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 | Ingrid Skåre/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Ingrid Skåre/Especial para a Gazeta do Povo

Avantagem de escrever uma coluna, além de servir de diário, é fazer uma espécie de terapia pública. E parece que algumas pessoas até leem, pelo que agradeço.

Vou direto ao ponto que preciso trabalhar, que são minhas gafes. Verão que Freud tinha razão: elas revelam muito das intenções e personalidade da pessoa. Geralmente não estão enraizadas em nenhuma má fé, e sim num intenso desejo de agradar e num pânico de se constranger.

O pior combo é o gafista com elevada autocrítica. Sofre mais. Vamos ver se alguém me supera:

1.Ofereci um vinho “camembert” a um amigo fino.

2.Chamei uma atriz de “aquela gordinha”. Tempos politicamente corretos não permitem nada parecido.

3.Troquei o nome de um alto industrial do ramo madeireiro. São coisas que parecem pequenas, mas experimente trocar o nome de um alto industrial.

4.Sempre me meto na conversa dos outros. É mais forte do que eu. Não é essencialmente uma gafe, mas serve para contabilizar aqui.

5.Perguntei ao diretor Gabriel Villela quem ele era.

6.Perguntei ao diretor Gerald Thomas quais eram seus planos em Curitiba. Ele respondeu: “Morrer caído na 7 de Setembro”. Acho que ele não gosta de falar sobre seus planos.

7.Questionei a coloquialidade de nosso über colunista, Caetano Galindo. Depois descobri que o escritor que ele traduz, David Foster Wallace, já elevou isso a um outro nível literário, criando uma espécie de ramo na escrita. E eu estar dizendo isso aqui é provavelmente outra gafe.

8.Escrevi uma coluna sobre minhas gafes.

9.Só pesquisei sobre as gafes no final desta lista. E descobri que elas revelam estresse e descontrole sobre os pensamentos. Não sei se vai pegar bem para mim.

10.Não encontrei pontos suficientes para fechar 10.

Falando em estresse, tem gente que acha chique estar atarefadíssimo. Já eu não estou ficando mais elegante, pelo contrário. Produz uma série de sintomas e gostaria de saber se estou ficando louca:

1.Dormi com a chave para fora da porta.

2.Deixei o carro no estacionamento e voltei de ônibus.

3.Escrevi uma coluna sobre minhas gafes.

4.Estou me repetindo.

5.Agora entramos numa seara séria. Atrasei o horário do antibiótico. Do bebê.

6.Sempre pago as cobranças de imposto extra que chegam pelo correio. Depois descubro que não devia ter feito isso. É estresse?

7.Mas também tem coisas ainda mais azaradas e que não aconteceram comigo, como dar R$ 100 dobradinhos para um guardador de carros achando que eram R$ 2.

8.Ainda não coloquei café na granola e sal no café.

9.Por favor me diga que o passo seguinte não é esquecer o bebê no carro.

10.Tenho agora duas semanas para relaxar e pensar em outro tema melhor de coluna. Até lá!

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