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Leitor em seu “templo”: livros devem ser cuidados ou curtidos sem restrições? | André Rodrigues/ Arquivo/ Gazeta do Povo
Leitor em seu “templo”: livros devem ser cuidados ou curtidos sem restrições?| Foto: André Rodrigues/ Arquivo/ Gazeta do Povo

"Livros são pra usar." Escuto essa afirmação de forma recorrente. Já ouvi vários professores e acadêmicos falando isso. Todos com bibliotecas gigantes abarrotadas – e com obras rabiscadas/sublinhadas com lápis. Que dó, que dó!

Felizmente, convivo com muitos leitores. Dos mais variados tipos – dos maníacos pela integridade da página até os que parecem terem enfiado o livro no meio de um furacão.

São três os motivos que me levaram a escrever esse texto. Eis:

O primeiro foi um seco "não" para um colega. Ele comentou um texto sobre Carta a.D – História de um Amor, de André Gorz, sobre o qual já escrevi nesse espaço, e o pediu emprestado. A resposta foi impulsiva. Ele me olhou com uma cara até meio desacreditada por causa da negativa. Na sequência, me desculpei, e expliquei que não empresto certos livros. Esse em questão é uma edição muito bonita feita pela Cosac Naify (já esgotada). E também foi um presente, com dedicatória. Quero guardá-la só para mim.

O segundo motivo é que convivo com um amalucado por livros, não só por comprá-los (mesmo sem nenhuma fresta sobrando nas estantes), mas também por mantê-los sempre impecáveis. Ele tem certos livros que não são carregados em mochilas ou sacolas, e uma quase imperceptível dobrinha no cantinho da capa já é motivo para descontentamento. Outra regra: sempre ler com as mãos limpas, e nada de abrir aquela página branquinha em um lugar muito poluído/sujo. A marca dos dedos ficam nas páginas, garante ele.

Um dia, ele quebrou uma regra: emprestou uma obra para uma colega. Por azar, algumas páginas voltaram um pouco manchadas – até hoje, comenta em comprar o mesmo livro, novo, sem as tais manchas.

O pior é que eu também adquiri vários transtornos obsessivos compulsivos com livros. Muitos, procuro não carregar na bolsa. Alguns, dependendo da edição, é melhor serem lidos apenas em casa mesmo. O único pudor que ainda não tenho é marcar as páginas com a orelha do livro. Nem sempre, lembro de carregar o marcador. Me chateio quando o livro não tem orelha. E aí, como faz? Quando criança, eu fazia uma dobra na página. Hoje, jamais.

"Furacão"

Vamos para o terceiro tópico: tenho um outro colega, também leitor assíduo, mas bem desapegado do livro como bem material – aliás, ele é conhecido por aí por ler andando (sim!). Ele lê numa velocidade espantosa, de dar inveja (eu sou meio lerda, admito), e, às vezes, chega com os livros novos num estado de dar dó. Pela cara dos pobres, eles devem tomar sol, chuva, às vezes, até uns goles de vinho. Devem passear livres por mochilas, acompanhá-lo no futebol, no bar... pensando assim, os livros do meu colega devem ser bem mais felizes que os meus, que repousam bonitinhos na estante e saem do lar em raras ocasiões.

Estou curiosa para saber qual a sua mania com o livro: prefere o estilo "engomadinho" ou "descolado"? Têm manias? Ficarei feliz se o leitor me escrever.

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