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O diretor canadense Jury Denis Villeneuve (à esq.) e a atriz australiana e presidente do júri no festival Cate Blanchett (à dir.) | LAURENT EMMANUEL/AFP
O diretor canadense Jury Denis Villeneuve (à esq.) e a atriz australiana e presidente do júri no festival Cate Blanchett (à dir.)| Foto: LAURENT EMMANUEL/AFP

“Não vim aqui dar o Nobel da Paz”. No que depender das declarações de Cate Blanchett, presidente do júri desta edição do Festival de Cannes, a politização não vai interferir na escolha do melhor filme da competição.

Isso significa que, segundo ela, os dois diretores que competem na mostra, mas cumprem prisão domiciliar em seus países (o iraniano Jafar Panahi e Kirill Serebrennikov) não terão nenhuma preferência. 

Pode também significar que ela não necessariamente cumprirá reivindicações de movimentos feministas como o MeToo e o Time's Up. "Para que mudanças profundas aconteçam, é necessário tomar algumas medidas", disse a atriz na conversa com a imprensa que abriu a 71ª edição da mostra de cinema, na tarde desta terça (8). 

Por mudanças, ela se referia ao resultado da pressão das duas campanhas, que lutam contra o assédio e em defesa da paridade de gêneros na indústria. Neste ano, só 3 dos 21 diretores que competem à Palma de Ouro são do sexo feminino. São elas Eva Husson ("Les Filles du Soleil"), Nadine Labaki ("Capernaum") e Alice Rohrwacher ("Lazzaro Felice"). 

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"Se eu queria ver mais mulheres? Sim. Se espero ver mais mulheres? Sim. Mas lidamos com os filmes que temos", disse Blanchett. "Elas não estão ali pelo seu gênero, mas pela qualidade de seu trabalho. Nós as avaliaremos como cineastas, como têm de ser." 

A atriz australiana preside um júri que neste ano terá maioria feminina. Além dela, estão presentes as atrizes Léa Seydoux e Kristen Stewart, a diretora Ava DuVernay e a cantora Khadja Nin. Completam o time dos jurados os diretores Denis Villeneuve, Robert Guédiguian e Andrey Zvyagintsev, além do ator Chang Chen.

O tema do assédio sexual e da participação feminina na indústria deve mesmo mobilizar a edição deste ano do festival, que já serviu no passado de cenário para a predação sexual do produtor Harvey Weinstein. Na véspera da abertura, na segunda (7), distribuíam-se na rua papéis com o aviso: "Ne gâchons pas la fête" (não estrague a festa), colado à foto de uma gravata borboleta -o emblema do traje masculino por excelência do festival.

Diretor artístico da mostra, Thierry Frémaux afirmou que uma linha telefônica e um e-mail foram criados para coletar informações sobre eventuais assédios. "Não foi só Cannes que mudou após o escândalo Weinstein, mas o mundo inteiro", disse. 

Entre os eventos que estão programados para ocorrer na esteira dos movimentos MeToo e Time'sUp estão uma marcha de mulheres sobre o tapete vermelho, marcada para o sábado (12), além de painéis com organizações feministas e as ministras da Cultura da França e da Suécia. Tanto Blanchett quanto as demais juradas do sexo feminino afirmaram que comparecerão à marcha do sábado.

A presidente do júri abriu sua fala aos jornalistas dizendo o que acredita ser uma boa Palma de Ouro: "É um filme que contém tudo: performance, direção, roteiro, cinematografia... É algo que espero que fique ao longo do tempo, além do festival." 

Na noite desta terça (8), começa a competição com a exibição de "Todos lo Saben", suspense falado em espanhol dirigido pelo iraniano Asghar Farhadi. 

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