• Carregando...
Bravo! Maestro Carlos Domingues conduziu músicos competentes. | Guto Tarasiuk/Divulgação
Bravo! Maestro Carlos Domingues conduziu músicos competentes.| Foto: Guto Tarasiuk/Divulgação

A primeira sessão do concerto “Tou na Ária”, que aconteceu na sexta feira (11) na sede Concórdia do Clube Curitibano – e se repete neste sábado (12), às 20h30, no mesmo lugar – é uma grande sacada.

O espetáculo consiste em apresentar de forma enxuta e direta as mais célebres árias da história de ópera, esta que talvez seja a arte mais extraordinária que a sensibilidade humana produziu nos últimos quatro séculos.

O mérito do formato é justamente usar a força desta música, muitas delas solidamente presentes no imaginário mesmo de quem não é aficionado por música erudita, fora de seu contexto mais hermético e sofisticado.

Assim, parte do público que poderia se cansar encarando uma montagem completa de uma peça que pode demorar até cinco horas, se divertiu e se emocionou com este “greatest hits” de árias, levado ao palco por músicos e intérpretes muito competentes.

Ficou provado que é possível coordenar esta música ainda sublime à capacidade de atenção contemporânea e também aos humores da bexiga humana.

Na plateia montada com cadeiras dispostas em arco – e que assim lembravam os cenários em que muitas destas obras foram mostradas pela primeira vez – o público se empolgou com a interpretação do barítono Marcelo Dias na famosa ária do Factotum do Barbeiro de Sevilha (de Rossini), ou com o tenor Cristhyan Segala que, aplaudido de pé, alertou que La donna è mobile qual piuma al vento.

O belíssimo local é um caso à parte, e é muito bom que iniciativas como essa o revitalizem – como o festival Literário Litercultura fez nos últimos dois anos. Na noite desta sexta, merece destaque o bom serviço de bar que permitiu que o publico tomasse vinho, espumante e água sem atrapalhar a sessão.

Destaque também para o repertório muito bem escolhido e dividido que foi de Villa-Lobos a Offenbach, passando por Mozart, Verdi, Puccini, Bizet e Donizetti conduzido pelo maestro Carlos Domingues, que soube entrar no clima mais descontraído de interação com a plateia.

Ainda que alguns aficionados eruditos possam torcer o nariz (também para os cenários projetados em led no palco que incluíram até um vídeo do famoso desenho do Pernalonga maestro), o “Tou na Aria” é uma iniciativa feliz do Clube Curitibano, um programa imperdível para os fãs de música erudita que pulam muitas vezes para as árias quando vão ouvir um disco ou assistir um DVD de ópera.

E, de quebra, mostra um caminho de mercado possível. Uma montagem de ópera como negócio de entretenimento ou atividade econômica é proibitivamente caro. No entanto, uma noite como esta mostra que, com dose de criatividade e originalidade, esta grande arte pode respirar.

Em alta

Aliás Curitiba, tem dado mostras de grande fôlego neste campo neste ano de 2015. Uma nova companhia segmento estreou com sucesso na cidade.

Em agosto, a produtora Guairacá Cultural montou a a opereta Marumby, composta na década de 1920 pelo compositor curitibano Benedito Nicolau dos Santos. E, para o mês de novembro, a mesma Guairacá programa um festival de ópera que vai tomar um fim de semana no Teatro Guaíra. Bravo. Bravíssimo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]