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Cena do filme “Quatro Vidas de um Cachorro”, estrelado por Dennis Quaid | Divulgação/
Cena do filme “Quatro Vidas de um Cachorro”, estrelado por Dennis Quaid| Foto: Divulgação/

“Nenhum animal foi ferido durante as filmagens”. O “certificado” foi criado pela AHA (American Humane Association) para garantir a segurança dos bichos no cinema. Embora a recente denúncia de maus-tratos no filme “Quatro Vidas de um Cachorro” esteja sendo rebatida pela empresa que treina os animais para esse propósito, a verdade é que esse atestado tem pouco efeito prático nos sets , a começar por “Ben Hur”, produzido em 1925.

A AHA foi criada em 1877 para assegurar o tratamento adequado aos animais em fazendas e afins. Foi só em 1939 que passou a monitorar também o tratamento que Hollywood dispensava aos bichos. E isso só aconteceu por grande pressão pública depois que um cavalo foi obrigado a pular de uma ribanceira durante as filmagens do western “Jesse James”. O animal quebrou a coluna e morreu, enquanto o dublê que o montava não sofreu nenhum arranhão.

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Se o vídeo que mostra um pastor alemão visivelmente apavorado sendo obrigado a entrar em uma piscina for autêntico, a produção dirigida por Lasse Hallström, que estreia no Brasil nesta quinta-feira (26) ignorou uma recomendação da AHA. “A American Humane Association encoraja o uso de substitutos para animais vivos quando as cenas pedem a representação de perigo”, diz o manual da associação. Quando utilizadas, computação gráfica e outras técnicas devem ser, obrigatoriamente, comprovadas com fotografias e recibos. No mesmo manual, consta que a AHA deve ser consultada se cenas na água estiverem no script.

Veja o vídeo em que o cão é obrigado a entrar na água

Em comunicado, a associação afirmou ter contratado um investigador particular para apurar o que houve nas filmagens. O funcionário que fiscalizou o filme foi suspenso. Não ficou claro, porém, se ele presenciou a cena e foi negligente.

A Birds and Animals Unlimited, empresa que treinou os animais, sustenta que o vídeo foi manipulado. “Depois de filmarmos muitas cenas durante o dia, queríamos que Hercules fizesse a mesma coisa, mudando o ponto de onde ele entrava na piscina. Quando a câmera começou a gravar, o treinador que estava na água começou a chamar pelo cão. Percebemos rapidamente que Hercules não queria entrar na piscina daquele ponto”, diz o comunicado, frisando que ele não apresentou problemas com a água anteriormente.

Veja o trailer

O produtor Gavin Polone escreveu um artigo para o “The Hollywood Reporter” após averiguar o material bruto daquele dia das filmagens. Não negou que o treinador forçou o cão e condenou a atitude, mas também explicou que no restante das filmagens Hercules pulava na água voluntariamente.

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O dano à campanha do filme, que tinha potencial para ser um “Marley e Eu” dos anos 2010, porém, já está feito. O Peta tem liderado um boicote à produção e a cena de bastidor, divulgada pelo site de fofoca TMZ é bem chocante para o público que normalmente lota os cinemas nesse tipo de filme.

“Alguns animais FORAM feridos durante as filmagens”

Ben-Hur (1925)

Antes mesmo de “Jesse James” (1939) provocar tamanha comoção na opinião pública por conta do manejo dos cavalos em cena, o clássico custou a vida de um dublê e de cinco cavalos. O diretor assistente B. Reeves Eason queria cenas empolgantes e realistas e por isso não aliviava na velocidade durante as sequências de ação. Ferraduras voando pelo set não eram raridade.

Apocalypse Now (1979)

Um búfalo asiático foi sacrificado de verdade em uma das cenas mais emblemáticas do filme de Francis Ford Coppola. A ação, porém, não foi ilegal. A tribo do coronel Kurtz (Marlon Brando) era real e já tinha marcado o animal para ser sacrificado em um ritual. O diretor resolveu filmar o banho de sangue e foi bastante criticado.

Manderlay (2005)

A continuação de “Dogville”, filmada na Suécia, rendeu controvérsia porque um burro foi morto para ser comido pelo elenco, em cena. John C. Reilly teria abandonado as filmagens em protesto. O produtor Peter Jensen alegou que o animal era velho e estava doente e que foi sacrificado de maneira humana. Depois de todo barulho, a cena foi cortada da edição final.

Água para Elefantes (2011)

Pura ironia. No romance, assim como no longa, a elefanta Rosie sofre nas mãos de um dono de circo sádico. Mesmo assim, a ficção parece ter sido mais fácil do que o treinamento real que Tai, a paquiderme que a ‘interpretou’, sofreu nas mãos dos treinadores da Have Trunk Will Travel, que a cedeu para o filme. Choques, pancadas e ganchos foram mostrados em um vídeo divulgado por uma associação protetora. Os produtores alegaram que as imagens foram feitas em 2005. Mesmo assim, não os livra de terem escolhido se associar a uma empresa que utiliza tais métodos.

Luck (2012)

Ambientada nas pistas de corrida de cavalo, a série da HBO tinha nomões como Dustin Hoffman e Nick Nolte no elenco e Michal Mann na produção, mas mesmo assim teve vida curtíssima por conta de problemas com os animais. No primeiro ano do seriado, dois cavalos morreram em cenas de corrida. Ainda assim, resolveram dar sequência à história, alegando que na ‘vida real’ essas fatalidades aconteciam em uma frequência bem maior. No início da segunda temporada, um terceiro cavalo precisou ser sacrificado depois de um traumatismo craniano. A HBO se antecipou ao boicote e cancelou a história ali mesmo.”

“Alguns animais FORAM feridos durante as filmagens”

Ben-Hur (1925)

Antes mesmo de “Jesse James” (1939) provocar tamanha comoção na opinião pública por conta do manejo dos cavalos em cena, o clássico custou a vida de um dublê e de cinco cavalos. O diretor assistente B. Reeves Eason queria cenas empolgantes e realistas e por isso não aliviava na velocidade durante as sequências de ação. Ferraduras voando pelo set não eram raridade.

Apocalypse Now (1979)

Um búfalo asiático foi sacrificado de verdade em uma das cenas mais emblemáticas do filme de Francis Ford Coppola. A ação, porém, não foi ilegal. A tribo do coronel Kurtz (Marlon Brando) era real e já tinha marcado o animal para ser sacrificado em um ritual. O diretor resolveu filmar o banho de sangue e foi bastante criticado.

Manderlay (2005)

A continuação de “Dogville”, filmada na Suécia, rendeu controvérsia porque um burro foi morto para ser comido pelo elenco, em cena. John C. Reilly teria abandonado as filmagens em protesto. O produtor Peter Jensen alegou que o animal era velho e estava doente e que foi sacrificado de maneira humana. Depois de todo barulho, a cena foi cortada da edição final.

Água para Elefantes (2011)

Pura ironia. No romance, assim como no longa, a elefanta Rosie sofre nas mãos de um dono de circo sádico. Mesmo assim, a ficção parece ter sido mais fácil do que o treinamento real que Tai, a paquiderme que a ‘interpretou’, sofreu nas mãos dos treinadores da Have Trunk Will Travel, que a cedeu para o filme. Choques, pancadas e ganchos foram mostrados em um vídeo divulgado por uma associação protetora. Os produtores alegaram que as imagens foram feitas em 2005. Mesmo assim, não os livra de terem escolhido se associar a uma empresa que utiliza tais métodos.

Luck (2012)

Ambientada nas pistas de corrida de cavalo, a série da HBO tinha nomões como Dustin Hoffman e Nick Nolte no elenco e Michal Mann na produção, mas mesmo assim teve vida curtíssima por conta de problemas com os animais. No primeiro ano do seriado, dois cavalos morreram em cenas de corrida. Ainda assim, resolveram dar sequência à história, alegando que na ‘vida real’ essas fatalidades aconteciam em uma frequência bem maior. No início da segunda temporada, um terceiro cavalo precisou ser sacrificado depois de um traumatismo craniano. A HBO se antecipou ao boicote e cancelou a história ali mesmo.

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