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| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Em apenas dois meses, dois professores da Escola Municipal Professora Maria Neide Gabardo Betiatto, no Umbará, em Curitiba, tiveram seus carros levados por assaltantes em plena luz do dia. Os fatos levaram a direção do colégio a colocar uma faixa em frente ao prédio pedindo “socorro às autoridades” – súplica reforçada por toda a comunidade da região, que vem colecionando boletins de ocorrência e pedidos de reforço por mais segurança no bairro. 

Rocio Menezes, de 33 anos, tem autoridade para falar sobre o assunto. O açougue da família dela, desde que foi aberto, em 2003, já foi assaltado 16 vezes – nove só no ano passado. Este ano, foram mais dois roubos. Tanta apreensão foi decisiva para fazer a família contratar um segurança particular, que atua nos horários mais estratégicos: no fim do dia, e nas manhãs de domingo, quando os funcionários chegam às 5 horas para preparar assados. 

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Foi justamente na manhã de um domingo um dos últimos assaltos registrados por Rocio. “Quando esses dias os meninos abriram e depois colocaram as máquinas para fora, eles assaltaram”, contou. O grupo só não levou as carnes porque o assador já estava muito quente – sorte que não se repetiu em outra situação. “Já aconteceu de eles entrarem, de escolher carne boa, alcatra sem osso, tulipa, coração, e quando chegaram no caixa, deram voz de assalto. Ainda levaram R$ 600 do cliente que estava aqui e caixinhas de cerveja gelada. Quando eles saíram e foram entrar no carro, outro que estava no carro ainda gritou ‘o carvão, o carvão’, e eles voltaram para buscar o carvão que tinham esquecido”, relatou a proprietária. 

Por mês, Rocio gasta aproximadamente R$ 600 com segurança particular na tentativa de evitar prejuízos maiores. “Quanta coisa que daria para comprar [com o dinheiro pago ao segurança] e ainda melhorar o atendimento. Mas, todo o bairro está assim e não tem mais horário. É direto”, conta. 

Os ladrões não perdoam nem mesmo quem vai pegar ônibus. Clarice de Melo, moradora do bairro, diz que aguardar a chegada do transporte público nos pontos exige medidas específicas. “Eu, celular nem uso. Não deixo à vista nem a bolsa”, comenta a mulher, que nunca foi assaltada na espera do ônibus, mas que diz conhecer histórias de quem chegou ali e perdeu muita coisa. “Sem contar que à noite as pessoas não ficam mais nos pontos, ficam em outros lugares mais movimentados. Aí quando o ônibus está vindo elas vêm para cá”, afirma. 

Escola na mira

Professores e alunos da Escola Municipal Professora Maria Neide Gabardo Betiatto também vivem momentos de insegurança. Um morador da comunidade que preferiu não se identificar confirmou que dois carros foram levados de professores do colégio m um período de dois meses. Em 2 de junho, mãe e filha que saíam de uma reunião na escola foram abordadas por um criminoso, que segurou a criança em um gesto de ameaça para que a mãe lhe desse o celular. A direção da escola contratou um segurança particular para afastar os criminosos para essa reunião e outros três seguranças particulares para amenizar o clima de apreensão na festa junina do colégio, que foi realizada em 10 de junho. A empreitada custou aos cofres da escola R$ 450.

“Se fosse um caso isolado... mas são muitos em um curto espaço de tempo”, argumentou o morador, que acredita que os assaltos vêm sendo cometidos por gente de fora do bairro. “É pessoal que vem e fica pouco tempo, só pra roubar mesmo”, afirmou. 

Luís Carlos Rodrigues, de 51 anos, tem uma loja de presentes e utilidades domésticas próxima à escola. Desde que abriu o negócio, em novembro do ano passado, nunca foi assaltado, mas vive com o medo de ser a próxima vítima. Morador do bairro á 42 anos, ele observa o aumento de crimes na região. “Antigamente tinha guarda na escola todo dia, daí inibia um pouco essa roubação. Mas agora se aproveitam porque não tem segurança. Uma grande coisa que poderia ter aqui, para ajudar, é um módulo móvel. Não é só bairro nobre que tem esses problemas”, comenta, em uma alusão à instalação de um módulo móvel da Polícia Militar na Praça da Espanha, no Bigorrilho. Após moradores e comerciantes no entorno da praça reclamarem do excesso de vandalismo na praça e o Ministério Público do Paraná (MP-PR) notificar a prefeitura de Curitiba sobre a situação. O governador Beto Richa autorizou a implantação de policiamento 24 horas no local

Polícia promete reforço na segurança

A Polícia Militar afirmou que vai reforçar a segurança no Umbará. Em nota, a corporação informou que entrou em contato com a escola do bairro para avaliar “as condições de segurança do local e das adjacências, a realidade estrutural e criminal, com o intuito de adotar medidas diante dos problemas apresentado”. 

“Cabe informar ainda que o 13º Batalhão de Polícia Militar e BPEC [Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária] já fazem patrulhamento nas regiões citadas, bem como um trabalho comunitário com a comunidade escolar e a população em geral. O trabalho de policiamento é diuturno nesses bairros no atendimento às mais distintas ocorrências como furtos, roubos, perturbação do sossego, entre outras, priorizando sempre as de perigo à vida”, disse a nota. 

A Guarda Municipal de Curitiba, também por meio de nota, afirmou que “ vem realizando reuniões com os servidores e a comunidade em conjunto com Polícia Militar e Polícia Civil e que está procurando aumentar as rondas preventivas no intuito de coibir tais ocorrências”. 

O órgão ressaltou ainda que os servidores públicos e a comunidade podem acionar a Guarda Municipal 24 horas por dia pelos telefones 153 e 190.

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