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Livro

Pois Sou um Bom Cozinheiro

Vinicius de Moraes. Organização de Daniela Narciso e Edith Gonçalves. Companhia das Letras, 296 págs., R$ 90. Gastronomia.

Inédito

O Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS-PR) promove hoje, às 15 horas, a audição de um depoimento inédito de Vinicius de Moraes, no Auditório Brasílio Itiberê (R. Cruz Machado, 138 – Centro). O áudio de 60 minutos, nunca divulgado, foi gravado pelo MIS em abril de 1973, um dia depois de o poeta tocar pela segunda vez no Teatro do Paiol (que ele inaugurou dois anos antes, em um show ao lado de Toquinho). Na sequência, às 16 horas, será exibido o documentário Vinicius, de Miguel Faria Jr. A entrada é franca, e a classificação indicativa de 12 anos.

"Vejo de minha janela uma nesga do mar

verde-azul de Copacabana e me penetra uma

infinita doçura. Estou de volta à minha terra...A

máquina de escrever conta-me uma antiga

história, canta-me uma antiga música no bater

de seu teclado. Estou de volta à minha terra,

respiro a brisa marinha que me afaga a pele,

seu aroma vem da infância."

Trecho da crônica "Minha Terra Tem Palmeiras", publicada no livro Para uma Menina com uma Flor.

Em uma carta escrita do porto de Havre, na França, no dia 7 de setembro de 1964, Vinicius de Moraes, que era diplomata no país europeu, confidenciou ao amigo Tom Jobim toda a tristeza de passar a "data da pátria" sozinho, esperando o barco que o levaria de volta ao Brasil. No fim do texto, disse a Tom que escreveria também para casa, pedindo dois menus diferentes para sua chegada, que incluía pratos como tutuzinho com torresmo e doce de coco.

Muitas das memórias gastronômicas do poeta, criado a pudins e lombinhos, estão reunidas no livro Pois Sou um Bom Cozinheiro, lançado recentemente pela Companhia das Letras. A obra conta o interesse do artista pela comida, e traz várias receitas da família Moraes.

Com prefácio da irmã de Vinicius, Laetitia de Moraes, o livro é dividido em três partes: a primeira são receitas de família, como a "fantástica carne de panela da vovó Neném" (uma peça de lagarto assado). Na segunda, as organizadoras Daniela Narciso e Edith Gonçalves trouxeram pratos de restaurantes que ele frequentava, e outras iguarias que aprendeu a cozinhar em seus anos fora do Brasil.

Na terceira e última, Daniela chamou chefs para interpretar receitas que ele cita em poemas. Uma delas é a "galinha com uma rica, e gostosa, farofinha", que integra o poema "Para Viver um Grande Amor", e foi preparada por Claude Troisgros. Alex Atala criou um prato para "Receita de Mulher". "Ele não criou só uma receita gostosa, mas bastante complexa, como as mulheres", diz Daniela, que é chef de cozinha e responsável por projetos como o "Chefs na Rua", na Virada Cultural de São Paulo.

Menu

Foram dois anos de pesquisa para reunir o material – um apenas para testes, adaptações e fotografias das receitas (a cargo de Luna Garcia). O envolvimento da chef com o universo gastronômico de Vinicius a levou a concluir: ele levou fama por gostar de beber, mas gostava ainda mais de comer.

Daniela sugere um cardápio sem erro para Vinicius: pastéis de carne de entrada, polvilhados com açúcar (ele adorava doces), franguinho com farofa como prato principal e papo de anjo de sobremesa. Na mesa, jamais podia faltar molho de pimenta. "Ele dizia que a pimenta era a única certeza que dava a ele de estar vivo." GGGGG

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