo todo.

Uma história que vai muito além de Glauber Rocha e a famosa frase “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”, como atesta o documentário “Cinema Novo”, que o público curitibano terá a oportunidade de conferir neste sábado (22), às 21h, no Espaço Itaú. O filme de Eryk Rocha (filho de Glauber), vencedor do prêmio ”Olho de Ouro” (dirigido a documentários) no último Festival de Cannes, terá exibição única no Festival de Cinema da Bienal Internacional de Curitiba.

Para contar a história do movimento, o diretor se propôs a algo diferente: usou apenas material de arquivo. Os 93 minutos do documentário são compostos integralmente de trechos de filmes, entrevistas e registros dos cineastas à época do movimento, entre as décadas de 1960 e 70. “Resolvi fazer um filme em primeira pessoa, em que a história fosse contada pelos próprios protagonistas, como se fosse no presente. Não me interessava ter qualquer tipo de mediação com o espectador”, conta Eryk em entrevista à Gazeta do Povo.

“É uma necessidade pensar o Brasil e tentar entendê-lo melhor. Quando apresento os personagens como se estivessem no presente, trago a reflexão para o agora.”

Eryk Rocha diretor de “Cinema Novo”

E não foi por falta de registros que o diretor abriu mão de usar material próprio. Eryk diz que o projeto de documentar o Cinema Novo nasceu há dez anos, quando iniciou uma série de entrevistas com os diretores do movimento ainda vivos. “Esse material ficou adormecido durante anos e, no início da montagem, percebi que aquilo criava um filtro entre o Cinema Novo e o espectador”, explica. Descartados para o filme, os registros estarão em uma série de seis capítulos, a ser exibida em 2017 pelo Canal Brasil.

Estão presentes em “Cinema Novo” alguns dos nomes mais importantes do cinema nacional, como Glauber Rocha, Ruy Guerra, Joaquim Pedro de Andrade, Nelson Pereira dos Santos, Leon Hirzman, Walter Lima Jr. e Sergio Person. Entre reuniões descontraídas e entrevistas em que analisam cinema, política e o Brasil da época, trechos de obras célebres e menos conhecidas. “É um filme de arqueólogo”, define Eryk, que, com sua equipe, garimpou junto a instituições e familiares dos cineastas.

Mais do que deixar que a narrativa seja conduzida pelos próprios protagonistas, “Cinema Novo” se propõe, segundo seu diretor, a dialogar com a realidade atual. “É uma necessidade pensar o Brasil e tentar entendê-lo melhor. Quando apresento os personagens como se estivessem no presente, trago a reflexão para o agora.”

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