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Catherine Cawood (Sarah Lancashire) é uma policial quarentona, heroína do seriado britânico | Ben Blackall/Photograph
Catherine Cawood (Sarah Lancashire) é uma policial quarentona, heroína do seriado britânico| Foto: Ben Blackall/Photograph

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Happy Valley

Netflix

Eis a receita de Happy Valley, disponível no já bom e velho Netflix: um punhado generoso de humor britânico, uma heroína fora dos padrões, um roteiro que flerta com o thriller e vida curta – são apenas seis episódios, daqueles que você vê em uma sentada e que não concedem espaço para enrolações e desdobramentos rocambolescos.

A pacata Yorkshire, no noroeste da Inglaterra, é o cenário para o drama que encontra numa protagonista fora dos padrões seu ponto de partida. Pois se sabe que o arquétipo mais facilmente reconhecível das heroínas quase sempre tem a ver com força, destreza, coragem, beleza e sedução. Nada a ver, portanto, com Catherine Cawood (Sarah Lancashire), uma policial local de quase 50 anos, recém-divorciada, que cria o neto, um garoto que dá muito trabalho e que, digamos, não é bem quisto.

Catherine é uma profissional respeitada, mesmo quando sua tarefa é convencer um garoto lisergicamente fora de controle que não há crocodilos no chão de uma praça. Seu ex-marido é um jornalista prestes a perder o emprego – "está tudo na internet, não precisam mais de nós! –, mas é com o passado que a senhora ainda presta contas.

Sua filha, sabemos, foi estuprada pelo adolescente Tommy Lee Royce (James Norton), e se matou em decorrência do trauma. O criminoso, após cumprir um período da pena, está novamente nas ruas. Catherine sabe que irá encontrá-lo, só não imagina que em situação tão peculiar.

Na região rural do condado, um descuido acaba por revelar que um locatário de trailers está traficando drogas. Um contador "chato e irritante", que há algum tempo havia pedido em vão aumento de salário para seu chefe, percebe. Rebuliços e tratativas depois, um sequestro é armado para "pagar as contas." A filha do chefe – bancário, ricaço – é o alvo. Há muitos envolvidos, entre eles o próprio contador (Steve Pemberton, espetacular) e Tommy Lee Royce, um sujeito frio, violento e desajustado.

Com a ajuda de mais dois comparsas inexperientes, Tommy extrapola o combinado. O contador pratica extorsão, enquanto a filha, como aconteceu com Becky, a menina de Catherine, é abusada. A policial entra na jogada e Happy Valley se transforma em uma pequena Twin Peaks. O thriller tem uma intensidade constante. Não há clímax nem recaídas. Parece mesmo uma (boa) novela das oito, exceto pela ambientação – como chove na Inglaterra! – e pelo humor, algo sarcástico.

Happy Valley (perceba a ironia no nome), com atuações acima da média e um roteiro na medida – tanto no número de episódios quanto nas reviravoltas, diferente do ritmo lento do similar The Killing, por exemplo – é uma tiro curto e certeiro.

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