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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Depois de vários dias de reflexos em todo o país por causa da greve dos caminhoneiros, o fim de semana deve ser ainda pior - ao menos em Curitiba. Na capital, os combustíveis de 95% dos postos haviam acabado até o início da noite de sexta-feira (25), e os que ainda têm encontram-se com filas literalmente quilométricas. Isso significa que, além de mantimentos não estarem sendo trazidos para a cidade, a mobilidade pelos bairros também será afetada.

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Na tarde desta sexta, um dos postos da na cidade, na Av. Presidente Kennedy, no Parolin, chegou a ter filas de veículos ao longo de sete quadras. Isso levou os motoristas a aguardarem por até três horas para conseguir abastecer com gasolina aditivada - o único combustível disponível no local. Uma das bombas do estabelecimento, porém, chegou a ser “reservada” para pessoas a pé, que levavam galões para serem preenchidos e também formavam filas de espera de cerca de 30 minutos.

A situação também gerou congestionamentos no trânsito de diversas ruas da cidade. Outro local onde isso aconteceu foi na BR-277, no Jardim das Américas, onde um posto próximo a um trecho sem acostamento também teve filas percorrendo uma das pistas da rodovia até a noite desta sexta.

Mesmo quem conseguiu se prevenir e abastecer ao longo do dia, no entanto, espera ficar sem combustível até o fim de domingo (27), caso mantenha as atividades que já estavam programadas para o fim de semana. É o caso da projetista Edna Ramos, que enfrentou uma fila de duas horas com o filho de 11 meses dentro do carro - tudo para conseguir cerca de 11 litros de gasolina em um posto de Curitiba. “Eu fiquei com medo de ficar com o tanque zerado, porque temos muitas coisas para fazer nos próximos dias. Mas não consegui encher o tanque porque só tinha 70 reais aqui comigo”, explica.

Veja outros efeitos da greve para o fim de semana:

Falta de gás

Além da escassez de combustíveis, o estoque do gás de cozinha também está no limite nas revendas de Curitiba. Na quinta-feira (27), os estabelecimentos já estimavam que a quantidade de botijões estava pela metade, de acordo com a Associação Brasileira de Entidades de Classe das Revendas de Gás LP (Abragás), o que reduziu ainda mais com a população da cidade se mobilizando para garantir o botijão reserva nesta sexta.

Aplicativos de mobilidade

Quem depende de táxi ou carros de aplicativos para circular por Curitiba pode enfrentar dificuldades na hora de iniciar uma corrida. As duas categorias também os impactos do desabastecimento - principalmente os apps. A estimativa é de que o combustível restante nos veículos deve ser o suficiente apenas para o fim de semana. Com esse cenário, alguns motoristas de apps, por exemplo, já falam em dar preferência por corridas consideradas mais vantajosas. “Acho que vou guardar [combustível] para um evento que vale a pena, com corridas longas e tarifas dinâmicas, como o Country Festival”, conta Gessiwilliam Guilhermino dos Santos, motorista e representante de um grupo de motoristas, enquanto tentava abastecer seu carro nesta sexta-feira.

A falta de veículos disponíveis deve afetar também o valor dar corridas. A tarifa dinâmica adotada por algumas plataformas pode fazer o preço da viagem disparar dependendo da oferta de carros. Em uma simulação feita pela Gazeta do Povo, uma viagem do Tarumã ao Santa Quitéria sairia por R$ 54 na noite desta sexta-feira. Em dias normais, o mesmo trajeto é feito por R$ 22.

Os táxis também devem opera em número reduzido. Segundo estimativa da União dos Taxistas de Curitiba (UTC), o combustível deve ser o suficiente para abastecer as corridas até domingo. No entanto, isso não significa que a cidade vai ficar sem táxis nas ruas, já que cerca de 600 desses veículos são equipados com Gás Natural Veicular (GNV), que não sofre impacto com a greve dos caminhoneiros.

Falta de alimentos

Alguns mercados já sofrem com o desabastecimento. A falta de produtos no Ceasa fez com que frutas e verduras sumissem rapidamente das prateleiras e há ainda a dificuldade de deslocamento de caminhões. Isso tudo afetou vários supermercados e açougues de Curitiba. Em alguns locais, as câmaras frias já estavam completamente vazias.Toda essa situação fez com que restaurantes e bares revessem seus cardápios para o fim de semana. A rede Madero, por exemplo, afirmou que cogita fechar algumas de suas lojas por causa de falta de produtos. Em outros estabelecimentos, o medo é que os estoques zerem durante o fim de semana. Além disso, uma hamburgueria do bairro Água Verde trouxe à tona outro problema que pode surgir nos próximos dias: com os caminhões de bebida não conseguindo avançar nas estradas, os bares de Curitiba podem ficar sem cerveja e chope já neste fim de semana.

Sem aulas

Além dos impactos no sábado e no domingo, também é preciso ficar atento às consequências que irão aparecer já no início da semana que vem. Pelo menos duas universidades de Curitiba suspenderam as aulas para a próxima semana.

A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), não terá aulas nos campi de Curitiba, Ponta Grossa e Dois Vizinhos. Apesar de ter decidido manter o vestibular de inverno no domingo (27), a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) cancelou as aulas em quatro cidades do Paraná. Segundo a universidade, os campi Curitiba, Maringá, Londrina e Toledo terão as atividades acadêmicas suspensas a partir da noite desta sexta-feira (25) até que o abastecimento seja normalizado. Além delas, UEL, UEPG e Unicentro também suspenderam as atividades.

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