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As crianças de “Stranger Things”: referências a “Conta Comigo”, “Alien” e “ET” | Netflix/Divulgação
As crianças de “Stranger Things”: referências a “Conta Comigo”, “Alien” e “ET”| Foto: Netflix/Divulgação

O que aconteceu com a temporada de filmes desta estação?

Esse é o tempo em que o mundo anseia por um blockbuster bombástico que não apenas fature zilhões de dólares, mas tenha o impacto cultural para manter as pessoas conversando sobre si. Este ano todos os possíveis concorrentes decepcionaram: “Esquadrão Suicida” fez uma tonelada de dinheiro, mas de acordo com todas as críticas não fez nenhum sentido. “Caça-Fantasmas” foi absorvido por uma furiosa controvérsia. “Procurando Dory” foi fofo, mas ainda assim longe do melhor da Pixar. “Independence Day: O Ressurgimento” já foi esquecido. O mesmo aconteceu com “Capitão América: Guerra Civil”. E alguém realmente precisava de mais uma sequência da franquia “Jason Bourne”?

Agora é meio de agosto, então basicamente só restam as sobras do ciclo de lançamento de filmes. Onde estava nosso “Jurassic World”? “Divertida Mente”? “Guardiões da Galáxia”? “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”? Não temam: apesar de um filme bem sucedido em todos os critérios, esperto e cheio de suspense, não poder ser encontrado nas salas de cinema, no final das contas realmente tivemos um grande blockbuster de verão.

Só que na Netflix.

Olhando em retrospecto para o escopo da temporada de filmes de verão, fica claro que “Stranger Things” – o suspense de ficção científica que gira ao redor de um garoto que desaparece em uma cidade pequena – é o blockbuster de que precisamos.

É isso mesmo: olhando em retrospecto para o escopo da temporada de filmes de verão, fica claro que “Stranger Things” – o suspense de ficção científica que gira ao redor de um garoto que desaparece em uma cidade pequena – é o blockbuster de que precisamos. Acontece que é um seriado de TV.

Como isso aconteceu? O próprio Netfflix não estava esperando a consagração crítica que o seriado recebeu e o frisson interminável que gerou. “A grande surpresa para nós tem sido ‘Stranger Things’”, o diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, disse em uma mesa redonda realizada pela revista Hollywood Reporter. “Esses são cineastas novos, os criadores irmãos Duffer, e com um elenco de completos desconhecidos.”

Para aqueles que não se sentiram compelidos a assistir depois de ver o enésimo delírio do seu amigo de Facebook a respeito dele, o seriado, ambientado em 1983, começa com um aluno do ginásio chamado Will jogando uma partida épica de “Dungeons & Dragons” com seus três melhores amigos. Por meio de uma série de eventos sobrenaturais, Will desaparece no seu trajeto de bicicleta para casa. Então começa uma intensa busca por parte de sua mãe (Winona Ryder), da polícia e de seus amigos, a quem se junta uma misteriosa garota chamada Eleven. Logo, conspirações estão por todos os lados, fortemente motivadas pela presença de um misterioso laboratório científico na cidade.

“Esquadrão Suicida” fez uma tonelada de dinheiro, mas de acordo com todas as críticas não fez nenhum sentido. “Caça-Fantasmas” foi absorvido por uma furiosa controvérsia. “Procurando Dory” foi fofo, mas ainda assim longe do melhor da Pixar. “Independence Day: O Ressurgimento” já foi esquecido. O mesmo aconteceu com “Capitão América: Guerra Civil”. E alguém realmente precisava de mais uma sequência da franquia “Jason Bourne”?

Parte da razão por que o seriado parece um filme: por através de todos os oito episódios, os criadores e irmãos gêmeos Matt e Ross Duffer carinhosamente pagam tributo a muitos filmes clássicos dos anos 70 e 80, tais como “Alien” e “Conta Comigo”. Eventualmente se torna um jogo – quantas referências você consegue captar? O vídeo de um fã em particular faz um tremendo trabalho de rastrear todas elas, de “E.T.: o Extraterrestre” a “Os Goonies” a “Chamas da Vingança” a “Encontros Imediatos de Terceiro Grau”.

Também há uma dose pesada de referências dos anos 80 (aquelas roupas! aqueles penteados! aqueles telefones!) e a sensibilidade para o horror própria de Stephen King. O próprio autor recentemente tuitou que assistir “Stranger Things” é como assistir aos “maiores sucessos de Stephen King”. “Digo isso como um elogio”, acrescentou.

Apelar para esse tipo de nostalgia é uma jogada brilhante, e uma que é constantemente vista em filmes. Mas os irmãos Duffer, que também foram roteiristas para o drama de ficção científica da Fox “Wayward Pines”, não tinham interesse em tomar o caminho do cinema – mesmo para uma história que caberia perfeitamente na telona, se comprimida em duas horas.

“Se você está fazendo um filme, o minuto em que você põe um monstro nele, vira um filme de terror. E, hoje em dia, se é um filme de terror, é basicamente um passeio pelo brinquedo da casa assombrada. Você está tentando enfiar sustos a cada seis, sete minutos”, Matt Duffer disse ao New York Times. “Mas um lugar como a Netflix realmente se importa muito mais com os personagens. Então somos capazes de contar essas histórias bem direcionadas pelos personagens e também satisfazer nossas sensibilidades infantis colocando um monstro comedor de carne no seriado.”

“‘Stranger Things’ nos leva de volta para os inúmeros filmes de verão com os quais várias gerações cresceram. E é de quase todas as formas superior a qualquer coisa no cinema, ou na televisão, este verão.”

Daniel Fienberg Hollywood Reporter

E há aquela qualidade inefável que você não consegue realmente medir, mas ainda assim garante que todo mundo fale sobre o seriado por todo o verão. Não só as direções da trama e os “cliffhangers” (finais com reviravoltas que só são desenvolvidas no episódio seguinte) te mantêm colado à tela e então se arrastando ao seu celular para procurar teorias de fãs no Google, mas o elenco é fenomenal. Além disso, espere que Ryder (que interpreta a agitada mãe de Will perfeitamente) saia na frente na corrida pelo Emmy de melhor atriz ano que vem, ao lado de muitos atores e atrizes jovens que já se caíram nas graças das mídias sociais. Isso sem mencionar a obsessão da internet com a pobre Barb (Shannon Purser), a melhor amiga da irmã mais velha de Mike e clássica vela.

Mas depois de tudo isso, contudo, é simplesmente muito divertido de se assistir. O crítico de cinema da Hollywood Reporter Daniel Fienberg resume: “Com um retorno apimentado de Winona Ryder, um elenco de jovens desconhecidos que inspiram inúmeros textos online sobre ‘Quem é seu favorito?’ e uma premissa assustadora que é trazida à vida convincentemente apesar de um orçamento moderado, ‘Stranger Things’ nos leva de volta para os inúmeros filmes de verão com os quais várias gerações cresceram”, escreveu. “E é de quase todas as formas superior a qualquer coisa no cinema, ou na televisão, este verão.”

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