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Monólogo com Charles Fricks é o primeiro da Atores de Laura | Divulgação
Monólogo com Charles Fricks é o primeiro da Atores de Laura| Foto: Divulgação

A história que narra a relação do pai com um filho que nasce com Síndrome de Down em O Filho Eterno, de Cristovão Tezza, fascinou leitores e crítica em 2008. Agora, o texto ganhou versão para o teatro, adaptado por Bruno Lara Resende, e será encenado em um monólogo da Companhia Atores de Laura, do Rio de Janeiro, com estreia no dia 3 de junho. Por enquanto, a temporada de três meses será apenas na capital carioca, no teatro Oi Futuro Flamengo.

Com direção de Daniel Herz e atuação de Charles Fricks, a peça será o primeiro monólogo da companhia, que tem 18 anos."É uma novidade dentro da estrutura de grupo que formamos. É exatamente o oposto, o que é muito instigante. Só a maturidade permite abrir espaço para um monólogo. Há dez anos, jamais experimentaríamos isso", diz o diretor. O ator afirma que o monólogo é "um salto no escuro", mas que a sua preparação foi semelhante a de outras peças. "A diferença é a intensidade. O ensaio é só comigo, são quatro horas com tudo em cima de mim. Para um ator, isso é muito forte. Tem de estar 100% ligado".

Parceiros desde a criação da Atores de Laura, Herz e Fricks se reuniram previamente já com a intenção de fazer um monólogo, porém, ainda não haviam en­­contrado o texto ideal. Autores como Fernando Pessoa e temas como suicídio estavam entre as ideias, ainda pouco consolidadas. No meio do processo, em que os três se reuniam semanalmente para analisar possíveis temas, surgiu o livro de Tezza, trazido por um amigo de Charles Fricks, o ator Pablo Sanábio.

Fricks, que já conhecia a repercussão de O Filho Eterno, leu o livro e ficou fascinado com a ideia. "Li a metade em um dia. Me encantei com o jeito que o Tezza conta a história, esse despudor que ele teve de falar sobre várias coisas de que temos medo". Herz e Lara Resende também ficaram animados com a escolha e começaram a adaptação – as mais de 220 páginas se transformaram em 28, resultando em cerca de uma hora de peça. A escolha foi por deixar o texto teatral o mais próximo possível do livro, sem criação de novos personagens ou falas. "Radicalizamos na questão da paternidade. Também mantivemos o narrador em primeira e terceira pessoa, que é uma característica curiosa do livro. Queremos dar essa sensação ao público", explica o ator.

A hipótese de utilizar dois atores foi cogitada durante a adaptação, mas, em nenhum momento, se pensou em fazer o filho Down. "Teria o pai e o narrador pai, mas abandonamos a ideia. Achei mais interessante resolver o desafio das temporalidades com um ator só", esclarece Herz. O principal eixo narrativo da história contada por Tezza – que começa na Curitiba dos anos 1980 com um aspirante a escritor que não tem emprego fixo, é sustentado pela mulher e terá o primeiro filho com Síndrome de Down – é o que também norteia o espetáculo.

O diretor não teve receio de manter falas em que personagens e características de Curitiba ficam bastante evidentes."O público receberá bem, há uma universalidade neste drama, onde o pai tem uma reação inicial muito cruel".

Preparação

Todos os envolvidos com a peça, além de ler o livro diversas vezes, mergulharam na obra de Tezza e buscaram ro­mances como Trapo, O Fantasma da Infância e Um Erro Emocional, último livro do autor. "Isso permitiu perceber as temáticas que se repetem, no bom sentido, o que é muito bom para a construção do personagem", salienta Charles Fricks, que já está com títulos como O Fotógrafo e Ensaio da Paixão em sua lista de futuras leituras.

A proximidade com o escritor foi outro ponto fundamental para o resultado da peça, acredita o diretor. "Formamos uma relação de apoio, e a reação dele ao ver o texto no palco foi incrível. Ele assistiu a alguns ensaios e estamos planejando sua vinda para a estreia." Daniel Herz diz que não há previsão da peça estrear em Curitiba, mas que é fundamental trazê-la para cá. "Com certeza, vamos fazer com que isso aconteça."

Serviço

A peça O Filho Eterno estreia no dia 3 de junho, no teatro Oi Futuro Flamengo, no Rio de Janeiro.

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