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 | Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo

Tem gente que acha que eu sou otimista demais. Eu, depois de anos e décadas de poderosa autoanálise (hehehe) cheguei à conclusão de que quase todo mundo que a gente chama de pessimista por aí é uma de duas coisas. Ou um otimista de fundo, que acha que tudo devia ser fofo e aí reclama da realidade, ou alguém que quer posar de sofisticado.

Porque é fato que catastrofismo dá Ibope. Nós somos macaquinhos sádicos que parecem ter prazer em apontar o local onde o castelinho de areia vai ruir (porque um dia ele VAI ruir, e aí a gente posa de inteligente e profético). Porque é a lei da entropia, né? Tudo, no fim, vai dar em nada, em caos, em merda, em morte…

Logo, se eu ficar olhando e dizendo “ih, mas isso vai gorar”, uma hora eu acerto.

Meu polianismo sai de um bem estabelecido pessimismo de base. Se você olha direitinho, bem podia ser que esse castelo tivesse caído 31 vezes, por motivos diferentes. Não é incrível que ainda esteja de pé?

Tem um prefácio do Richard Dawkins em que ele fala que reclamar da brevidade da vida, ou da morte, é simplesmente esquecer que, em termos estatísticos, você ter nascido é quase uma impossibilidade. Tipo, TODOS os ancestrais que geraram a tua exata combinação de DNA tiveram que sobreviver até terem descendentes e etc.. UM equívoco e babaus. Adeus Caetano.

Um espermatozoide mais lerdo e babaus, bem vindo Gaetano.

A questão, portanto, é que se você compara a vida na terra a uma hipotética eternidade no paraíso, isso aqui pode parecer pouco, mero, mixo.

Mas se a alternativa era o NADA, a não existência, ora, viver uns anos aqui é tipo “aproveite o passeio, miga!”

Está vendo? Otimismo advindo do pessimismo.

Tipo pare de reclamar.

E tudo isso, hoje, aqui, por causa do golfinho argentino. Aquele que teria sido morto por turistas que quiseram tirar selfies com o bicho e o arrancaram da água.

E que na verdade já estava morto quando foi encontrado. Que na verdade os banhistas, sem noção, ainda quiseram salvar. Aquele, daquele vídeo em que NINGUÉM está tirando selfie!

Agora, por que é que a notícia autoconfirmadora do nosso catastrofismo e da estranha tendência de certos seres humanos a se considerarem elfos, grifos, vogons, klingons e saírem cuspindo que “o ser humano não presta mesmo”… por que será que essa notícia varou o Facebook em segundos, e a outra, a de que a coisa era uma manipulação malvadinha de alguém que realmente não presta, passou bem piano, quase sem ninguém ver?

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