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Dúvidas existenciais marcam a apresentação teatral. | Priscilla Fontes
Dúvidas existenciais marcam a apresentação teatral.| Foto: Priscilla Fontes

Escuridão e silêncio. Na sala grande do Centro Cultural Solar do Barão, a peça “Toda a beleza de não saber” começa com o público sentado em cadeiras de madeira. O ator passa pela porta (não pela cortina do palco) e age como se estivesse chegando ao próprio espetáculo. As emoções estampadas no rosto de Adolfo Tortelli, roteirista e ator da peça, são tantas que nenhum dos espectadores conseguiu tirar os olhos das cenas. “Ama quem? O que te incomoda? Como você pensa? Vota em alguém?” são algumas das indagações e provocações da peça. A partir das lacunas dentro de cada um, a teia de proximidade com a plateia se tornou um emaranhado de questionamentos sobre a vida.

Somados a um eficiente trabalho de iluminação, os pensamentos do ator formam uma história que se assemelha ao que buscamos diariamente: objetividade, atenção, amor, caminhos. A peça, a princípio, parece que vai dar respostas; mas, na verdade, Tortelli só enche a plateia de perguntas. “Sempre fui muito racionalista, tentava explicar tudo logicamente. Temos o triste costume de não correr atrás das verdades, apenas adotamos o que vem”, disse.

Na composição do enredo, buscou mostrar o ‘’ceticismo como uma virtude, não como um defeito”. Este tema, para o funcionário público André Rogério do Nascimento, 33 anos, é justamente o mais cativante. “Conheci a peça pelo site do Festival de Teatro e a questão de não saber sobre as utopias da vida me interessou muito”, conta.

Tortelli mescla sentimentos diferentes e opostos: se contorce, demonstra dor, sofrimento, tristeza; mas também ri, dança, fala sobre o amor. O monólogo mexe com estruturas pré-estabilizadas de uma vida rotineira e levada muito a sério. “Destrua a destreza do raciocínio e me diga... O que te sobra? [...] A rotina não te cansa, não?”. A indagação impactou Milena Souza, de 15 anos. A estudante e amiga do ator tem o hábito de ir ao teatro, mas ainda se impressiona com atuações intensas. “Como uma pessoa consegue se entregar tanto nas cenas?”, ela se questiona.

Nos 50 minutos de duração da peça dirigida por Júlio Márquez, Tortelli fala sobre a vontade louca que as pessoas têm de completar-se, de procurar fora de si algo que as deixem felizes. E depois de tanto provocar respostas, ele pede: ‘’deixe, cá comigo, lado de cá. Do outro lado, fora da sala do teatro, continuaremos com toda a beleza de não saber.’’

Serviço

“Toda a beleza de não saber”

Gênero: Monólogo

Diretor: Júlio Márquez

Roteirista: Adolfo Tortelli

Elenco: Adolfo Tortelli

Duração: 50 minutos

Classificação indicativa: Livre

Onde: Centro Cultural Solar do Barão

Quando:

27/03/2015, às 21h

31/03/2015, às 18h

01/04/2015, às 21h

Preço:

R$ 20 (½ entrada: R$ 10)

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