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Falo por mim: uma peça de teatro, quando é boa, acha pontos de contato com o mundo e dá novos significados a eles.

A partir de qualquer lugar de partida e com a sorte de qualquer chegada, considera o público e o atrai para dentro do que acontece na montagem.

É uma peça que convive com o espectador e com ele produz o momento. E ainda: atualiza-se em cada gesto da ação, vive do presente (produzindo passado e projetando o futuro) e promove encontros. Mobiliza.

Encontrar-se geralmente é o primeiro pretexto dessas peças boas. Estar junto. Construindo significados: público e artistas, através de uma poética autoral, assinada e que exploda em universalidade.

A coerência entre os elementos cênicos é uma premissa: cada um com sua especificidade dramatúrgica (luz, cenário, figurinos…), promovendo novas camadas, dialogando com a encenação, tornando a linguagem complexa e, ao mesmo tempo, partilhando a linguagem com quem quer que seja. São peças que transformam a realidade.

A eficiência em cada especificidade de atuação na cena, boa execução técnica e finalização, além de uma dramaturgia coerente que amplie possibilidades de existência, são cruciais.

Peças boas assumem o compromisso com seu tempo e espelham a sociedade, a revelam, a contradizem. Produzem reflexão, eco; e permitem que o espectador “trabalhe junto”, não o subestima, partilhando humanidade.

Uma proposta clara, direta, coerente e provocativa é sempre bem-vinda! Assim como a mistura entre linguagens, atravessamentos e proposição de diálogos e ambientes novos, sempre me agradam, me fazem gostar mais de uma peça teatral. Entrar no jogo, ver o invisível.

Uma montagem de qualidade altera meus sentidos, reverbera vida, é urgente e – o que é sempre delicioso –, no bar, me faz falar sobre ela por horas e horas, me enche de palavras e permite que, depois de experimentar todas as dramaturgias contidas nela, eu possa criar a minha.

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