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Ellen Page em “Tallulah”, um dos filmes produzidos pela Netflix | Divulgação/
Ellen Page em “Tallulah”, um dos filmes produzidos pela Netflix| Foto: Divulgação/

Quando a Netflix lançou o filme original “Beasts of No Nation”, em 2015, o ânimo dos cinéfilos despertou com a possibilidade de a provedora via streaming se tornar uma grande produtora de filmes originais. Afinal, o filme contou com uma produção impecável e Idris Elba em um momento inspirado de sua carreira.

Um ano depois, no entanto, o streaming mostrou graves problemas para se firmar neste segmento, apresentando apenas filmes problemáticos, pouco inventivos e, principalmente, sem coragem de ousar.

Para analisar a dificuldade da Netflix no segmento de filmes, basta olhar o catálogo de lançamentos originais: comédias sofríveis com Adam Sandler e Kevin James, um péssimo documentário ficcional sobre mascotes de torcidas, o frustrante terror “Rebirth”, o pretensioso “Tallulah”, além do sem sal “Amizades Improváveis”, que tenta, desesperadamente, se tornar uma nova e atualizada versão de “As Vantagens de Ser Invisível”, sucesso com Emma Watson e Logan Lerman. Não deu certo.

O grande problema dos filmes da Netflix talvez seja a necessidade de se agarrar ao passado em suas grandes apostas. A empresa investiu milhões em uma parceria com Adam Sandler. O resultado foram filmes como “The Ridiculous 6”, que tem 0% de aprovação no site de cinema Rotten Tomatoes, e, recentemente, o filme “Zerando a Vida”, que tem 5% de aprovação.

O ator ainda conta com contrato para mais um filme e deve renovar a parceria para mais algumas produções, segundo o diretor de conteúdo da empresa, Ted Sarandos.

Além disso, a Netflix insiste em fazer remakes ou continuações. Neste ano, a empresa apostou em “O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino”, que tenta recriar as histórias do clássico “O Tigre o Dragão”. Tudo no novo filme, porém, é sofrível: atuações, roteiro, direção. Até mesmo a edição conta com problemas que fazem a película perder o ritmo. É totalmente sem o encanto do primeiro.

Biografias também não deram certo. “Barry”, que conta a história do presidente americano Barack Obama, tem um ator principal sem graça, uma história pouco emocionante e uma direção sofrível.

Exceção

A única salvação da Netflix durante o ano, que teve quase 15 filmes lançados, foi o drama espanhol “7 anos”. Mesmo com problemas de roteiro, o longa apresentou uma boa ideia e tem um bom desenvolvimento de história. Ele chama a atenção e não faria feio em salas de cinema, caso fosse lançado neste formato.

Para o próximo ano, algumas produções podem ajudar a melhorar a reputação do streaming no setor de filmes originais. Está previsto um filme baseado na animação japonesa “Deathnote” e já está em produção “War Machine”, um filme de guerra com o astro Brad Pitt.

Tudo, porém, ainda permanece obscuro no universo da Netflix. Afinal, ainda falta ousadia na produção de filmes originais. Falta também buscar nomes consolidados do setor e colocá-los em novas e diferentes situações - como a Amazon fez com Woody Allen, que dirigiu sua primeira série, “Crisis in Six Scenes”.

É preciso também apostar em novas ideias, e não na tentativa falha de resgatar a nostalgia de pessoas por meio de remakes de filmes antigos ou reciclagem de antigos papéis. O serviço precisa inovar no cinema assim como inovou no mercado de vídeo e de séries: indo em direção ao futuro e sem olhar tanto para trás.

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