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Lançamento do novo disco de Kanye West, no Madison Square Garden, acompanhou desfile de moda das roupas criadas por ele para a Adidas. | JP Yim/AFP
Lançamento do novo disco de Kanye West, no Madison Square Garden, acompanhou desfile de moda das roupas criadas por ele para a Adidas.| Foto: JP Yim/AFP

Excêntrico, boquirroto e dono de uma personalidade difícil. Aos 38 anos, o americano Kanye Omari West reúne algumas características geralmente associadas aos gênios indomáveis da música pop. “Não tenho interesse em trabalhar com quem seja muito importante para atender a uma ligação às três da manhã”, escreveu no Twitter, sua principal válvula de escape. Desde que estreou com o álbum “College dropout”, em 2004, vendendo 4 milhões de cópias - o suficiente para ganhar três discos de platina -, Kanye se firmou como um dos mais bem-sucedidos nomes da atual indústria do entretenimento.

A jornada rumo ao lançamento de seu novo disco, “The life of Pablo”, que começou em 8 de janeiro, com a divulgação do single “Real friends”, é um reflexo de suas (muitas) qualidades e seus (outros tantos) defeitos. Em um mês, ele divulgou quatro nomes diferentes para o CD, mudou várias vezes a suposta lista de faixas que seriam incluídas, entrou em discussões com a ex-namorada, Amber Rose, e com o rapper Wiz Khalifa, disse, com a usual falta de modéstia, que o álbum seria “o maior de todos os tempos” e perdeu prazos para o lançamento da obra.

O processo culminou com um megaevento, quinta-feira, no Madison Square Garden, em Nova York, quando ele fez a primeira audição do trabalho (em um prosaico laptop) e lançou uma coleção de roupas em parceria com a Adidas - festa vista por 20 milhões de pessoas ao vivo pela internet.

O disco, no entanto, ainda não havia sido lançado comercialmente até o fim da tarde deste sábado, dois dias depois da data anunciada por ele. Em mais uma das suas, Kanye alegou que o parceiro Chance the Rapper havia insistido para incluir mais uma faixa no álbum. Os dois teriam, então, ido ao estúdio para finalizar “Waves”.

Na semana em que a diva Beyoncé aproveitou a audiência do Super Bowl para exaltar a luta negra nos EUA com figurinos e coreografias em homenagem aos Panteras Negras, enquanto apresentava a música “Formation”, Kanye não abriu mão de velhos cacoetes do hip-hop. Após a première do disco em Nova York, o que mais ecoou foram acusações de machismo e misoginia contra o rapper.

Não foi exagero. “Sinto que eu e Taylor ainda podemos fazer sexo/ Por quê?/ Eu fiz aquela vadia famosa”, diz a letra de “Famous”, direcionada à cantora Taylor Swift. “É, ele chegou lá antes./ O único problema é que eu sou rico”, cantou em “High lights”, mandando recado para o cantor Ray J, ex-affair da socialite Kim Kardashian, com quem Kanye é casado.

- Romper com o discurso da norma, com o “politicamente correto”, posicionar-se como “rebelde” (com ou sem causa) é, sem dúvida, construir um lugar no mercado globalizado juvenil - diz, por e-mail, Micael Herschmann, professor da Escola de Comunicação da UFRJ e autor de “Indústria da música em transição” (Estação das Letras e das Cores).

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