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 | Ricardo Humberto/
| Foto: Ricardo Humberto/

Dia desses topei com um treco no site de um jornal. Não este jornal aqui. Aquele, de São Paulo, que se pretende tipo o grande jornal do Brasil.

Faz tempo que a coisa por lá anda feia, em termos de qualidade geral. Qualidade de produção de conteúdo mesmo. Claro que ainda tem muita gente muito boa por lá. Só na área cultural, que eu conheço um tanto melhor, já podia citar vários nomes de que me orgulho. Claro.

Mas a média…

Mesmo assim, esse treco que eu vi acho que semana passada, pra mim, bateu recordes.

Era o anúncio (mal disfarçado de notícia) do “espetáculo” de um “mentalista” (desculpa a quantidade de aspas) chamado Lior Suchard. Alguém que, segundo a jornalista, era considerado (lá vem as aspas de novo) “o novo Uri Geller”.

Peralá.

Alguém pagar pra ver o show de um sujeito que declara entortar talheres com a força do pensamento já está além da minha capacidade de compreensão. No ano da graça de 2016. Mas o jornal cobrir sem nem rir?

A reportagem ainda se esforçava para dizer que houve quem questionasse Geller lá nos anos 70. Mas, com base em uns relatos que andam inundando a internet, a respeito de documentos da CIA que nunca foram avaliados por observadores externos (porque, vem cá, acho que a gente já passou da idade de acreditar que a CIA não se engana, né armas químicas?), meio que insinuava dar credibilidade aos “poderes” de Suchard.

Que fique claro. Em NENHUMA ocasião, até hoje, um médium, psíquico, telecinético ou qualquer outra coisa conseguiu demonstrar seus poderes diante de painéis bem constituídos de cientistas e mágicos. Nenhuma.

E, sim, precisa ter um mágico no painel.

Não é à toa que, além do merecidamente famoso James Randi (citado no texto da folha), mágicos como a dupla Penn & Teller ou o inglês Derren Brown tenham sempre estado na linha de frente do que se chama de “debunking”. A preciosa tarefa de acabar com as afirmações falsas de quem afirma ter poderes especiais.

Houdini já fazia isso, lá no começo do século XX.

Aqui no Brasil o trabalho ficou famoso com o Padre Óscar Quevedo, que era tão figura que acabou virando piada. Mas realizou bastante coisa na área e escreveu um livro que, por algum motivo, a biblioteca da minha escola tinha quando eu estava com uns 13 anos. O livro que me viciou nisso de questionar místicos.

O sujeito fazer o que faz um David Blaine e declarar que aquele efeito é fruto de anos de prática e de engenhosidade é “mágica”. E, na minha opinião, é mágico, no sentido pleno do termo.

Acho lindo.

O que Geller, Suchard e súcia fazem, a troco de dinheiro, é fazer mágica e dizer que isso vem de dons sobrenaturais. Está ali com o Doutor Fritz.

No meu mundo isso seria crime. Ponto.

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