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 | Rubens Vandresen/ Gazeta do Povo/Acervo Pessoal de Eleni Bettes
| Foto: Rubens Vandresen/ Gazeta do Povo/Acervo Pessoal de Eleni Bettes

Os concertos da Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) na manhã deste domingo (24) e na próxima quinta-feira (28) marcam os 30 anos do nascimento de fato do grupo. O “choro” da orquestra aconteceu na noite do dia 28 de maio de 1985, uma terça-feira, em um Guairão lotado de autoridades e convidados.

Os músicos, todos recém-admitidos em concursos no início do ano, haviam se preparado por mais de dois meses para apresentar o primeiro programa da “Osinpa” para a sociedade paranaense – bem diferente dos dias de hoje, em que a OSP prepara um concerto em menos de uma semana.

Conforme explicou à Gazeta do Povo um dia antes do concerto o maestro assistente Osvaldo Colarusso, o programa se deteve em obras dos séculos 18 e 19 adequadas à formação reduzida de músicos destacada pelo primeiro concurso. A expectativa era chegar a 110 integrantes já naquele segundo semestre (o que jamais aconteceu).

Alceo Bocchino regeu as obras de Beethoven.Ivan Bueno / Acervo Pessoal de Eleni Bettes

Na estreia, pouco mais de 50 instrumentistas tocariam a Abertura da ópera Anacréon, de Cherubini (1760-1842), regidos por Colarusso; e o Concerto para Piano N.º 5 (com o pianista Fernando Lopes) e a Oitava Sinfonia, de Beethoven, com regência do maestro emérito Alceo Bocchino (1918-2013).

“Todo mundo estava ansioso”, lembra o violinista Paulo Torres, spalla da OSP desde o concurso de 1985. “Tinha tido várias tentativas de criação de orquestra. A cultura musical era muito grande e não havia uma orquestra para realizá-la. Então havia uma grande expectativa sobre nós”, diz.

Programa

A apresentação inaugural da OSP teve um programa típico: uma Abertura – da ópera Anacréon, de Cherubini (1760-1842); um concerto – o N.º 5 para Piano, de Beethoven; e uma sinfonia – a Oitava de Beethoven.

“Tudo tinha que sair impecável, perfeito”, completa o oboísta Fernando Thá Filho, outro músico admitido no primeiro concurso que está até hoje na OSP. “Havia muito entusiasmo. Para a maioria do pessoal era o primeiro emprego numa orquestra profissional”, lembra o músico.

Concertos

OSP com José Maria Florêncio (regência) e Alex Klein (oboé)

Guairão (R. Conselheiro Laurindo, s/nº – Centro), (41) 3304-7982. Dia 24, às 10h30, e dia 28, às 20h30. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

Sebastião Interlandi Júnior, outro membro fundador, também destaca o otimismo que envolvia os músicos na noite do concerto inaugural. “Era muito interessante. Era a orquestra mais jovem do Brasil. Todos tinham uma média de 25 anos de idade. Havia muito entusiasmo, muita efervescência. A orquestra se gostava muito – e se gosta até hoje. Queria tocar o dia inteiro, viajar. Era o quanto mais melhor”, lembra. “Por outro lado, era uma jovem orquestra profissional. Não era um profissionalismo maduro. Foi uma criança que nasceu”.

A cerimônia de abertura foi apresentada pelo tenor Ivo Lessa (1941-2008), um dos protagonistas no processo de criação da orquestra ao lado de Tatiana de Aben-Athar e Eleni Bettes, e incluiu a apresentação de cada músico fundador, além de um discurso do governador, José Richa– que anunciou o primeiro concerto como um “prenúncio de uma grande trajetória”.

“Eles foram chamando os músicos pelo nome, fomos entrando e sentando. Foi uma coisa muito legal, e a única vez que isso aconteceu na minha vida”, lembra Thá Filho.

A performance, lembram os músicos, deixou a orquestra satisfeita. “Era uma responsabilidade tremenda, mas conseguimos. Lotamos o Guaíra e fizemos um belo concerto”, conta Interlandi. “Havíamos começado do zero. Foram as três primeiras obras do repertório. Hoje, temos centenas de ítulos e preparamos um concerto em dois, três dias”, compara. “Mas ainda tem muita coisa a ser tocada.”

Salão de Exposições do Guaíra vai sediar mostra comemorativa

Uma mostra comemorativa aos 30 anos da Orquestra Sinfônica do Paraná entra em cartaz no Salão de Exposições do Guairão na próxima quinta-feira (28), data da segunda apresentação do concerto de aniversário (novamente com o maestro José Maria Florêncio e o oboísta Alex Klein).

Dividida em três décadas, a exposição vai resgatar alguns dos principais concertos da OSP sob regência dos maestros Alceo Bocchino, Osvaldo Colarusso, Roberto Duarte, Jamil Maluf, Alessandro Sangiorgi e Osvaldo Ferreira. Cada maestro é apresentado de acordo com a direção que deu à orquestra.

Além de fotos das apresentações mais importantes, a exposição inclui exibições de concertos gravados em um telão e objetos ligados à história da orquestra, como gravações e instrumentos.

Também será instalado um terminal de computador com dados sobre os quase 1,2 mil concertos realizados pela OSP e obras catalogadas no acervo, de acordo com Valéria Xavier, arquivista da orquestra desde 1985 e autora dos textos de apresentação da mostra.

“O espírito da exposição é este – levar uma visão mais afetiva da orquestra, não somente cronológica, e mostrar a trajetória da OSP em pinceladas”, explica.

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