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Fila de táxis no Centro de Curitiba: especialistas acreditam que serviço terá se modificar para seguir competitivo. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Fila de táxis no Centro de Curitiba: especialistas acreditam que serviço terá se modificar para seguir competitivo.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Estima-se que, em um ano, a arrecadação de Curitiba com aplicativos de transporte compartilhado, como Uber, Cabify e 99Pop, seja três vezes superior ao que a prefeitura recebe com táxis. Nos três primeiros meses após a regulamentação do serviço, em julho passado, o executivo municipal recebeu R$ 3,6 milhões. Com os táxis, foram R$ 4,5 milhões durante 2017 inteiro. Os números mostram a adesão massiva ao novo serviço e indicam um caminho de mudanças para o modelo de táxi que conhecemos hoje. Um processo que deve beneficiar o consumidor.

O especialista em trânsito e mobilidade urbana Glavio Leal Paura não acredita no fim dos táxis, mas enxerga o serviço se modernizando e se aproximando cada vez mais dos aplicativos. “Hoje, temos um serviço que atende à demanda da população de forma mais cômoda e barata. Antes, em dia de chuva, por exemplo, não tínhamos táxis suficientes”, diz Paura, professor dos cursos de Engenharia da Universidade Positivo.

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O especialista faz uma analogia ao que ocorreu com a desvalorização das linhas telefônicas nos anos 90, quando o serviço se tornou mais acessível à população. Com o tempo, o mercado se adaptou e hoje temos a oferta de produtos de acordo com as necessidades dos clientes. Com o táxi não deve ser diferente. Com mais serviços e concorrência, o usuário deverá ser o maior beneficiado: terá mais oferta, menores preços e maior qualidade.

“O mercado está aberto. O cliente escolhe o serviço que quer. O que a gente cobra do poder público são condições de igualdade entre os serviços.” Renato Pieritz, diretor da radio-táxi Mega Táxi.

“Sou muito a favor de todos os serviços, mas neste momento está sendo injusto para o taxista. E isso não é só em Curitiba. O caminho é desburocratizar o táxi e não burocratizar os aplicativos. Ter placa vermelha hoje, por exemplo, é desnecessário”, diz, defendendo mudanças na legislação vigente, com regras mais simples para todos os serviços.

É isso que os taxistas estão defendendo. “O mercado está aberto. O cliente escolhe o serviço que quer. O que a gente cobra do poder público são condições de igualdade entre os serviços”, diz Renato Pieritz, diretor da radio-táxi Mega Táxi, resultado da junção das centrais Curitiba e Sereia. A fusão das operadoras de táxi visa reduzir custos de operação, aumentar o número de veículos e garantir preços competitivos e descontos aos usuários. “Investimos em tecnologia, capacitação de motoristas e também contamos com um aplicativo. Tudo em benefício do cliente”, diz o diretor.

E o usuário?

No que depender do usuário, nenhum serviço está condenado ao fim. Cliente cativo dos táxis de Curitiba, o empresário Maximiliano Gava, 55 anos, diz não trocar o serviço pelas alternativas tecnológicas. A confiança é tanta que, há cinco anos, ele deixou de trabalhar com motoboys em entregas. Agora, são taxistas que levam suas massas para os clientes. “Sempre fui bem atendido. Estabelecemos uma proximidade com os motoristas, o que também traz segurança”, diz Gava, lembrando usar táxis desde os 5 anos de idade.

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A possibilidade de acompanhar a cobrança pelo taxímetro, ter uma central e um órgão regulador (Urbs) para reportar eventuais problemas e a fácil identificação dos carros alaranjados estão entre os fatores que fidelizaram Gava ao serviço. “Sou contra o monopólio, mas tem que igualar o sistema para termos uma concorrência leal”, pondera.

“Sou muito a favor de todos os serviços, mas neste momento está sendo injusto para o taxista. E isso não é só em Curitiba. O caminho é desburocratizar o táxi e não burocratizar os aplicativos. Ter placa vermelha hoje, por exemplo, é desnecessário.” Glavio Leal Paura, especialista em trânsito e mobilidade urbana

Usuário de aplicativos, o administrador Bruno José Santos, 35 anos, também enxerga a concorrência do mercado como um fator positivo para que os serviços passem por mudanças, se modernizem e ofereçam melhores produtos ao usuário. “Gosto da praticidade, da estimativa do valor, da estimativa do tempo de trajeto, de saber a avaliação do motorista. Sempre tem alguma promoção e vantagens para quem utiliza com mais frequência”, diz Santos, que opta por pesquisar e usar o aplicativo com melhor preço.

Os valores praticados pelos aplicativos, inclusive, reforçam a decisão do administrador de ter apenas um veículo para a família. “Se colocar na ponta do lápis os gastos com outro veículo e os riscos de ter dois carros na rua, dependendo da distância e dos percursos, realmente vale mais a pena fazer parte dos deslocamentos com os aplicativos. Com um carro, otimizamos percursos, gastamos menos combustível e passamos mais tempo com a família”, avalia.

Arrecadação

Atualmente, em Curitiba, a tarifa dos aplicativos de transporte compartilhado é cobrada por quilômetro rodado em três faixas: R$ 0,08 por quilômetro para corridas de até 5 km; R$ 0,05 para corridas entre 5 e 10 km; e R$ 0,03 para corridas acima de 10 km. Já os taxistas pagam ao poder público uma outorga anual (R$ 1.350) e uma taxa de administração (R$ 162).

Além da tarifa, a regulamentação dos aplicativos também determina que os carros sejam identificados pelo serviço ao qual atendem, que a prefeitura tenha acesso aos dados de todas as corridas feitas na cidade e que os veículos sejam emplacados em Curitiba.

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