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Moysés ramos ( à direita) e a nova geração em ensaio do bloco Ideais do Ritmo. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Moysés ramos ( à direita) e a nova geração em ensaio do bloco Ideais do Ritmo.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

“Somos um bloco pequeno, porém decente e até alinhado...“, definiu o lendário sambista Chocolate (1931-1984) em um dos inúmeros sambas que compôs para o bloco “Ideais do Ritmo” fundado por ele em 1970.

Nascido Masuenden dos Santos Prudente, o Chocô, ou simplesmente o “velho” como o chamam seus amigos até hoje, foi um dos maiores personagens do carnaval de Curitiba.

O “poeta do Capão da Imbuia”, eleito o cidadão-samba da cidade em 1984, vivia o carnaval 365 dias por anos e sobre ele recaem histórias verdadeiras e lendárias. “A vida dele era o Carnaval, aos trancos e barrancos. Era algo atípico em Curitiba, na casa dele tinha samba todo dia”, lembra Moysés Ramos, ex-parceiro e auto proclamado “filho musical do velho”.

Para que o bloco preto e branco sobrevivesse, Chocolate passava o ano arrecadando dinheiro para o carnaval e, às vezes, sempre com a navalha no bolso, brigava fisicamente pela verba da prefeitura para colocar seus “Ideiais” na avenida.

“Se você é mordido pelo cão, isso não é notícia. Mas se, em vez disso, você morde o cão, aí passa a ser notícia. Eu sou o cara que mordeu o cão e, às vezes, a Prefeitura”, disse uma vez Chocolate ao antigo diretor de carnaval de Curitiba e hoje cronista da Gazeta do Povo Dante Mendonça.

“Era o mais autêntico dos sambistas a se dedicar à luta inglória de fazer carnaval neste Brasil diferente”, lembra Dante.

  • Moyses ramos comanda o bloco .
  • samba no terreiro de Chocolate.
  • Ensaio de bateria: bloco com jeito de escola.
  • A nova geração dos Ideais do Rtmo.
  • À sombra da árvore de Louro.
  • Vista aérea do ensaio no Capão da Imbuia.
  • Samba no Capão da Imbuai.
  • Moysés Ramos é o “filho musical de Chocolate.

Renascimento

No Carnaval de 2017, o bloco que hibernava desde a morte de Chocolate– com pequenas interrupções em 1991 e 2014 – vai desfilar novamente em homenagem a seu fundador. Com cerca de 60 integrantes, os “Ideais do Ritmo” entram na rua Marechal Deodoro, às 19h deste sábado.

O renascimento aconteceu no terreiro da casa de Moysés, em baixo de um gigante pé de louro que tem simbologia especial para os sambistas. “O Chocolate tinha um ritual de mascar folhas de louro antes de entrar em cena; é uma tradição que a gente mantém”.

A reunião foi possível porque o músico Ricardo Salmazo passou a pesquisar a história de Chocolate e de suas composições para seu trabalho de conclusão de curso. Salmazo cursa a faculdade de música da Escola de Belas Artes do Paraná (EMBAP). Chocolate era compositor inspirado.Um de seus sambas, “Mamangava”, recebeu nota 9.5 do mangueirense Cartola quando este foi convidado a ser jurado do carnaval curitibano em 1976.

Integrante de bandas como Brasero, Sapato Furado e do Samba do Sindicatis, Salmazo colocou pilha nos “dinossauros do Capão” e o bloco ressurgiu. “Com o perdão da palavra, o tesão voltou com a chegada deste sangue novo, a coisa está arrepiando como era antes”, disse Moysés.

Nos ensaios que acontecem desde o início do ano, a letra do samba composto por Salmazo, Ramos e Jéferson Costa resume a história de altos e baixos da agremiação. “A árvore não secou, tem louro pra colher, o nosso bloco não morreu, adormeceu para hoje renascer...”.

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