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Harper Lee reafirma talento único em “Vá, Coloque um Vigia”

Gregory Peck em cena de “O sol é para todos”, baseado no clássico de Harper Lee. | Divulgação
Gregory Peck em cena de “O sol é para todos”, baseado no clássico de Harper Lee. (Foto: Divulgação)

A história que cerca o lançamento de “Vá, Coloque um Vigia” é tão impressionante quanto a narrativa que fez a fama de sua autora, a americana Harper Lee.

Em 1960 ela publicou “O Sol é Para Todos”, que se tornou um clássico e, conforme declarou a própria escritora, seria sua única e definitiva obra.

Mais de cinco décadas depois, eis que o mundo é surpreendido com um segundo livro, baseado nos mesmos personagens.

Melhor que o primeiro? Seguramente não, mas uma prova incontestável do talento único da autora.

“O Sol é Para Todos” conta a história de Scout Finch, uma garota que vive em Maycomb, cidade fictícia do sul dos EUA, na primeira metade do século 20. Ela é filha do advogado Atticus Finch e vê o pai enfrentar a ira dos moradores ao defender um negro acusado de estupro. Com uma narrativa ao mesmo tempo simples e rica em detalhes, Harper Lee constrói uma trama que aborda questões como preconceito, caráter e injustiça.

Mesmo após o livro se tornar um best seller, a escritora se manteve reclusa em sua cidade natal, Monroeville, onde, aos 89 anos, vive debilitada em um abrigo para idosos. No início do ano passado a representante da escritora, Tonja Carter, anunciou a descoberta de um manuscrito desconhecido durante todo esse período. Era “Vá, Coloque um Vigia”, que levava Scout de volta à cidade natal 20 anos após o desfecho do primeiro livro.

No novo livro, a protagonista é uma jovem que vive em Nova York e retorna à cidadezinha para visitar o pai. Mais do que inevitável, o choque com a realidade é assustador. A segregação racial se intensificou, o conservadorismo dos moradores se acentuou e até as pessoas mais próximas parecem propensas a decepcioná-la.

Como a comparação é inevitável, “Vá, Coloque um Vigia” não tem o brilhantismo de “O Sol é Para Todos”. Mas não deixa de ser uma belíssima obra.

A prosa é um pouco mais amarga, até porque a inocência da Scout criança dá lugar a uma adulta cheia de questionamentos.

E vem daí a capacidade de Harper Lee surpreender, mesmo partindo de um universo explorado anteriormente.

Sua habilidade para extrair das pequenas coisas os maiores significados permanece imbatível.

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