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Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá em show | Fernando Schlaepfer/Divulgação
Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá em show| Foto: Fernando Schlaepfer/Divulgação

A primeira grande turnê dos remanescentes da Legião Urbana chega a Curitiba nesta sexta-feira (18), no Spazio Van (confira as informações no Guia).

O projeto liderado por Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos – ex-parceiros de Renato Russo, morto em 1996 –, comemora os 30 anos de lançamento do primeiro álbum da banda, “Legião Urbana”, de 1985.

O show, que inclui o repertório do álbum de estreia na íntegra, é um desdobramento da reunião dos dois músicos em torno do relançamento do disco, no ano passado. Remexendo nos arquivos, eles contam, veio a ideia de celebrar a efeméride na estrada também.

O restante dos músicos convidados para o projeto – André Frateschi (voz), Lucas Vasconcellos (guitarra), Mauro Berman (baixo) e Roberto Pollo (teclado) – já estavam por perto. Questão de “sincronicidade”, diz Bonfá.

“A gente estava a fim de fazer, estávamos com vontade de tocar. Conseguimos uma equipe rapidamente, porque o Dado tem estúdio e está sempre por aí”, conta o baterista, perguntado sobre o que levaram em consideração antes de reviver nos palcos um nome tão fervorosamente cultuado.

Afinal, tentativas anteriores, como a que reuniu os músicos com Wagner Moura no vocal, em 2012, haviam passado longe da unanimidade. Bonfá reafirma que não teve elucubração. “O trabalho da Legião sempre foi assim. Não tem enrolação. É trabalho, é vontade de fazer. Estamos agradando milhares. Os incomodados que se mudem”, brinca.

Força

Os shows têm sido descritos como celebrações despretensiosas, com interpretações fieis dos arranjos e plateias a plenos pulmões. “Estamos nos divertindo pra cacete”, confirma Bonfá. “A gente hoje entende um pouco melhor o que estávamos fazendo naquela época, quando tínhamos a mesma idade do público que nos ouvia.”

Para o músico, os sinais de que as músicas continuavam fortes sempre foram claros. “Ouvia isso nas ruas o dia inteiro. Mas simplesmente seguimos em frente quando Renato faleceu”, conta.

A crise atual no Brasil, no entanto, estaria dando ainda mais fôlego para as letras de Renato, escritas em plena década perdida – “em meio à ausência de perspectivas, (...) podridão cultural e (...) acídia introjetada nos espíritos”, conforme escreveu em 2010 o crítico Luís Antônio Giron, contemporâneo dos artistas, para quem Renato Russo foi a melhor personificação da “Geração Coca-Cola”.

As verdades denunciadas pelo compositor para a juventude dos anos 1980, com seu lirismo melancólico e romântico, estariam encontrando uma ressonância renovada nestes dias difíceis para o país. “Que País É Esse”, “Perfeição”, “Teatro dos Vampiros” – muitas delas trazem versos que vêm muito a calhar. Mais um exemplo de sincronicidade, aposta Bonfá.

“A gente canta em português. As letras funcionam quase como oráculos. Você tira de dentro delas respostas para qualquer pergunta que fizer. Porque algumas mensagens são diretas, mas a maioria não. Isso atingiu uma geração grande”, defende o músico, contando que tem visto públicos de três gerações diferentes nos shows que a Legião tem feito desde o ano passado – em lugares, aliás, por onde a banda jamais havia passado com Renato, que não gostava dos palcos. “Estamos meio que fazendo a trilha sonora desse momento, infelizmente.”

Reedição do álbum de estreia só chega às lojas nesta sexta

Embora o relançamento do álbum “Legião Urbana” tenha sido o ponto de partida para a turnê comemorativa, o produto só chega às lojas nesta sexta-feira (18).

O atraso foi causado por mais um desentendimento dos músicos com o filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini, que administra os direitos autorais deixados pelo compositor.

O herdeiro havia registrado, em 2003, uma das canções inéditas que Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos pretendiam incluir no relançamento. Manfredini alega que “1977” foi escrita somente por Renato, e que, portanto, ele era o único detentor dos direitos autorais da canção.

Os ex-parceiros do cantor chegaram a divulgar um documento com a letra da música assinada pelos três e carimbada pelo antigo departamento de censura da Polícia Federal. Mas desistiram de entrar em mais uma briga judicial com Manfredini, que já havia entrado em litígio com os dois sobre o uso do nome da banda em 2014.

No fim da batalha, Villa-Lobos e Bonfá acabaram recuperando o direito de usar a marca, coisa que não podiam fazer desde a morte do líder do grupo. No embate do ano passado, no entanto, decidiram abrir mão da canção para viabilizar o relançamento.

A edição comemorativa acabou saindo sem a faixa, quase um ano depois do início do projeto. “Legião Urbana 30 Anos” traz o álbum original, remasterizado digitalmente, e um segundo CD com um punhado de “takes” alternativos, demos e gravações raras.

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