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“O interesse pela música simplesmente apareceu. Como a gente tinha piano em casa, eu fui me arriscando sozinho e as canções foram surgindo.” - Newton Schner Júnior, pianista | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
“O interesse pela música simplesmente apareceu. Como a gente tinha piano em casa, eu fui me arriscando sozinho e as canções foram surgindo.” - Newton Schner Júnior, pianista| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo

Influências

Do clássico ao underground

Fã de rock e de música clássica, Newton Schner Júnior é compositor e músico clássico e erudito. Ponto. Mas não nega ter um pé no underground, geralmente mais ligado ao punk rock e à música alternativa.

Recluso e com espírito introspectivo, ele ainda produz seus discos de forma alternativa. "A maioria eu gravei em casa, de forma caseira. Colocava o gravador ao lado do piano e pronto. Alguns foram gravados em fita cassete mesmo", conta. Neste ano, ele teve um trabalho lançado por um selo na Alemanha, no formato de vinil. "Com os contatos que eu fui conquistando ao longo do tempo consegui levar meus trabalhos para a Europa", revela Newton, que chega a piratear seus próprios registros. "Quando o disco original termina, eu mesmo faço cópias e vendo para quem quer conhecer o meu trabalho".

Com a música incorporada definitivamente à sua vida, Newton resolveu largar a antes desejada carreira de professor. "Abandonei o curso superior em História quando faltava um semestre para concluir. Desde então, me dedico à música e também à literatura. Vi que dar aula não era realmente o que eu queria", salienta.

O músico também ensaia seus passos na arte da literatura. Já escreveu e publicou, de forma independente, três livros, todos baseados em sua vida pessoal e inspirados em autores como Goethe, Thoreau, Schiller, Hauptmann, Dostoievski e Nietzsche.

Saiba mais

Os textos de Newton podem ser lidos no site www.inacreditavel.com.br.

A obra do músico pode ser ouvida no site www.myspace/lebensessenz.

Ponta Grossa - Os olhares fixam atentamente as teclas. Os cabelos compridos até os ombros cobrem parte de seu rosto. Os dedos estalam. Os olhos agora se fecham. As mãos deslizam delicadamente pelo teclado a uma velocidade assombrosa. O som pesado, e ao mesmo tempo delicado, toma conta de todo o ambiente. As pessoas, estáticas, simplesmente admiram. Quando Newton Schner Júnior senta ao piano, o mundo todo parece parar. Tímido, o pianista prefere nem olhar para o público. Seu único interesse é tocar.

Sem partituras, o ponta-grossense Newton puxa da memória suas 66 canções compostas – 50 delas já gravadas em 11 álbuns. Sucesso na cidade onde nasceu, ele começa a ver as trilhas da fama se esboçarem também na Europa. Seus discos – sendo dez CDs e um LP – já circulam por países como Alemanha, Bulgária e Rússia. Os shows ainda estão restritos ao Brasil. A maioria em Ponta Grossa e alguns em Santa Catarina, nas cidades de Brusque e Pomerode.

Interesse

Descendente de alemão, o pianista de 25 anos se interessou pela música quando tinha 18. Não frequentou escolas, nem nada parecido. Apesar de seu pai, falecido em 2007, ter sido membro da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa, também tocando piano, Newton sempre driblou a vontade que o mais velho tinha de ensiná-lo a arte da música. "Quando era criança, tinha coisas mais interessantes para fazer, como jogar video game ou assistir à televisão", comenta.

Mas quando o desejo de aprender piano apareceu, seu pai, que também era médico, já não estava mais disposto a ensiná-lo. "Ele chegava ao piano, tocava e dizia: ‘viu? É assim que se faz’", conta Newton.

O que poderia ser um balde de água fria no pretenso pianista foi, na verdade, mais um estímulo em sua carreira. "O interesse pela música simplesmente apareceu. Como a gente tinha piano em casa, eu fui me arriscando sozinho e as canções foram surgindo", afirma. Assim, sem nenhum ressentimento, o músico aprendeu a tocar o instrumento sem a ajuda de ninguém. Atualmente, ele está correndo atrás do prejuízo, frequentando aulas para aprender a ler partituras. "Estou fazendo um processo inverso. Ao invés de aprender em escolas, como a maioria faz, aprendi sozinho e agora é que estou estudando música", relata.

O mais surpreendente no talento do pianista é a forma de compor suas canções. Para produzir o estilo que ele define como neoclássico, romântico e melancólico, o pianista se baseia em sua vida pessoal e na literatura alemã. "Tenho um álbum baseado no Os Bandoleiros de Schiller e um em Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe. Tenho também um trabalho inteiro em memória de meu pai", relata.

Newton chega a gravar dezenas de composições no momento em que as canções estão sendo criadas. "Eu começo a tocar e a música flui. Já gravei diversas no momento em que a canção nascia. Não sei explicar como é esse processo. Simplesmente acontece", diz o músico.

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