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Quinn Norton | Reprodução
Quinn Norton| Foto: Reprodução

Na tarde de terça-feira, o conselho editorial do jornal The New York Times anunciou a contratação da jornalista e ensaísta Quinn Norton como colunista de "poder, cultura e consequências da tecnologia".

Depois de algumas horas, Norton foi de fato confrontada com algumas consequências poderosas da tecnologia. 

No Twitter, as pessoas começaram a notar várias postagens antigas de Norton, algumas de vários anos atrás, nas quais ela era preconceituosa e homofóbica. Norton também foi criticada por se referir a Andrew Auernheimer, que ajuda a coordenar o site neonazista Daily Stormer, como amigo. 

No começo da noite, o New York Times anunciou que estava demitindo Norton

"Apesar da nossa análise do trabalho de Quinn Norton e das nossas conversas com os empregadores anteriores dela, essas informações são novas para nós", disse James Bennet, editor da página editorial do jornal, em uma declaração. "Baseados nisso, decidimos afastá-la". 

Muito da controvérsia no Twitter foi centrada na aparente amizade entre Norton e alguns neonazistas. Em outubro, ela postou na rede social que Auernheimer, conhecido como Weev, é "uma pessoa terrível e um antigo amigo meu. Já fui clara sobre isso". Alguns de seus amigos, ela disse, "são pessoas terríveis e também são meus amigos". 

Auernheimer, um grande troll e hacker, disse em um podcast em dezembro que as crianças judias "merecem morrer". O site que ele ajuda a manter, o Daily Stormer, é conhecido por atacar judeus, mulheres, imigrantes e pessoas não brancas. 

Em várias conversas no Twitter, principalmente entre 2013 e 2014, Norton se referiu a outros usuários da rede social de forma homofóbica. Em várias ocasiões ela usou também a palavra nigger (palavra pejorativa do inglês para se referir a pessoas negras). 

"Nesse momento, até onde eu possa dizer, ninguém é terrorista, assim como nenhum humano é um nigger", ela postou em outubro de 2013. 

Em 2009, ela repostou um tweet do ensaísta John Perry Barlow, que dizia: "Se Deus realmente quisesse que um nigger falasse com nossos estudantes, Ele teria feito com que ele fosse presidente. Hey, espera um pouco. Hm." 

Em uma longa conversa no Twitter na última terça-feira, Norton tentou contextualizar algumas dessas postagens. Ela disse, por exemplo, que não apoia Auernheimer: "isso não é necessariamente parte da minha definição de amizade. Acho que brancos devem ter relações com racistas durante sua vida". 

Ela se descreveu como uma "ativista queer" e disse que usa "a linguagem queer" quando fala com essa comunidade. Ela disse que usou determinadas frases "ocasionalmente quando estava com amigos gays na nossa comunidade". 

Ela disse também que repostou o tweet sarcástico de Barlow para ressaltar a situação para racistas depois que o presidente Barack Obama ganhou a primeira eleição. Ela também disse ter usado "variações de linguagem ofensiva para falar sobre questões de tom". 

"Eu estava tentando provar um ponto, mas outra coisa poderia ter resolvido melhor a questão", ela assumiu. 

"Como eu disse muitas vezes para o @nytimes, sem problemas", ela postou no Twitter. "Eu sinto não poder fazer o trabalho que queria fazer com eles. Eu gostaria de haver outra maneira, mas, recentemente, eles precisam se sentir seguros com a maneira com a qual a rede vai reagir aos colunistas deles". 

Norton, uma escritora freelancer, é conhecida por seu trabalho para o site Wired, cobrindo principalmente a cultura hacker, o Anonymous e o movimento Occupy. 

Ela também escreveu sobre seu relacionamento romântico de anos com o ativista Aaron Swartz, um programador de software pioneiro que teve um papel central na construção do site de notícias sociais Reddit. Ele se suicidou em 2013, quando enfrentava acusações federais de fraude por ter acessado ilegalmente a plataforma JSTOR, uma biblioteca digital de revistas acadêmicas com assinatura paga, baixando ilegalmente 4,8 milhões de documentos. 

Em um longo ensaio escrito em primeira pessoa para o site The Atlantic, Norton escreveu como e porque ela concordou em encontrar os procuradores durante a investigação. Ela que indicou para eles um documento escrito por Swartz chamado "O Manifesto de Guerrilha do Acesso Aberto", acreditando que as autoridades já o conheciam. Aparentemente eles não conheciam, e relatos indicam que a acusação usou o manifesto para mostrar como Swartz tinha intenções de compartilhar amplamente os arquivos que ele tinha baixado ilegalmente. 

Na terça-feira, antes do New York Times anunciar o afastamento de Norton, ela explicou em uma postagem de blog como ela tinha conseguido o trabalho. Ela disse que inicialmente tinha recusado a ideia, já que estava vivendo em Luxemburgo e faria uma cirurgia em pouco tempo. 

"Também tentei dar a entender que sou um pouco estranha", ela disse. Os editores que ela encontrou, disse Norton, "deixaram claro que eles não teriam problemas com a esquisitice". "Eles vão ter que descobrir o quão estranha eu sou", ela escreveu. "Mesmo assim, falei francamente sobre minha experiência, minha filosofia e minha abordagem do assunto. Eu os adverti de tudo: isso não é confortável, não é o que vocês estão procurando, mas sem problemas, obrigada por perguntar. Mas eles continuavam falando comigo". 

Mais tarde na terça-feira, Norton escreveu novamente em seu blog. 

"Bom, isso foi divertido. Ignorem o último texto. Agora vou dormir".

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