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 | Felipe Lima
| Foto: Felipe Lima

Muita coisa mudou nos últimos 55 anos, para o bem e para o mal. A tecnologia evoluiu de tal forma que hoje é possível ter o mundo nas mãos, com o simples toque em um aparelho. Vieram ídolos, conquistas, guerras e descobertas revolucionárias. Algumas coisas, porém, permanecem inalteradas. Como o preconceito.

Em 1960 a escritora americana Harper Lee abordou o preconceito naquela que seria seu único livro publicado, “O Sol é Para Todos”.

Escritora vai publicar novo romance

Mais que talento como escritora, Harper Lee criou em torno de si um mito

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Uma obra-prima, não apenas porque ganhou o mundo e conquistou o Pulitzer, o mais importante prêmio literário da língua inglesa. Mas, acima de tudo, porque se mantém atual, mesmo tendo passado mais de meio século desde seu lançamento.

Harper Lee nasceu em Monroeville, uma pequena cidade do Alabama, estado sulista conhecido tanto por ser um dos berços da música negra quanto pela história de conflitos raciais.

Monroeville foi a inspiração para Maycomb, localidade em que, na primeira metade do século 20, se passa “O Sol é Para Todos”.

No cinema

“O Sol é Para Todos” ganhou uma versão cinematográfica em 1962, dirigida por Robert Mulligan. Gregory Peck interpretou Atticus Finch e por sua atuação ganhou o Oscar de melhor ator em 1963.

É lá que vive a pequena Scout, filha do advogado Atticus Finch, que tem pela frente uma missão inglória: defender um negro acusado de estuprar uma jovem branca.

Não seria errado dizer que o preconceito racial é o foco central da obra de Harper Lee. Porém, parece injusto eleger algo como principal em uma narrativa que é feita de muitos elementos, simples em uma primeira leitura, mas de uma riqueza surpreendente.

A começar pela escolha da narradora. Scout tem apenas 8 anos e um olhar aguçado: ao mesmo tempo que preserva a pureza da infância, consegue captar as contradições do mundo adulto.

O Sol É para Todos

Harper Lee. Tradução de Beatriz Horta. José Olympio, 364 pp., R$ 45.

É através desse olhar que vamos conhecendo sem pressa o universo de Scout. Maycomb se apresenta em detalhes, no clima das estações, na aparência das casas e no humor dos moradores. Com ela vivemos o amor fraterno, de altos e baixos, com o irmão Jem, seu companheiro de aventuras. E, principalmente, admiramos com ela o pai, que na época já personificava o quão difícil é manter-se fiel ao caráter e à retidão em uma sociedade cheia de vícios.

Cada parágrafo de “O Sol é Para Todos” parece ter algo a nos dizer: de quanta hipocrisia existe no mundo; do quanto às vezes precisamos recuperar a inocência de criança para nos enxergar melhor; de como mudar o rumo das coisas pode ser tão simples e complexo ao mesmo tempo.

Quando questionada por que não escreveu mais livros, Harper Lee respondia que tudo o que tinha a dizer estava nessa obra. Faz sentido. Talvez nós é que ainda não entendemos, mesmo depois de 55 anos.

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