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Jeff Beck: inovando aos 72 anos (na foto, com 65 anos) | VF/KR/VALENTIN FLAURAUD
Jeff Beck: inovando aos 72 anos (na foto, com 65 anos)| Foto: VF/KR/VALENTIN FLAURAUD

Um dos deuses ingleses da guitarra elétrica, ao lado de Eric Clapton e Jimmy Page, Jeff Beck leva a fama de, assim como os colegas, ter virado o instrumento de cabeça para baixo a partir do blues. Num caminho que o levou do primitivismo do rock dos Yardbirds (por onde também passaram Clapton e Page) à gênese do heavy metal e ao desenvolvimento do jazz-rock, Beck buscou sempre não se acomodar.

Em “Loud Hailer”, seu primeiro álbum de inéditas desde “Emotion & commotion” (de 2010), o músico de 72 anos se une à vocalista Rosie Bones e à guitarrista Carmen Vanderberg (ambas do grupo Bones) para fazer música com sonoridades e temas políticos de 2016. Mas o que sobressai mesmo é seu velho toque de guitarra.

“Eu queria marcar uma posição sobre algumas das coisas desagradáveis que vi acontecendo no mundo de hoje”, disse o guitarrista à revista “Record Collector”. Composto em duas semanas, ele tem faixas como “The revolution will be televised” e “Thugs club”, que dão conta da crônica destes tempos loucos, mas com observações um tanto óbvias.

Na linha rascante de Macy Gray, Rosie cospe os versos das canções com vontade e sensualidade, fazendo com que, por exemplo, o blues “Live in the dark”, vestido com batida de hip-hop e baixo saturado, assemelhe-se a uma possível faixa perdida do duo The Kills.

Instrumental, “Pull it” segue no blues com ataques duros e sonoridades farpadas de um Rage Against the Machine. Letra e peso funcionam juntos na boa “Right now” (“eu não sei o que quero/ mas quero agora”) e em “The ballad of the Jersey wives”. Mas nem tudo é agressivo em “Loud hailer”. “O.I.L. (Can’t get enough of that sticky)” se aventura pelo lado funky, e as baladas “Scared for the children”, a soul “Shame”, “Edna” e “Shrine” servem para que o guitarrista dê vazão a um lado mais melódico.

Um mestre que sempre vai surpreender nas seis cordas, Jeff Beck há muito não quebra barreiras, mas se sai melhor que os companheiros na tarefa de não deixar criar limo.

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