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Com o fim do mandato do atual governo do Paraná e, provavelmente, devido ao encurtamento de verbas, o Museu Oscar Niemeyer prorrogou o prazo de algumas exposições em cartaz e se abriu para a arte paranaense – historicamente pouco prestigiada pelo museu, haja vista a quantidade bem mais elevada de mostras vindas de fora. Recentemente, o espaço de arte mais nobre da cidade inaugurou a exposição de fotografias Marinhas – Arqueologia da Morte, a segunda individual que o fotógrafo radicado em Curitiba Orlando Azevedo realiza no museu. E, agora, uma mostra coletiva de grande porte marca uma verdadeira invasão paranaense ao prédio arquitetado por Niemeyer.

Estado da Arte: 40 anos de Arte Contemporânea no Paraná – 1970-2010, com curadoria dos críticos e historiadores de arte Artur de Freitas e Maria José Justino, reúne cerca de 150 obras de 80 artistas locais em duas salas do MON, e propõe uma espécie de mapeamento da produção artística contemporânea realizada no estado durante as últimas quatro décadas.

Os curadores afirmam que não há a pretensão de oferecer uma leitura definitiva sobre a produção realizada no Paraná nesse período. "Até porque, em função do formato da exposição, muitos artistas importantes acabaram ficando de fora. O mapeamento não deseja esgotar o assunto, mas sugerir caminhos para a interpretação da produção artística recente no estado, confrontando-a com algumas das principais questões poéticas da contemporaneidade", explica Artur Freitas.

Diante da diversidade poética e da falta de parâmetros rígidos que caracterizam a arte contemporânea, a mostra inclui os mais diversos meios e suportes: há pinturas, ações urbanas, vídeo, fotografia, instalação, grafite, gravura e escultura, entre outras possibilidades. Maria José Justino realizou a curadoria da sala "Poéticas Transitivas", com enfoque mais histórico e obras de artistas que começaram a produzir entre os anos 1970 e 1990, sendo que muitos continuam em atividade até hoje.

Freitas conta que algumas obras históricas foram reeditadas especialmente para a exposição, como, por exemplo, a de Luiz Carlos Rettamozo e do grupo Sensibilizar. No entanto, boa parte das obras da sala pertence a acervos públicos como os do MON, do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC), Museu de Arte Metropolitana (MUMA) e Museu da Gravura.

"Os artistas habitantes dessa sala reacendem o princípio modernista do direito de errar: todo experimentalismo está autorizado. Arte como pesquisa, jogo, contaminação existencial, guerrilha, atitude, pensamento, conhecimento, prazer", escreve Maria José Justino em um dos textos plotados na parede da exposição.

Estão ali, para citar alguns exemplos, o kitsch dos famosos Objetos Caipiras, de João Osório Brzezinski, produzidos na década de 1970; a narrativa noir de Raul Cruz; a colagem sobre madeira do autodidata Antonio Arney; a minuciosidade das gravuras de Denise Roman e a síntese de Carlos Eduardo Zimermann.

Anos 2000

A sala "Expresso 2000", com curadoria de Freitas, aborda a produção mais atual, principalmente, dos anos 2000. Algumas obras foram realizadas especialmente para a exposição, como é caso dos jovens artistas Cleverson Oliveira, Cleverson Salvaro, coletivo Interlux Arte Livre, Joana Corona, Rimon Guimarães e Rodrigo Dulcio, que prepararam intervenções que se realizam diretamente no espaço expositivo.

O curador percebeu, nos últimos anos, uma dedicação de alguns artistas ao que chama de experiência do presente. "Penso naqueles que, sem abrir mão dos problemas da contemporaneidade, nos propõe obras que possibilitam não apenas experiências, o que já é muito, mas uma experiência perceptiva, fenomenológica e intransferível da presença", escreve.

A partir desse recorte, Freitas divide a mostra em eixos fundamentais: o corpo, a pintura, a imagem, o espaço, o urbano, o neopop e o não-lugar.

A exposição conta com um catálogo, ainda em processo de finalização, que reúne textos dos dois curadores e o registro fotográfico das obras da exposição. A mostra traz obras de alguns artistas que já morreram, como, por exemplo, Carla Vendrami (2009), Guilmar Silva (2008), Mohamed (1987) e Raul Cruz (1993).

Serviço:

Estado da Arte: 40 Anos de Arte Contemporânea no Paraná – 1970-2010, no Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico), (41) 3350-4400. De terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas. Até 24 de abril de 2011.

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