• Carregando...
Cena de A Dona da Ilha, filme exibido no domingo (26). | Divulgação
Cena de A Dona da Ilha, filme exibido no domingo (26).| Foto: Divulgação

Eventos culturais realizados “na raça”, sem interesse financeiro, não são coisa de outro mundo em Curitiba. Há pequenos festivais musicais, projetos pontuais sobre literatura, e diversos cineclubes, por exemplo, que realizam sessões e debates simplesmente porque gostam do que fazem. Algo interessante acontece quando a dedicação “passional” se une ao profissionalismo – e por consequência ao sucesso de público. É este o caso do Fidé – Festival Internacional do Documentário Estudantil – que aconteceu no último fim de semana em Curitiba. E foi um barato.

Na Cinemateca, com apoio da Fundação Cultural de Curitiba, foram exibidos 23 filmes de 12 países. A entrada era franca – na hora de retirar o bilhete, pedia-se uma contribuição espontânea. Todas as sessões estavam lotadas, e na mais concorridas pessoas se sentavam no chão. Na abertura, na sexta-feira (24), foi exibido o espetacular Homem Comum, de Carlos Nader – mesmo sujeito que realizou o documentário Eduardo Coutinho, 7 de Outubro, sobre o diretor de Edifício Master (2002). Tridimensional em sua narrativa, o filme vencedor da edição 2014 do Festival É Tudo Verdade é uma aula de montagem. Conhecemos a história de Nilson de Paula, um caminhoneiro que transporta porcos. Nader filmou sua vida “comum” por 20 anos. Paralelamente ao filme “principal”, o diretor paulista insere cenas de duas outras obras: o longa dinamarquês Ordet (1955), de Carl Theodore Dreyer, e um filme realizado pelo próprio diretor para estar no documentário: Life, The Dream (2012). As histórias são quase as mesmas: uma família com uma mulher grávida e um homem “maluco” que faz questão de alertar a todos sobre a possibilidade de a morte estar próxima. Com o artifício ousado, Nader se aproxima de uma espécie de vídeo-arte, mas sem perder a visão humanista e solidária em relação a seu personagem principal.

A exibição de Superjednostka, da diretora polonesa Tereza Czepiec, que compareceu à sessão, uma exposição fotográfica e um debate sobre o cinema documental marcaram o sábado (25). No domingo, houve o especial DocNomads, exibição de trabalhos do master em documentário realizado na Hungria, em Portugal e na Bélgica. Destaque para o cativante A Dona da Ilha, de Asia Dér; para o sensível Walls, de Miguel López Beraza; o importante Dois na Fronteira, de Felicitas Sonvilla e Tuna Kaptan (sobre o tráfico de pessoas na fronteira entre a Turquia e a Grécia); o curioso Onni, de Sanna Liljander e o poético Gli Immacolati, de Ronny Trocker.

O musico e escritor Luiz Felipe Leprevost fez um pocket show no intervalo entre as sessões. Cafezinho e sanduíches também estavam à disposição. Com curadoria exemplar e sucesso de público, o Fidé se consolida como um importante e democrático evento cinematográfico. Para 2016, reivindica naturalmente mais espaço, inclusive em outras salas da cidade.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]