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Grupo Galpão em Os Gigantes da Montanha, de Piradello | Jorge Mariano / Clix
Grupo Galpão em Os Gigantes da Montanha, de Piradello| Foto: Jorge Mariano / Clix

Mais de 500 pessoas se aglomeravam na estrutura montada pelo Sesi na Rua, no bebedouro do Largo da Ordem, à espera do espetáculo "Os Gigantes da Montanha", do renomado Grupo Galpão, de Minas Gerais. Às 19h45, com 15 minutos de atraso, o público começou a bater palmas e gritar: "Começa! Começa!". Era grande a ansiedade pela peça com texto de Luigi Pirandello e direção de Gabriel Villela, em sua terceira participação na companhia como diretor.O texto, uma fábula que Pirandello deixou inconclusa ao morrer, foi escolhido por Villela e trata da chegada de uma decadente trupe de teatro a uma vila de seres fantasmagóricos. No lugar, magia e sonho sempre estão presentes, e a companhia mambembe se perde entre realidade e fantasia. O desafio dos artistas é apresentar o espetáculo "A fábula do filho trocado" aos gigantes da montanha, seres bestiais e de índole assustadora.

Quando teve início, soando a belíssima Fascinação na voz de Regina Duarte, o espetáculo prometia emoção e encantamento. Não decepcionou, mas comoveu mais pela beleza plástica do que pelo enredo.

O cenário formado por sombrinhas com penduricalhos, máscaras repletas de detalhes, belos tecidos e luzes bruxuleantes era uma obra de arte por si só. Os figurinos e maquiagem revelavam o esmero da companhia com a apresentação. Mas se no aspecto visual sobravam pompa e circunstância, a linguagem não-linear e a dificuldade de compreensão da trama deixaram a desejar.

O texto de Pirandello é de difícil digestão, e a opção por uma montagem não-linear prejudicou ainda mais o entendimento do público. O elenco disputava a atenção da plateia com ruídos da rua e vozes alheias à peça, e muito do que foi dito se perdeu. A falta de movimentação e o tom discursivo deixaram algumas cenas repetitivas e enfadonhas.

O espetáculo pretendia fazer uma crítica sobre a desvalorização do teatro em tempos materiais e pragmáticos, mas não logrou que essa reflexão chegasse ao público.

Pontos altos foram as execuções em coro de canções italianas e a cena em que o poeta apaixonado se enforca. O ato em que uma personagem dá a luz a inúmeros filhos provocou muitos risos.

Ao fim de um solo musical, um dos atores bradou "Fora, Feliciano!", arrancando fervorosas palmas da plateia. Neste momento, sim, a companhia conseguiu dialogar com os espectadores.

Apesar do texto intrincado, a complacência do público foi grande. Quem assistia riu em momentos que não eram cômicos e ovacionou o Grupo Galpão ao final do espetáculo.

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