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Acessos à web via rede 4G chegaram a 6,7 milhões em 2014: em período similar, o 3G já havia alcançado a marca de 8,7 milhões | Lucas Pontes/Gazeta do Povo
Acessos à web via rede 4G chegaram a 6,7 milhões em 2014: em período similar, o 3G já havia alcançado a marca de 8,7 milhões| Foto: Lucas Pontes/Gazeta do Povo

Frequência

Nova faixa vai demorar alguns anos para ser utilizada

Segundo determinação da Anatel, a expansão do 4G na faixa de 700 MHz, leiloada em setembro do ano passado, só poderá ser iniciada em cada município brasileiro um ano após o desligamento dos canais analógicos – apesar das operadoras terem se pronunciado publicamente a favor de um cronograma mais curto para a mudança, a expectativa é que a expansão da nova rede só ocorra mesmo daqui a dois ou três anos.

A nova faixa possui um alcance maior do que a utilizada hoje, de 2,5 Ghz, o que permite às operadoras investir menos na instalação de antenas e, assim, conseguir uma cobertura mais ampla. Já a qualidade e a velocidade da conexão móvel não mudam.

"A nova frequência só vai estar disponível realmente a partir de 2018, 2019. Não dá para levá-la em consideração para os próximos anos. O 4G vai ter que crescer com a faixa de 2,5 Ghz mesmo. Na realidade, a vantagem da faixa de 700 MHz é que tornará mais barata a implementação do serviço, principalmente em áreas menos densas", avalia o presidente da Teleco, Eduardo Tude.

Acessar a internet pelo celular via rede 4G tem se tornado mais comum no Brasil –os acessos móveis por essa tecnologia quadruplicaram no último ano, chegando à marca de 6,7 milhões em dezembro. A quarta geração da telefonia móvel, porém, avança em um ritmo mais lento do que quando o 3G chegou ao país, limitada por uma cobertura reduzida e refém de poucos e caros aparelhos celulares.

Segundos dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o 3G já contava com 8,7 milhões de acessos quase dois anos após a sua chegada ao mercado –levando em conta o mesmo período de tempo, o 4G ainda não atingiu a marca de 7 milhões (veja infográfico). A própria existência da internet móvel de terceira geração ajuda a explicar a diferença na adoção entre as duas tecnologias.

Hoje, 57% dos celulares do país têm acesso à banda larga móvel, mas apenas 5% desta fatia corresponde ao 4G. Já consolidado, apesar das constantes reclamações quanto à qualidade de conexão, o 3G está presente em 3.838 municípios; o 4G, apenas em 147. "Quando o 3G surgiu, não tínhamos nenhum acesso móvel com performance similar à banda larga fixa. A única opção de navegação via celular era o 2G, uma alternativa péssima. Já o 4G surge num cenário em que já existe uma tecnologia razoável, não há uma quebra de paradigma de mercado. O 4G, de certa forma, acaba concorrendo com o 3G", afirma o analista de telecom da IDC Brasil, Samuel Rodrigues.

Para o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, a principal barreira não é a cobertura reduzida, mas o preço dos aparelhos –a maioria dos modelos com a tecnologia ainda é vendida acima da faixa de mil reais, enquanto um celular intermediário com 3G sai pela metade desse valor. Além disso, as opções são limitadas: a Anatel homologou até o momento 82 celulares com 4G, enquanto existem no mercado brasileiro 587 aparelhos com 3G.

"A cobertura vai acompanhar a demanda e aumentará à medida que tiver mais gente usando. Esse ano mais municípios terão 4G, devido aos compromissos das operadoras com a Anatel. E à medida que o número de usuários aumentar, as próprias operadoras terão interesse em aumentar por conta essa cobertura", explica Tude.

Mercado

A previsão da IDC Brasil é que o número de usuários do 4G chegue a 11 milhões até o fim desse ano – um mercado que promete ser disputado de forma acirrada pelas operadoras, mesmo com o interesse ainda incipiente do grande público pela tecnologia. E não à toa: segundo a IDC, a receita das empresas com dados móveis crescerá 16,2% em 2015, enquanto os serviços de voz fixa terão queda de 1,7%.

"O 4G não é mais um modo de se diferenciar, mas sim uma necessidade para as operadoras. A cada dia os serviços de dados vão ganhando mais relevância para as pessoas. E os clientes de 4G, em geral, apesar de não serem muitos em números absolutos, se destacam por consumir um grande volume de dados", relata o diretor regional da Claro no Paraná e em Santa Catarina, Versione Souza.

Operadoras têm planos para ampliar área de cobertura

Vista como um dos entraves a uma maior adesão do 4G, a cobertura reduzida promete ser atacada de frente nos próximos anos pelas operadoras de telefonia, antes mesmo da utilização da nova frequência de 700 MHz, objeto de leilão em setembro do ano passado. Só a TIM, vice-líder de mercado em 4G, prevê investir cerca de R$ 1,5 bilhão na implantação do serviço em mais 259 cidades brasileiros nos próximos dois anos.

Hoje, o 4G da operadora está presente em 45 cidades, mesmo número de cobertura da Oi. A Vivo, com o maior número de usuários da quarta geração, tem cobertura em 140 cidades e a Claro, em 93. "Mesmo expandindo a rede, a TIM mantém sua estratégia de não oferecer planos diferenciados e mais caros para a tecnologia de quarta geração", afirma o diretor nacional de rede da TIM, Marco di Constanzo.

A Claro, apesar de não citar números, também diz que irá ampliar o número de cidades atendidas. A promessa é dobrar a cobertura de 4G no Paraná – hoje o serviço só está presente em Cascavel, Curitiba, Londrina e Maringá.

Única das quatro grandes empresas a não participar do leilão da faixa de 700 MHz ano passado, a Oi diz que também pretende aumentar a cobertura no estado neste ano, atualmente restrita a Curitiba e Londrina. A intenção é disponibilizar 4G em cidades como Maringá, Ponta Grossa, Colombo, Foz do Iguaçu, São José dos Pinhais e Cascavel.

Segundo o diretor de Relações Institucionais da Oi na Região Sul, Gabriel Ribeiro de Campos, a operadora decidiu, prevendo uma utilização plena da nova faixa só em 2019, manter uma estratégia de investimentos em projetos estruturantes de rede para a melhoria da qualidade, além de apostar em outros serviços. "A estratégia que a Oi escolheu seguir já está surtindo efeito. Por exemplo, a própria Oi TV, que cresce mês a mês no Paraná, é fruto dessa opção de investimento estratégico", afirma.

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