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 | Miguel Nicolau/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Miguel Nicolau/Especial para a Gazeta do Povo

Parece paranoia das brabas, mas é a mais pura verdade: no seio dos departamentos de biologia das melhores universidades do mundo, e também numa rede de institutos que se ocupam de estudar o futuro da raça humana, há uma linha de pesquisa inquietante.

Antes de prosseguir, duas questões: há um futuro? A outra: não é reconfortante saber que existe gente se dedicando a este nobre ofício? Pois folguem os senhores: existe inclusive um Future of Humanity Institute na universidade inglesa de Oxford. Valeu, rapaziada.

Voltando ao tema, não me incomodam os suspeitos habituais: nanotecnologia fugindo do controle, escassez de água nos reconduzindo à barbárie e outras catástrofes postas à mesa há tempos.

O problema que me aterroriza pode ser assim descrito: a medida que invadimos, desmatamos, poluímos e deixamos imprópria à vida selvagem uma parcela cada vez maior do planeta, qual será a inevitável resultante da maior exposição humana à fauna realmente selvagem? Ele me foi apresentado num ensaio do escritor John Jeremiah Sullivan publicado no livro Pulp Head, O Outro Lado da América.

A resposta, o gênio do Hitchcock já sabia há 50 anos: os animais tem todos os motivos para nos odiar e, se pudessem, nos matariam. O que ele não sabia (e hoje se sabe, está tudo lá, na internet) é que a medida que a evolução avança eles estão mais aparelhados para o grande dia da vingança.

Dizem que tudo começou numa grande seca na Somália no início do século. Um exército de centenas de chimpanzés sequestrou dois carros pipa que abasteceriam uma região remota. Os símios conseguiram manejar os registros e tomaram ou contaminaram toda a água, após matarem a pedradas alguns corajosos aldeões que os enfrentaram. Desde então há uma contrarrevolução em marcha. Devemos desconfiar dos mais espertos: os golfinhos e os macacos.

A ciência ainda olha com reservas estas teorias e tomam seus arautos por charlatões e “zés do apocalipse”. (Ora, a ciência, eles não me enganam com seus aventais. Eles, no fundo, não querem que ninguém saiba, eu já vi nos filmes... são parte do esquema.)

O certo é que, de lá para cá, o comportamento dos animais está mudando. Matilhas de lobos invadem cidades na Sibéria, arraias matam ao vivo apresentadores de tevê. Uma rebelião de dragões-de-Komodo fez vítimas na Indonésia, bandos de ursos embriagados espalham o terror em parques americanos, elefantes atacam pessoas na Índia. (Amigo, não sei se você já viu um elefante atacar um homem. Digamos que a treta é levada “pro pessoal”).

Mas não é só isso, os antes pacatos leões-marinhos puxam pescadores ao mar, castores e lebres já mataram gente. Há uma lacraia que produz cianureto, enfim... A pergunta que fica é: porque eles nos odeiam tanto?

Jeremiah respondeu: eles não podem ter nossos polegares, nossos cortes de cabelo com gel, nossos quartetos de cordas, nossos filmes que ganham milhões no primeiro fim de semana, nossas armas. A ciência diz que é paranoia? Ela não viu o jeito estranho com que meu cachorro tem me olhado...

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