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Lemmy, o DJ: resistência no cartório | Divulgação/
Lemmy, o DJ: resistência no cartório| Foto: Divulgação/

Esqueça o rock’n’roll. Lemmy Killmister gosta mesmo é de tocar techno, hip hop, funk, pop e house music. Empunhar um baixo, nem pensar. Ele prefere comandar as pick-ups e botões dos modernos aparelhos dos DJs. Nada de vasta cabeleira e roupas escuras. Usa topete, tênis limpinho e camiseta colorida. Em vez de festivais de rock, garantiu presença no Country Festival, realizado no último fim de semana em Pinhais.

Este Lemmy do mundo bizarro tem 23 anos e nasceu em Curitiba. Seu nome completo é Lemmy Kilmister Camargo Costa e sua profissão é DJ. Foi batizado em homenagem ao baixista do Motorhead, falecido no dia 28 de dezembro do ano passado, por causa dos pais, Valdemir e Debora, fãs talvez em demasia do rockstar.

“As pessoas acham animal, porque tem impacto”, fala sobre seu nome. “Os caras perguntam, ‘mas é sério mesmo?`, e eu curto demais”, conta o DJ, que apesar de aquecer o público sertanejo com pop e hip hop, ouve muito metal. “Meus discos favoritos são o Ace of Spades e o Overkill.”

“Orgasmatron” x “Ai Se Eu Te Pego”

Lemmy, o DJ, porém, conhece os limites. Jamais ousaria mixar a arte de Lemmy, o astro, nas festas onde trabalha. Quem sabe um “Orgasmatrom” com “Ai Se Eu Te Pego”? “Acho que nunca vou fazer. Cada um no seu quadrado, não é mesmo? Como fã de Motorhead, não gostaria de algo assim e acho que os outros milhões também não”, pondera.

O brasileiro já faz algum sucesso. Sua página oficial no Facebook tem quase 3 mil seguidores, a imensa maioria composta por fãs que ele conseguiu animando eventos em Curitiba, sempre tocando, paradoxalmente, qualquer coisa que não seja metal.

As pessoas que o veem girando discos provavelmente não fazem ideia de que ele carrega o nome de uma bandeira universal do rock e jamais devem ter ouvido “Stone Dead Forever” – talvez conheçam “Ace of Spades” ou “Hellraiser”, de alguma festa ou filme de terror. Nem mesmo o cartorário de plantão naquele já distante 1993 fazia ideia de quem era Lemmy Kilmister. “Minha mãe precisou levar um pôster para mostrar como era o nome. O cara não queria registrar, mas ela insistiu: `o filho é meu e o nome é este!’”

A prova: carteira de identidade com o nome de batismoArquivo Pessoal

Quase encontro

O curitibano não conheceu o homônimo famoso, mas circulou pelos mesmos corredores que ele na Pedreira Paulo Leminski, há quase um ano, e esteve em contato direto com os grandes artistas nacionais que estiveram no Country Festival. Estar entre músicos, porém, não é novidade pra ele. “Eu ia nas passagens de som da banda do meu pai. Eu ficava na mesa de áudio do técnico de som. Fiquei deslumbrado com todos aqueles botões e resolvi ir atrás para aprender. Quando me aprofundei no assunto, descobri que eu queria comandar o som e não apenas alinhar para outros tocarem.” Então nasceu a troca de um instrumento musical pelo curso de DJ.

Se o pai e o xará mais famoso são do rock, até aqui a carreira do jovem Lemmy foi marcada por apresentações para uma outra tribo. “Não tenho nada contra o estilo [sertanejo], mas meu segmento é chamado de Open Format. Durante minhas apresentações eu passeio entre o hip hop, funk, pop e house music.” E o que será que o velho Lemmy falaria para o novo ao vê-lo entretendo uma plateia absolutamente diferente das que ele costumava atrair? “Não tenho ideia de como ele reagiria, mas pelo fato de levar música para as pessoas e consequentemente alegria, ele poderia encarar de uma forma boa. Música é uma língua universal.”

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