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Okamoto estudou butô com o filho do mestre Kazuo Ohno. | Fernando Stankus/Divulgação
Okamoto estudou butô com o filho do mestre Kazuo Ohno.| Foto: Fernando Stankus/Divulgação

Uma das estreias nacionais que ocorrem durante o Festival de Curitiba, o solo Oe promete falar – com simplicidade – palavras potentes enraizadas na literatura de Kenzaburo Oe.

O projeto, idealizado pelo ator Eduardo Okamoto, partiu do resgate de sua origem nipônica – na infância, o pai o afastou dela, por temor de que o filho sofresse preconceito.

Tudo começou em 2013, com aulas de butô, dança cerimonial japonesa.

“Alguma coisa em mim ainda vibrava. Decidi então estudar a literatura japonesa e descobri a obra grandiosa, de envergadura clássica, de Kenzaburo Oe”, diz.

Apaixonado pela obra do Nobel de Literatura 1994, que ele compara a Dostoiévski, Okamoto mergulhou no formato único do autor, que mescla autobiografia, ensaio, mitologia e ficção.

Concentrou-se em especial no livro Jovens de um Novo Tempo, Despertai!, que Oe escreveu como um legado de vida ao filho que sofre de autismo.

Corpo japonês

A pesquisa para levar o texto ao palco incluiu uma viagem ao Japão, em que o ator percebeu em si um “corpo japonês”. “Detalhes como a ida frequente ao chão, tirar sapatos para entrar na sala, ajoelhar-se, me faziam sentir saudade daquilo. Em algum lugar de mim, eu me sentia muito japonês”, explica.

Tomando essa noção do corpo e o elemento literário – o livro de Oe –, o dramaturgo Cássio Pires escreveu um texto de 14 páginas que Okamoto interpreta em 70 minutos.

De acordo com o ator, trata-se de um poema para a cena com o espírito da obra, mas numa ficção nova, com poucas falas retiradas do livro.

A atuação, dirigida pelo premiado Marcio Aurélio, usa a narração mais do que a interpretação, em que o ator passeia da mente do pai para a do filho. O episódio central é uma crise de autismo em que o filho entra por acreditar que o pai tinha morrido, quando na verdade ele havia saído em viagem.

No retorno, o pai encara a realidade de que não cuidará para sempre do menino e decide escrever o livro em que tentará explicar todas as coisas a ele.

Ao partir de um fato real tão pessoal, Oe, conhecido por seu ativismo contra o uso da energia nuclear, sugere na obra que a atitude de uma vida particular interfere no mundo todo.

Oe

Teatro Sesc da Esquina, (41) 3304-2222. Dias 31 de março e 1º de abril, às 21 horas.

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