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O cantor Emmerson Nogueira | Divulgação
O cantor Emmerson Nogueira| Foto: Divulgação

Serviço

Emmerson Nogueira. Sábado (13), às 21h. Teatro Positivo (R. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300). Entrada: filas 01 a 15 – R$ 70 (meia-entrada). Filas 16 a 28 – R$ 50 (meia-entrada). A meia-entrada é para estudantes, maiores de 60 anos, doadores de 1 kg de alimento não-perecível e de sangue. É obrigatória a apresentação do documento previsto em lei que comprove a condição do beneficiário, na compra do ingresso e na entrada do teatro. Pagamento somente em dinheiro. Pontos de venda: Disk Ingressos. Informações: (41) 3315-0808 ou 3317-3107.

O mineiro Emmerson Nogueira, conhecido por suas versões de músicas populares, traz o show "O Clássicos dos Clássicos" para o Teatro Positivo, Curitiba, neste sábado (13). Sobre seu trabalho, o cantor falou sobre a responsabilidade de não apresentar inéditas ao público, mas sim canções clássicas de bandas consagradas. "Depois de um tempo, acho tudo ruim", disse Nogueira. O cantor afirmou, no entanto, que acha o sentimento algo positivo para o seu trabalho. "Eu sempre tenho certeza que fiz o máximo que eu podia", completou.

Em seu trabalho mais recente, chamado "Dreamer", Nogueira abusou de canções que não são populares entre o seu público. "Isso foi um risco. Apesar da música não ser inédita, acaba soando como inédita para as pessoas no Brasil", disse ele, que colocou no repertório do álbum a música "Daniel", do australiano Lior. "Foi uma maneira de estar evoluindo no meu trabalho", explicou.

Ele disse que muito do preconceito ao seu trabalho é por conta do desconhecimento. "A gente nem briga para as pessoas reconhecerem ou não o que é cover, mas ficamos chateados quando alguém que não conhece fala sobre isso", disse.

O músico explicou que, na maioria das vezes, cover é tido como o artista que canta exatamente como está na gravação do CD, algo que difere do seu trabalho. "É mais fácil criar uma coisa nossa, mesmo que seja uma música de outra pessoa, do que tocar igual a pessoa toca, principalmente se tratando de clássicos como Pink Floyd, Eagles, Led Zeppelin. O desafio é maior ainda", completou.

Nogueira explicou que, para ele, "tem como você ser artista da maneira que você se identifique". Um exemplo foi o baixista Arthur Maia, que segundo ele, é conhecido por ser um grande músico, mas não por seu trabalho autoral. "A própria Elis Regina, quando começou a carreira, cantava interpretações de outras pessoas", completou. "Eu acho que você faz a sua própria história dentro de cada caminho que você escolhe", desabafou Nogueira.

Confira a entrevista na íntegra:

Você é conhecido por não apresentar apenas simplesmente covers, mas sim uma recriação de certas canções com o seu estilo próprio. Foi difícil colocar a sua personalidade sem ter um trabalho de composições próprias?

Na verdade, até hoje ainda é difícil para algumas pessoas engolir isso. Se eu gravasse um disco de músicas nacionais e regravasse uma música do Legião Urbana, não seria cover. Mas como é um disco internacional, aí vira cover. É um pouco confuso toda a história do cover. A gente nem briga para as pessoas reconhecerem ou não o que é cover, mas apenas ficamos chateados quando alguém que não conhece fala sobre isso. Você já viu como toca, já assistiu a um show, já viu como funciona todo o esquema? O mais importante para a gente é que as pessoas conheçam o trabalho e depois definam o que gostariam de chamar, de cover ou não.

Você acredita que o fato de serem músicas em inglês faz com que o preconceito seja maior?

Mais do que preconceito, eu acho que gera desinformação. Às vezes a pessoa fala sem saber, nem é por preconceito. Normalmente o cover no Brasil é a banda que toca igual ao CD, e existem milhares de bandas maravilhosas assim. E eu acho até mais complicado tocar igual do que tocar do jeito que a gente toca. Nós tocamos exatamente como pegamos a música ali no violão. É mais fácil criar uma coisa nossa, mesmo que seja uma música de outra pessoa, do que tocar igual a pessoa toca, principalmente se tratando de clássicos como Pink Floyd, Eagles, Led Zeppelin. O desafio é maior ainda.

Existem muitas cantoras respeitadas na música brasileira que são apenas intérpretes, e não necessariamente cantam suas próprias canções. Hoje em dia, existe uma valorização muito grande em relação a um artista que cria um trabalho autoral. Você acha que tem como você ser um bom artista e não compor o trabalho próprio?

Eu acho que tem como você ser artista da maneira que você se identifique. O cara pode ser um super músico e apenas tocar com outras pessoas e não ser nem conhecido. Por exemplo, o Arthur Maia. Ele é um artista que toca com um dos maiores músicos do país. Ele é um artista que tem as composições próprias instrumentais, mas é conhecido como o grande baixista que é. Eu acho que você faz a sua própria história dentro de cada caminho que você escolhe. Eu não conheço tanto a carreira dela, mas a própria Elis Regina, quando começou a carreira, cantava interpretações de outras pessoas. Só que ela era mais agressiva, e pegava compositores não conhecidos. Era o caso do João Bosco e outros que ela pegou. Mas até então era outro mercado, outra época. Hoje, é mais complicado você sair garimpando no interior, pegar um cara desconhecido do Nordeste e vou gravar um disco inteiro dele. É complicado, é difícil, porque tem muita coisa. Você não só pode estar cometendo uma injustiça, como pode estar cometendo uma grande burrada também. Tem muita coisa boa, mas às vezes é até difícil você convencer essa pessoa a liberar uma música para você, até pelo fato dela também querer ser um artista solo um dia. O cara pensa: "mas e eu? Se você estourar com a minha música, quem vai ficar conhecido é você". Acontece muito isso.

O seu mais recente trabalho, "Dreamer", foi descrito como o seu hit parade pessoal. Como foi o processo de escolha de repertório e criação deste álbum?

Foi descrito assim justamente por ter algumas coisas não muito conhecidas. Tem um australiano chamado Lior, que tem uma música chamada "Daniel", e ele nunca tocou na América Latina e poucas pessoas conhecem. Talvez eu tenha sido um dos primeiros a divulgar o Lior no Brasil. Isso foi um risco, foi uma coisa diferente no meu trabalho, porque apesar da música não ser inédita, acaba soando como inédita para as pessoas no Brasil. Junto com Lior tem outras bandas que eu gravei como Ben Folds, que também não é tão conhecido.

Isso foi proposital, para que o trabalho se distanciasse do título "cover"?

Eu acho que sim, foi uma maneira que eu criei de estar evoluindo no meu trabalho. Pelo menos eu acho que para mim é. Eu estou gravando músicas não tão conhecidas, que não era a marca dos meus discos. Isso se transformou para mim numa evolução e num desafio.

Neste álbum, você incluiu uma faixa própria. Por que você fez essa escolha?

Na verdade, no DVD, eu já havia colocado algumas músicas instrumentais minhas. E eu achei legal, pois não vemos no Brasil muitas faixas instrumentais. O Legião Urbana colocava algumas "vinhetinhas" e eu sempre gostei muito. Eu lembrei disso quando estava fazendo o disco. Estávamos numa dúvida cruel para escolher a última faixa e escolhi fazer uma instrumental. É uma maneira de colocar uma identidade própria real. Uma música inédita é uma música inédita.

Seria essa uma tentativa e quem sabe pequeno passo para um próximo álbum apenas de composições suas?

Na verdade, é possível que tenha mais instrumentais no próximo trabalho. A probabilidade de eu fazer um disco instrumental de viola caipira, que eu acho bacana, é maior do que eu inserir coisas com letras.

O show que você apresenta em Curitiba neste mês é "O Clássico dos Clássicos". Muitos artistas dizem que músicas consideradas clássicas são difíceis de adaptar, atualizar e mudar. Foi difícil?

Eu acho sempre difícil. Depois de um tempo, eu acho tudo muito ruim (aos risos). De certa forma, quando eu acho ruim eu entro em depressão e depois eu acho bom. Se eu estou achando ruim é sinal que eu posso tentar fazer melhor. Mas tentar é uma palavra que você pode usar sempre. Eu sempre tenho certeza que eu fiz o máximo que eu podia. Eu tento usar isso para tentar fazer o próximo sempre melhor, até mesmo de um show para o outro. A gente toca "Wish You Were Here", do Pink Floyd, desde o primeiro show. A cada show eu tento fazer melhor, não só pelo fato de ser uma música maravilhosa, mas também por eu ter ouvido o Pink Floyd tocar essa música de milhões de maneiras diferentes e sempre com um bom gosto absurdo. Porém, a música é deles, e no nosso caso não. É a música de uma banda consagrada, e a responsabilidade é sempre muito grande.

O que você acha que a sua interpretação acrescenta a estes clássicos?

Eu acho que tem um pouco do lado brasileiro. Se a pessoa for ao show do Pink Floyd, ela vai ter um show infinitamente melhor do que o nosso, sem dúvida. Mas o fato dela estar vendo a gente ali, ela está muito mais próxima da gente. Eu acho que a gente traz essa coisa do brasileiro, do estar ali, falando em português, conversando durante e depois do show. Traz aquela música um pouco mais perto da pessoa.

Alguns artistas como o Supertramp são recorrentes nos seus lançamentos. É um dos seus favoritos?

Supertramp sempre foi a minha principal banda. Eu tenho todos os CDs, tenho piano que eles usavam. Tenho algumas coisas de maluco, de colecionador. A guitarra que eu uso no show é a mesma que era usada nos shows. Eu tenho essas manias. E no novo disco, a gente estava fazendo só com coisas mais atuais. No meio do disco eu surtei, pois ia ser o primeiro disco que eu não ia gravar Supertramp. Surtei tanto que eu coloquei o nome do disco de "Dreamer", que é uma música do Supertramp. O nome do disco e a música colocada no disco não tem nada a ver com a história do disco, mas tem a ver com a história do meu trabalho. Foi uma maneira de homenagear o meu trabalho, e o "Dreamer" tem aquela coisa do sonho, de continuar fazendo esse trabalho que, na verdade, é um sonho para muitos músicos e para mim também.

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