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Foto das instalações da Bosch em Curitiba em 1975. Empresa foi uma das pioneiras alemãs por aqui | Divulgação
Foto das instalações da Bosch em Curitiba em 1975. Empresa foi uma das pioneiras alemãs por aqui| Foto: Divulgação

Novos negócios

Estado continua na mira alemã, mas agora também em comércio e serviços

Cerca de quarenta anos depois da chegada da Siemens na Cidade Industrial de Curitiba, as empresas alemãs continuam buscando o Paraná para investir. A diferença é que agora o capital alemão não é destinado apenas à indústria, mas também ao comércio e aos serviços. A Eismann, que produz e vende alimentos ultracongelados porta a porta, chegou em 2009, atraída pelo potencial consumidor brasileiro. "Acreditamos que o Brasil tem o mesmo potencial da nossa matriz na Alemanha, onde o grupo fatura o equivalente a R$ 650 milhões", diz o presidente da Eismann no Brasil, Michael Jannissen.

Para isso, a empresa planeja investir R$ 138 milhões nos próximos dez anos e começou, a partir de Curitiba, o seu processo de expansão para o interior do estado e também para Santa Catarina. Outra empresa alemã que está vindo, para Castro, nos Campos Gerais, é a Evonik Industries, especializada em nutrição animal. A companhia deve investir R$ 250 milhões na implantação da fábrica e gerar cerca de 100 empregos diretos e 300 indiretos até 2015. A alemã Linde, do setor de gases industriais e medicinais, também escolheu Curitiba para instalar a sua sexta fábrica no Brasil. Ao todo, a empresa deve investir R$ 135 milhões na produção de nitrogênio, oxigênio e argônio.

Entrevista

Câmara Alemã quer intensificar rodadas de negócio com o Brasil

O novo diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de Curitiba (AHK), Andreas Hoffrichter, vive aqui desde 1995 e fala dos novos planos da entidade.

Quais são os planos futuros para Câmara Alemã?

Aumentar os negócios entre Brasil e Alemanha, trazendo mais empresas alemãs para investir em Curitiba. Para isso, queremos intensificar as rodadas de negócio, que servem para aproximar empresas do mesmo segmento dos dois países. Além disso, queremos aumentar o número de sócios – de 200 para 220 – e ampliar serviços aos associados.

Que balanço o senhor faz dos 40 anos de atuação da Câmara Alemã?

Imagine um empresário alemão querendo abrir uma empresa em Curitiba na década de 70, sem nenhuma referência sobre o mercado e a legislação do país. Há quarenta anos, essa era uma grande dificuldade, mas os pioneiros da Câmara amenizaram isso. Hoje, as 14 Câmaras do Brasil estão conectadas a outras 120 em 80 países. Um associado que queira fazer um negócio na China entra em contato conosco e fazemos o intermédio.

  • Silveira Jr., presidente da Brose: foco na América do Sul

No início da década de 1970, na companhia de empresários paranaenses, o advogado Wilmar Eppinger fez mais de 23 viagens à Alemanha para convencer os investidores de lá de que o Brasil ia além de São Paulo, e que Curitiba, no Sul do país, era um bom lugar para novos investimentos. Paralelamente, a prefeitura da capital também se dedicou a atrair grandes multinacionais para viabilizar o projeto da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), recém-inaugurada. A primeira empresa a desembarcar por aqui, como resultado desse esforço, foi a alemã Siemens, em 1975.

Na época, Curitiba tinha cerca de 500 mil habitantes, apenas, e uma indústria local básica, sem valor tecnológico agregado. "Diretamente, ajudamos a trazer 16 empresas. Depois vieram pelo menos mais oito", diz Eppinger, um dos fundadores da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de Curitiba, que completa 41 anos em 2013 e foi fundamental na aproximação do empresariado dos dois países. "Além de ajudar na constituição das empresas no Brasil, também fui gerente de algumas delas na fase inicial", conta ele.

Segundo Hans Voswin­­ckel, presidente do Grupo Servopa e um dos primeiros diretores da Câmara Alemã, com a CIC Curitiba passou a ter algo a oferecer aos investidores e empresários estrangeiros. Além do local preparado, havia incentivos fiscais e até mesmo a terraplanagem do terreno.

Pioneira, a Siemens abriu caminho para outras conterrâneas, que ajudaram a imprimir no DNA da indústria paranaense o foco em qualidade e tecnologia. Ainda na década de 1970 desembarcaram em Curitiba empresas como a Bosch, a Vollmer e a Trox do Brasil, que continuam por aqui. Em uma segunda fase, no fim da década de 1990 e já com endereço certo, as empresas alemãs vieram para atender à nascente indústria automotiva do estado, em especial a Volkswagen, que havia se instalado em São José dos Pinhais.

"A vinda das empresas alemãs ajudou a mudar o perfil econômico do estado, que até então era essencialmente agrícola", afirma o diretor da Câmara Alemã de Curitiba, Andreas Hoffrichter. Muitas dessas companhias não existem mais ou acabaram sendo incorporadas, mas deixaram um legado de desenvolvimento tecnológico importantes. Hoje, a região de Curitiba é o terceiro maior polo automotivo do país.

Brasil

Segundo Hoffrichter, 10% dos investimentos estrangeiros no Brasil hoje são de empresas alemãs e no passado recente os números são significativos. Entre 2007 e 2010 foram investidos cerca de U$ 6 bilhões, ou R$ 12 bilhões.

"No Brasil, de maneira geral, as empresas alemãs são muito fortes na indústria automotiva e de autopeças, química, farmacêutica, metal-mecânica e têxtil", diz Hoffrichter. Em todo país, são 1,2 mil empresas de capital alemão, que empregam cerca de 250 mil pessoas. A maioria está no Sudeste, em São Paulo, e no Sul.

Brose veio ao Brasil com endereço certo

Pouco mais de três quilômetros separam as fábricas da Volkswagen e da Brose em São José dos Pinhais. A proximidade das duas empresas alemãs não é à toa. Foi um projeto específico da montadora que trouxe a Brose para o Brasil. "A Brose tinha uma espécie de contrato-âncora com a Volkswagen e veio para produzir os equipamentos que seriam utilizados no Golf", explica o presidente da empresa, José Bosco Silveira Jr. Assim como a Brose, outras companhias alemãs vieram para a região de Curitiba com o "endereço certo" no fim da década de 1990 e ajudaram a transformar a região em um polo automotivo. Segundo Silveira Jr., a indústria paranaense incorporou o foco dos alemães em tecnologia e qualidade, comprovando o lado positivo desse intercâmbio. Embora tenha vindo para atender à Volkswagen, a Brose do Brasil não se limitou à conterrânea e cresceu. Passou a atender outras montadoras no mercado brasileiro e sul-americano e viu seu faturamento saltar de modestos R$ 20 milhões para R$ 380 milhões. Fez aquisições e vem crescendo, em média, 30% ao ano com a venda de mecanismos de vidros para automóveis e módulos de portas e ajustadores para bancos, que são os carros-chefes do portfólio da empresa.

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