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Estúdio do talk show que Jimmy Fallon comandava antes de ir para o “Tonight Show”, na NBC. | Endosidney/Wikimedia Commons
Estúdio do talk show que Jimmy Fallon comandava antes de ir para o “Tonight Show”, na NBC.| Foto: Endosidney/Wikimedia Commons

Os talk shows americanos entenderam a internet, ao menos diante do humanamente possível.

Se algum nicho da televisão chega perto de explorar o potencial do YouTube, é o de Conan O’Brien, Jimmy Fallon, Jimmy Kimmel e Stephen Colbert, e por vários motivos.

No YouTube, um talk show se beneficia de eventuais fragmentações.

Quando Conan recebe duas pessoas, cada convidado gera mais do que um vídeo para seu canal. Ao invés de “entrevista com Jennifer Lawrence”, por exemplo, há quatro postagens, nenhuma superior a três minutos, todas com o assunto no título.

Quem não pararia para ver a entrevista talvez se interessará por “O estranho apelido chinês de Jennifer Lawrence”. São só dois minutos, oras, por que não?

Além disso, todo talk show geralmente agrega atrações musicais e outros quadros de comédias recorrentes, previamente gravados ou executados ao vivo.

Naturalmente, cada parcela se torna um vídeo; cada vídeo se torna conteúdo com potencial de divulgação, solidificação de público – inscritos! – e, óbvio, dinheiro.

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Jimmy Kimmel certamente extrapolou a demografia usual de sua audiência com o quadro “Eu disse aos meus filhos que comi todos os doces de Halloween”, no qual os pais se permitem ao sadismo de mentir para as criaturas e filmar as reações histéricas. O primeiro deles tem mais de 50 milhões de visualizações… sem gastar um centavo.

Similarmente, Conan O’Brien é visto por milhões de pessoas enquanto joga videogame, ao passo que Jimmy Fallon faz seus convidados brincarem de mímica.

Quando toda a panela é mergulhada na internet, as entrevistas em si são opções entre diversos caminhos para o entretenimento.

Os talk shows se subvertem, na prática, a programas de variedades com um potencial cômico maior do que grande parte das tentativas explícitas de humor.

Soma-se a tudo isso a exposição a que conseguem submeter seus convidados, pois participar de uma brincadeira pode possibilitar uma conexão bem maior com o público do que perguntas diretas. (No “Tonight Show” de Fallon, David Beckham quebrou ovos sobre a cabeça. É alguma vulnerabilidade.)

Ao apresentador, parte mais icônica de um grupo, sem a qual o avião não decola, cabe a tarefa de se manter sagaz nos diálogos.

Concomitantemente, ele é e não é o protagonista do próprio programa, e seu jogo de cintura pode transformar uma conversa banal em momento memorável.

Um clássico moderno é Jon Stewart, cujo programa, um misto de entrevistas e falso jornalismo, revelou, entre outros, John Oliver e Stephen Colbert – o primeiro em alta com seus quadros satíricos; o segundo, nada menos que substituto de David Letterman, entidade no assunto.

O “Daily Show” de Stewart, sob sua tutela de 1999 até agosto passado – hoje apresentado com Trevor Noah –, misturou gêneros clássicos com ridicularizações do modus operandi televisivo, preparando terreno para os talk shows atuais.

Voltando a eles, portanto, parece ser muito difícil não se interessar por alguma coisa, nem que mínima, oferecida pelos programas do gênero.

Com acesso ao YouTube, ninguém precisa se apegar ao formato, tampouco ao apresentador, e muito menos aos convidados: basta se interessar por fragmentos.

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