Os Dez Mandamentos e os outros 4 lançamentos literários mais esdrúxulos deste ano (até agora)

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1. Os Dez Mandamentos

A Editora Thomas Nelson Brasil (uma divisão do grupo HarperCollins) lançou uma versão romanceada da novela “Os Dez Mandamentos”, exibida pela Rede Record em 2015. A adaptação foi feita em tempo recorde: em apenas três semanas, Marcelo Santos, Danilo Di Giorgi, Cinthia Jardim e Fabrício Cunha transformaram o folhetim em dois livros – um total de 623 páginas –, lançados entre dezembro do ano passado e janeiro. A inspiração é o livro bíblico do Êxodo, mas a base da trama é o novelão, com direito a histórias de amor impossível e triângulo amoroso envolvendo Moisés. Outro lançamento recente derivado da novela ajuda a explicar de que tipo de literatura estamos falando: no mês passado, chegou às prateleiras a linha de esmaltes “Os Dez Mandamentos”, da Bella Brazil, com 12 cores que trazem os nomes dos personagens da novela.

2. O Diário do Japa.

Ninguém espera que as biografias de fenômenos adolescentes do YouTube que vêm inundando as prateleiras das livrarias estejam sendo realmente escritas por eles. Mas o youtuber Mauro Morizono Filho, que assina “O Diário do Japa”, editado pela HarperCollins, também sequer leu o próprio livro. E teve de admitir isso do pior jeito: a obra, segundo supostos trechos publicados por fãs, trazia uma passagem rica em detalhes sobre sua primeira vez com uma ex-namorada – que também é webcelebridade. Depois de uma enxurrada de críticas, o rapaz disse no Twitter que não teve tempo de ler a biografia antes da publicação. “Minha vida está uma correria gigante por culpa da mudança e projetos paralelos e não consegui ler”, escreveu. Disse que a ideia original era não citar nomes, apesar da pressão do escritor do livro. E que mandou suspender a pré-venda da obra logo que descobriu que o autor não atendeu ao seu pedido.

3. Dois mundos, um herói: Uma aventura não oficial de Minecraft.

O jovem londrinense Pedro Afonso de Rezende Posso é o RezendeEvil, um dos mais bem-sucedidos youtubers de game do mundo. Ele decidiu escrever uma ficção que se passa dentro do vilarejo virtual que construiu no game “Minecraft”. “O susto de acordar do outro lado da tela é grande, mas a diversão é ainda maior. Nesse mundo de pixels ele encontra todos os pequenos amigos que criou: inclusive uma versão de si mesmo.E quando um terrível mal ameaça destruir o vilarejo, Rezende se torna a única esperança. Usando sua criatividade, nosso herói vai ter que enfrentar com as próprias mãos os inimigos que estava acostumado a vencer com o teclado e o mouse”, diz a sinopse. RezendeEvil não é o único: a Sextante lançou no ano passado um livro de Herobrine Brooks chamado “Diário de Um Zumbi do Minecraft – Um Desafio Assustador”, “o diário de um zumbi de 12 anos”. Tudo dentro do universo do jogo, usando personagens que os gamers conhecem. É como transformar “Tetris” em literatura.

4. Livros sobre Sergio Moro.

O mercado editorial não ficou de fora da onda de popularidade do juiz Sergio Moro, que conduz a Operação Lava Jato: uma busca rápida na internet retorna vários resultados de credibilidade duvidosa em pré-venda, como “Sérgio Moro – A história do homem por trás da operação que mudou o Brasil”, de Joice Hasselmann, e “Sérgio Moro. O Homem, o Juiz e o Brasil”, de Luiz Scarpino Junior, que promete narrar a vida de Moro “desde a infância em Maringá até a trajetória acadêmica, a participação nos programas promovidos pelos Estados Unidos sobre lavagem de dinheiro, as inspirações, além das amizades que construiu ao longo dos anos e como veio a se tornar juiz federal”. Nenhum dos dois sequer trazem entrevistas com o paranaense, de acordo com informações das próprias editoras.

5. A Morte do Capitão América

Vale para livros baseados em quadrinhos de forma geral. Obras como este recém-lançado romance – assinado pelo quadrinista nova-iorquino Larry Hama, que se baseou na narrativa que percorreu 18 números do gibi do Capitão América entre 2007 e 2008 – subvertem toda a lógica da HQ ao abrir mão da imagem, elemento fundamental desta forma de arte. Transforma algo legal em algo chato. E pior, mal escrito.