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Virgilio Savarin, há mais de três décadas cercado por discos, CDs e DVDs: “A música é minha cachaça” | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Virgilio Savarin, há mais de três décadas cercado por discos, CDs e DVDs: “A música é minha cachaça”| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Top 5

Confira a seguir os cinco álbuns escolhidos por Virgilio Savarin para compor uma discoteca básica destinada aos jovens que desejam conhecer mais sobre rock-and-roll.

1) Houses of the Holy, Led Zeppelin (1973) - O quinto álbum da banda britânica vendeu mais de 11 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos e ocupa a posição 149 no ranking dos 500 melhores álbuns de todos os tempos da revista Rolling Stone.

2) Black Sabbath Vol. 4, Black Sabbath (1972) - Quarto disco da banda pioneira do heavy metal, liderada pelos vocais de Ozzy Osbourne e as guitarras de Tony Iommi.

3) Survival, Grand Funk (1971) - Quarto álbum de estúdio da banda de hard rock norte-americana, também conhecida como Grand Funk Railroad.

4) Crisis? What Crisis?, Supertramp (1975) - O quarto disco da banda britânica de rock progressivo alcançou a 44ª posição no ranking de álbuns pop da revista norte-americana Billboard em 1976.

5) Sticky Fingers, The Rolling Stones (1971) - O nono álbum da carreira da banda de Mick Jaggers e Keith Richards inaugurou o selo The Rolling Stones Records, de propriedade do grupo, e é o primeiro a contar com a presença do guitarrista Mick Taylor na formação.

Todos estes discos podem ser encontrados na Savarin Records (R. Ébano Pereira, 186), (41) 3223-2623 ou no site www.savarin.com.br.

"Música é como alimento. É preciso comer para ficar forte, se manter em pé." É simples assim a relação de Virgilio Savarin, 50 anos, com a música. "Quando alguém me diz que não tem o costume de ouvir música, de comprar discos, eu desconfio. Essa pessoa não deve nem ter coração", completa.

Partindo dessa lógica, Virgilio tem um coração enorme e vive de bar­­riga cheia há quase quatro décadas. Pois foi no início dos anos 1970 que Savarin, aos 12 anos, descobriu a música, quando conseguiu um emprego de office-boy em uma das maiores lojas de discos da cidade na época, a Wings Dis­­cos. "Foi o destino que me colocou lá", explica, lembrando que havia acabado de chegar a Curiti­­ba, vindo de Antonina, com o so­­nho de se tornar um jogador de futebol.

Na Wings, Virgilio fez, além de muitos clientes, amigos que o ensinaram tudo o que ele precisava saber sobre música. "Às vezes, os próprios clientes faziam questão de que eu ouvisse discos de que eles gostavam. Eu sempre tive muito respeito e muito interesse em guardar as informações que eles tinham para compartilhar comigo, pois sabia que eram seus tesouros preciosos", conta.

Em 1983, o "patrão" de Virgilio, como ele chama o ex-chefe até hoje, decidiu encerrar as atividades da Wings Discos. Não restaram dúvidas: era hora de abrir a própria loja. Foi na rua Saldanha Ma­­rinho, perto de onde funcionava a Wings, que teve origem a Savarin Records, loja que Virgilio mantém até hoje. "A loja ganhou destaque graças a um sistema que eu inventei. As pessoas que tinham discos de vinil de que não gostavam mais em casa, poderiam trocá-los ou vendê-los na loja. Fui o primeiro a fazer isso", orgulha-se o empresário, citando o principal tipo de comércio que move os diversos sebos hoje existentes em Curitiba.

Segundo Virgilio, a Savarin também foi pioneira em vender CDs na cidade, em uma época em que era difícil encontrar no comércio os aparelhos que os tocavam. "Fui para Miami comprar discos para a loja e o vendedor me mostrou alguns CDs, dizendo: essas pequenas caixinhas vão acabar com o disco de vinil". Mesmo não acreditando na profecia do norte-americano, Savarin trouxe alguns exemplares para seu estabelecimento. Um dos primeiros clientes a perceber a novidade, estranhou quando viu aquelas "caixinhas" posicionadas lado a lado com uma estampa parecida – tratava-se de uma coleção de música clássica. "Vai começar a vender quadros de de­­­coração, Savarin?", perguntou o cliente, desavisado.

Modernidade

E esta foi apenas uma das "revoluções" tecnológicas vividas por Vir­­gilio ao longo de suas décadas co­­mo amante e comerciante de mú­­sica. A mais recente, inclusive, pre­­­judicou bastante seu negócio. "A nova geração já não compra CDs ou discos. Eles baixam as mú­­­sicas da internet. Não se importam sequer em ver as capas dos álbuns que estão ouvindo", lamenta.

Mesmo com uma certa "birra" de computadores, a Savarin Records possui um site bastante completo na internet, onde é possível adquirir os produtos disponíveis na loja ou encomendá-los. "Isso foi ideia do meu filho. É ele que atualiza todos os dias", justifica, apontando para Adriano, filho mais velho, que trabalha com ele desde os 16 anos. "Minha lembrança de infância é do meu pai chegando em casa com pilhas de discos. Lembro dele limpando os vinis e colocando plásticos nas capas", conta Adriano, que pretende seguir o legado do pai e manter a Savarin viva. "Enquanto existirem pessoas com bom gosto musical, a loja vai continuar funcionando", garante o pai.

Fã do rock setentista que marcou sua juventude, Virgilio divide com os filhos – além de Adriano, de 29 anos, a família é composta pelos gêmeos Tiago e Diogo, de 24 – a paixão pela música e a coleção imensa de LPs e CDs: são 5 mil vinis e 3 mil discos laser. Os jovens clientes da loja também acabam compartilhando o amor de Sa­­va­­rin pela música. "Esses dias, um garoto de 16 anos veio aqui em busca de um disco do Jethro Tull. Fui perguntar a ele de onde conhecia o grupo e fiquei emocionado ao ver que ele estava seguindo os passos do pai, que havia mostrado a banda. Na hora pensei: nem tudo está perdido", desabafa.

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