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Cena do filme Operação Entebbe, com Daniel Bruhl e Rosamund Pike | Divulgação
Cena do filme Operação Entebbe, com Daniel Bruhl e Rosamund Pike| Foto: Divulgação

Na edição de 2000 do Festival de Sundance, o então estreante José Padilha – que estava no evento como roteirista e produtor de “Os Carvoeiros”, dirigido pelo inglês Nigel Noble – explicou na ocasião à Gazeta do Povo que o estilo do documentário era o cinema Verité e que, em sua carreira, gostaria de realizar filmes assim: que evidenciassem fatos e provocassem reflexões. 

A intenção parece ter sido seguida na hoje brilhante carreira do diretor carioca, que dez anos depois da consagração internacional de “Tropa de Elite”, com a conquista do Urso de Ouro, regressa ao Festival de Berlim com “Operação Entebbe”.

Selecionado nesta 68ª edição para a mostra oficial hors-concours, o filme terá sua première mundial no dia 19.02, em sessão de gala, no suntuoso Palácio dos Festivais, e estreia no dia 16 de março no Brasil.

Em entrevista à Gazeta, Padilha falou sobre o filme e disse que sua expectativa é que ele provoque debates. 

“Trata-se de um filme sobre Israel e Palestina... de modo que espero controvérsia. Mas como você sabe, já estou escolado neste departamento”, afirmou. 

“Operação Entebbe” é sobre uma ação terrorista ocorrida em 1976: o sequestro de um avião e seu pouso forçado em Entebbe (Uganda). O filme recria a operação de salvamento dos passageiros feitos reféns pelos terroristas no voo Air France 139, indo de Tel Aviv para Paris, via Atenas. 

Daniel Brühl e Rosamund Pike integram o elenco nesta produção britânica, rodada em três países. 

O diretor explica que o filme mostra o sequestro do avião sob dois pontos de vista: de um lado, sob a perspectiva dos terroristas alemães que participaram da ação; de outro, o embate entre dois políticos israelenses sobre o que fazer: negociar ou realizar uma operação de resgate com pouca probabilidade de ser bem sucedida. 

Padilha entrou no projeto através do convite da produtora inglesa Working Title, o que – além do talento, qualidade da obra e o prestigio do diretor no festival – pode ter contribuído para a escolha da mostra para a qual foi selecionado. 

“Já exibi três filmes no festival: um na competição (Tropa de Elite), um na mostra de documentários (Garapa), e outro abrindo a seção Panorama (Tropa de Elite 2). Agora estou mostrando meu quarto filme, em outro segmento do festival, o reservado para a estreia de filmes de estúdios, sobretudo filmes de diretores que já são conhecidos no circuito dos festivais. Uma experiência nova para mim”, ressalta Padilha com elogios para a programação. 

“Acho que o festival está bem interessante. Este ano houve uma controvérsia em Berlim, e muitos cineastas locais reclamaram que a competição do festival estava dando ênfase aos filmes de maior produção, àqueles feitos nos EUA, em detrimento dos filmes mais experimentais. Acho que a Berlinale desta vez separou com clareza estes dois tipos de filme, garantindo uma grande diversidade”. 

Já distante daquela longínqua estreia no Sundance, o cineasta mantém seu desejo de narrar os fatos e a expectativa de, como sempre acontece com seus filmes, que este também provoque reflexões e debates. 

“O filme discute o evento, mas não a parte militar. O foco é a parte política e a lógica dos sequestradores. Eu quis mostrar a complexidade do fato e, através dessa complexidade, debater aspectos que transcendem ao que ocorreu em Entebbe”, afirma Padilha, que volta seu olhar novamente para o Brasil com “O Mecanismo”, uma série sobre a Operação Lava Jato, que tem previsão de estrear em março.

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