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Marca de um dos crucifixos de bronze roubados no Cemitério Municipal: violência assusta os frequentadores. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Marca de um dos crucifixos de bronze roubados no Cemitério Municipal: violência assusta os frequentadores.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O ladrão flagrado roubando placas e peças de bronze na noite de domingo (28) não é um caso isolado no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, o mais tradicional de Curitiba, conhecido apenas como Cemitério Municipal. Tanto que, na noite de segunda-feira (29), um dia após o flagrante de domingo, um crucifixo de 1,5 metro chegou a ser retirado de um túmulo. A peça foi encontrada no chão na manhã desta terça (30) e só não foi levada porque provavelmente o ladrão não aguentou o peso.

Imagens: fotos do vandalismo no Cemitério Municipal

O cemitério vive com um sentimento de insegurança geral e o vandalismo tem mudado o perfil do espaço. Túmulos centenários perdem fotos e os epitáfios já não trazem mais mensagens. Em muitos jazigos, os rebocos evidenciam que ali, há não muito tempo, havia uma lembrança ou homenagem, e, dessa forma, o cemitério vai perdendo parte de sua história.

Cenário é de guerra: são tantos os jazigos depredados, que a imagem no Cemitério Municipal remete a um bombardeio. Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Além dos furtos constantes nos túmulos, frequentadores também convivem com assaltos e invasão de moradores de ruas, que chegam a dormir nos jazigos.

O aumento de relatos de vandalismo, depredação e roubo no local assusta. E não é de agora. Ano passado, vândalos invadiram o cemitério e depredaram vários túmulos importantes. Entre os alvos estava a famosa estátua da menina Lucy - monumento de mármore trazido da Itália ainda no século XIX.

A zeladora de túmulos Manoela Correia, de 80 anos, trabalha no cemitério há 40 anos e conta que há cerca de dois anos chegou a ser perseguida entre os jazigos. “A pessoa tentou me agarrar, eu corri, bati para me afastar dele e acabei batendo o cotovelo na quina de um túmulo”, relata a idosa mostrano a cicatriz que ficou no braço.

Cacos de vidro da porta de um dos jazigos arrombados por ladrões. Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O pedreiro Rogério Oliveira, 36 anos, relata que a insegurança entre os muros do cemitério não apenas têm mudado a imagem do espaço como também afugentado frequentadores. Na manhã de terça-feira, eram poucas as pessoas que visitavam o cemitério. “O pessoal está com medo e deixou de vir. Dá para perceber isso. Eu mesmo recomendo para as pessoas não virem no fim de semana porque é bem mais perigoso”, afirma.

Jazigos viram abrigos

Outra zeladora, que não quis se identificar, falou que procura realizar os serviços de limpeza sempre em dupla para evitar surpresas. “Já vimos várias vezes velhinhas sendo assaltadas quando estão lá rezando. Elas vêm gritando para gente, mas vamos fazer o quê?”, questiona.

Ela ressalta ainda que fora os casos de roubos e furtos, de uns tempos para cá moradores de rua começaram a transformar as gavetas abertas dos jazigos em abrigo. Na manhã desta terça, ao menos duas gavetas ainda tinham vestígios da passagem recente pessoas por ali. Em uma das gavetas mortuárias, panos velhos formavam uma espécie de cama. Em outra, ainda havia garrafas de bebidas espalhadas .

Não raro, são consumidas bebidas alcoólicas no cemitério e as garrafas ficam nas gavetas. Geralmente, os moradores de rua só vão ao cemitério à noite para dormir.

Algumas das gavetas mortuárias estão sendo usadas por moradores de rua para dormir.Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Poucas ocorrências registradas

Procurada, a Secretaria Municipal de Defesa Social não explicou como a Guarda Municipal atua para combater as ocorrências nos cemitérios municipais. A pasta também informou que não possui dados estatísticos referentes a roubos ou outros crimes nos cemitérios. De acordo com a resposta da secretaria, as ocorrências em cemitérios são muito específicas e muitas vezes nem chegam a ser denunciadas à Guarda Municipal.

Já a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que cuida da manutenção dos cemitérios, informou que todas as capelas dos quatro cemitérios municipais passaram por serviços de pintura interna, feitos pela própria equipe da pasta. No início do ano, havia reclamações de baratas nessas capelas.

A Secretaria de Meio Ambiente disse ainda que deve ser publicado em breve edital de licitação para a reforma dos estofados das capelas, com custo estimado de R$ 38 mil.

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