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O romancista norte-americano Philip Roth durante uma cerimônia na Casa Branca, onde recebeu a Medalha Nacional de Humanidades | JIM WATSONAFP
O romancista norte-americano Philip Roth durante uma cerimônia na Casa Branca, onde recebeu a Medalha Nacional de Humanidades| Foto: JIM WATSONAFP

O premiado romancista americano Philip Roth morreu nesta terça-feira aos 85 anos, de insuficiência cardíaca, em local não revelado. A informação foi confirmada pelo agente literário do escritor, Andrew Wylie. 

Autor de mais de 25 livros, como "Pastoral Americana" e "Complexo de Portnoy", Roth conquistou praticamente todos os prêmios literários relevantes em mais de 60 anos de carreira. Morreu, no entanto, sem o Prêmio Nobel de Literatura, para o qual foi considerado favorito em diversas ocasiões. 

A coleção de estreia de Roth, "Adeus, Columbus", de 1959, rendeu-lhe o primeiro dos dois Prêmios Literários Nacionais conquistados em sua carreira. Ele publicaria 27 romances, duas memórias e várias outras coleções de história quando se aposentou em 2012. Seus temas ao longo da vida incluíam sexo e desejo, saúde e mortalidade, e judaísmo e suas obrigações - sem dúvida seu assunto mais comentado, dada a controvérsia em torno de seus primeiros trabalhos. 

Nos últimos anos, seu foco estava na nação e seus descontentamentos, da ascensão de Richard Nixon como uma figura política no início da Guerra Fria ao espetáculo do escândalo de Clinton-Lewinsky no que ficou conhecido como "Trilogia Americana": "Pastoral Americana" (1997), "Eu casei com um comunista" (1998) e "A Marca Humana" (2000). 

"Ele escreveu sobre a resposta americana ao Holocausto, mas também sobre seus efeitos em Israel e na Europa Central e Oriental", disse Aimee Pozorski, professora de inglês da Universidade Estadual Central de Connecticut, que escrevera extensivamente sobre Roth. "Ele falou sobre a propagação e o medo simultâneo do comunismo nos EUA, mas também considerou mudanças culturais em Praga durante esse período. Ele poderia escrever sobre essas questões internacionais porque ele era verdadeiramente cosmopolita, um cidadão global que era dominado pela cultura americana". 

Ela disse ainda que Roth foi "a voz de sua geração". 

Uma pesquisa de 2006 dos melhores livros desde 1981, realizada pela New York Times Book Review, encontrou seis dos romances de Roth entre os melhores 22. Bem ao chegar na terceira idade, ele continuou a ganhar os maiores louros de sua profissão com novos trabalhos evocativos. Em 1993, sua "Operação Shylock" ganhou o prestigioso prêmio PEN/Faulkner; em 1995, "O Teatro de Sabbath" ganhou o Prêmio Nacional de Literatura; e em 1997, "Pastoral Americana" ganhou o Prêmio Pulitzer. 

Seu apelo não se limitou aos círculos críticos de elite, atraindo fãs tão entusiastas como Bruce Springsteen, o músico de rock e nativo de Nova Jersey. Falando da "Trilogia Americana" de Roth, Springsteen observou certa vez: "Estar na faixa dos 60 anos fazendo um trabalho tão forte, cheio de revelações sobre o amor e a dor emocional, é o modo de viver sua vida artística". 

Depois de "A Marca Humana", Roth escreveu mais sete livros. 

Seus tópicos eram muitas vezes autobiográficos, mas tão tentadoramente velados que "Philip Roth" apareceu em vários romances. Roth gostava de borrar a linha entre fato e ficção; sua segunda esposa, a atriz inglesa Claire Bloom, sentiu-se traída ao ler um manuscrito de "Decepção" (1990), uma anatomia de infidelidade brutalmente franca que apresentava personagens chamados Philip e Claire. Roth removeu o nome de Bloom antes de publicar.

Roth era dono de um estilo realista e direto e adotava um humor ferino em suas obras. De origem judaica, era ateu e se considerava antirreligioso.

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