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Manifestantes desenharam  faixa de pedestres ausente no entorno na praça; | Colaboração/Ciclosul
Manifestantes desenharam faixa de pedestres ausente no entorno na praça;| Foto: Colaboração/Ciclosul

Depois de causar polêmica entre os moradores do entorno da Praça do Japão, no Batel, a nova linha de ônibus Ligeirão Norte-Sul, que começa a circular na próxima quarta-feira (28), deixou mais um grupo da cidade insatisfeito. Trata-se dos ciclistas que costumam usar a via calma na Av. Sete de Setembro, já que, para que os ônibus possam rodar, um trecho de duas quadras de circulação compartilhada entre carros e bikes deixará de funcionar na região. Uma manifestação de ciclistas contrários a proibição e a outras pautas afins começou na praça nesta sexta-feira (23), às 19h.

Cerca de 80 ciclistas participam do protesto. Durante o ato, manifestantes fizeram desenhos com giz na calçada e nas ruas do entorno, sinalizando a falta de faixas para pedestres e outras sinalizações. Cartazes com inscrições como “Rosângela e Greca saiam da contramão” e “Que projeto mal feito, para com isso prefeito!” foram colocados na parte frontal das bicicletas de alguns dos manifestantes.

Para a Associação de Ciclistas do Alto-Iguaçu (Cicloiguaçu), um dos grupos integrantes da mobilização, a mudança representa “um grande retrocesso em termos de mobilidade urbana”, conforme nota explicativa enviada à reportagem. Os manifestantes, porém, afirmam que não são contrários ao novo Ligeirão. “Nós achamos apenas que o projeto deveria ter sido executado de outra forma, para que não causasse tanto risco para os ciclistas e até mesmo para os carros e pedestres”, avalia Fernando Rosembaum, membro da Cicloiguaçu.

Proposta alternativa: veja a ideia dos ciclistas para a circulação do Ligeirão

Apesar do fim da faixa exclusiva para trânsito de bicicletas, não está proibido pedalar no trecho, que vai da altura do Colégio Santa Terezinha de Menino Jesus até o fim da praça do Japão. De acordo com a Superintendência Municipal de Trânsito (Setran), porém, a indicação é de que o ciclista desça e vá empurrando a bike pela calçada. “O ciclista pode continuar na via, mas por conta e risco dele. Ele tem que lembrar que vai ter carros e um ônibus circulando por ali também. Esse ônibus não vai estar com pessoas, mas esse giro que ele vai fazer para voltar à Sete de Setembro é um movimento perigoso”, justificou a engenheira responsável pela Superintendência Municipal de Trânsito, Rosangela Battistella.

Além do aumento do perigo, o grupo de ciclistas defende que a imposição do modelo vai contra o Código de Trânsito Brasileiro , por negligenciar o artigo 1.º que exige que a gestão assuma a responsabilidade por criar condições para o trânsito seguro. Para que a integração entre o ônibus e as bicicletas aconteçam de acordo com as expectativas dos ciclistas, o grupo preparou uma proposta alternativa ao atual modelo de circulação do ligeirão, que irá contornar a praça (veja abaixo). A ideia inclui a eliminação de vagas de estacionamento no entorno da praça e a transferência do ponto de táxi para outra área.“Nos queremos apresentar essa ideia para o Ippuc na próxima semana, para que eles avaliem a viabilidade”, explica Henrique Jakobi, designer que montou o desenho e membro da Cicloiguaçu.

Além das questões relacionadas ao Ligeirão, a manifestação também busca chamar a atenção para outros pontos da ciclomobilidade em Curitiba. Entre eles, o grupo pontua a retirada das calçadas verdes, a falta de ampliação da malha de ciclovias da cidade e a falta de manutenção das faixas das áreas calmas.

Polêmicas

Essa não é a única polêmica que surgiu com a implantação do ligeirão Norte-Sul. Para que os ônibus fizessem o contorno, a prefeitura fez modificações na Praça do Japão que não agradaram os moradores da região.

O assunto foi parar na Justiça depois que o Ministério Público pediu a suspensão das obras, alegando falta de transparência no processo. Além disso, moradores que criticaram a falta de diálogo se manifestaram contra as obras que alteraram os limites da praça. Houve protesto e até mesmo bate-boca com o prefeito Rafael Greca (PMN), que, mais tarde, chegou a falar que a oposição às obras era coisa “ de madame”.

Ao fim, a Justiça acabou negando o pedido de paralisação por entender que a paralisação dos trabalhos poderia ocasionar prejuízos ao projeto, à população e aos cofres públicos, já que cerca de R$ 16 milhões chegaram a ser investidos.

Veja a comparação entre o modelo atual de circulação e a proposta feita pelo grupo:

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