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Cena de “A Regra do Jogo”. | Divulgação
Cena de “A Regra do Jogo”.| Foto: Divulgação

Não era pequena a responsabilidade sobre os ombros de João Emanuel Carneiro na noite desta segunda-feira (31). Mais do que redimir o horário nobre da Globo do fiasco de “Babilônia”, a expectativa geral é que ele ofereça a um público cada vez menos fiel nada menos que uma nova “Avenida Brasil”, de sua própria autoria e maior sucesso da emissora na década.

Nas redes sociais, a brincadeira era apontar paralelismos entre “A Regra do Jogo” e a obra anterior do autor. A personagem de Cassia Kis Magro seria a nova Mãe Lucinda; Giovanna Antonelli, loura e linda, a nova Carminha; Juliano, personagem de Cauã Raymond, lembrava a Nina com seu desejo de vingança.

Até a abertura, com Alcione enchendo o peito para entoar “o soooooollllll há de brilhar...” foi saudada como o novo “oioioi”, refrão icônico de “Avenida Brasil”.

No aspecto formal, o primeiro capítulo de “A Regra do Jogo” mostrou elementos que têm tudo para prender o telespectador, como um microcosmo (o morro da Macaca, aqui, como o Divino de “Avenida Brasil”) bem construído, gírias que têm tudo para pegar, um casal com química (Cauã e Vanessa Giácomo, também ela vinda de outros papeis fortes muito recentes) e uma trilha sonora sofisticada, que misturou Alabama Shakes e Mapei.

Telenovela

“A Reagra do Jogo”

De segunda-feira a sábado, às 21 horas, na Rede Globo.

A sorte é que João Emanuel e seu time de colaboradores têm mais recursos dramatúrgicos do que a repetição bem feita e uma boa carpintaria. Embora seja possível, sim, ver uma continuidade no trabalho do autor -não só de “Avenida Brasil”, mas também de “A Favorita”, a estreia do novelista no horário nobre- houve no primeiro capítulo a clara intenção de apresentar ao telespectador uma narrativa nova.

Alexandre Nero, recém-desencarnado de um personagem forte como o Comendador de “Império”, também tinha um desafio e tanto pela frente. E apareceu, demoníaco, como o falso ongueiro-gente boa Romero Rômulo, protagonizando uma cena que já nasce clássica, quando tira a máscara do mocinho e revela o bandido a bordo do camburão.

O personagem deve provocar polêmica, pois a fachada lembra figuras públicas cheias de credibilidade, que militam no limite entre a política e a defesa dos direitos humanos.

A construção de personagens ambíguos e de universos em que vilões e heróis trocam de papeis a toda hora é a grande marca da dramaturgia de João Emanuel, seu traço distintivo num universo cada vez mais rebaixado da TV aberta brasileira.

O final, em que, tal qual um Darth Vader carioca, Romero Rômulo diz “mamãe” para Djanira (Cassia Kis Magro) foi o passaporte que faltava para que o telespectador se sente de novo no sofá diante da TV na terça-feira (1º). Um primeiro capítulo bem amarrado, como o de “Avenida Brasil”, atendendo à expectativa geral, mas indo bem além dela.

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