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Amazon tem 230 mil funcionários e valor de mercado superior a US$ 380 bilhões | Eric Slomanson/Divulgação
Amazon tem 230 mil funcionários e valor de mercado superior a US$ 380 bilhões| Foto: Eric Slomanson/Divulgação

Um drone de entregas. Um armazém voador. Uma assistente pessoal com avançados recursos de inteligência artificial. A enxurrada de notícias sobre a Amazon nos últimos meses mostra como a empresa, nascida em 1994 como uma loja de livros on-line, se transformou num império diversificado de negócios e apostas promissoras potencializados pela tecnologia.

O império da Amazon nos Estados Unidos

Mas, afinal, quando a Amazon será no Brasil a potência que é nos Estados Unidos? A pergunta é feita com frequência a Alex Szapiro, gerente geral da Amazon no Brasil, desde a chegada da empresa por aqui, em dezembro de 2012. A resposta do executivo é sempre a mesma: “Não temos pressa”. “A cultura da empresa é que a gente só vai para uma próxima fase quando sentimos que fizemos bem uma coisa”, explica Szapiro.

A Amazon começou no Brasil apenas vendendo o Kindle, seu leitor eletrônico, e uma biblioteca de 13 mil livros digitais em português - hoje, são 97 mil volumes digitais. Em agosto de 2014, passou a vender livros físicos no país. A relação com as editoras era difícil, por conta do retrospecto da empresa em negociações nos EUA. “Foi frustrante”, conta Szapiro.

Hoje, a situação é outra. “Eles são exemplares na negociação e abrem muitos dados para nós sobre as vendas”, diz um editor que preferiu não se identificar. “Nosso único receio é que eles mudem de postura quando se tornarem líderes do mercado.”

O aumento da confiança na empresa também se refletiu em crescimento. Sem revelar números absolutos, Szapiro afirma que os negócios aumentam a uma taxa de dois dígitos ao ano, considerando vendas do Kindle, livros físicos e digitais e até mesmo o serviço de assinatura de livros digitais, Kindle Unlimited. “Hoje, o Brasil está na dianteira mundial do Unlimited”, diz o executivo, se referindo à participação do serviço na receita local da empresa.

Nuvem

Além de vender livros, a empresa tem outros negócios no País: há a loja de aplicativos para Android, a Amazon Appstore, e o serviço de streaming Prime Video, recém-chegado ao País com catálogo reduzido. “Temos o desafio de melhorar isso com o decorrer do tempo”, diz Szapiro.

Fora do guarda-chuva de Szapiro, há também operação da Amazon Web Services (AWS), que tem, pelo menos, seis data centers na região. Entre os clientes, estão startups como Nubank e Guia Bolso, mas também gigantes como a Gerdau e Ministério do Planejamento.

Concorrência

O principal desafio da Amazon no Brasil é se tornar mais conhecida. “Para grande parte da população, a Amazon não significa nada”, diz Pedro Guasti, presidente da consultoria especializada em comércio eletrônico E-Bit. “Será preciso um esforço para tornar a marca mais conhecida.”

Um exemplo citado por Guasti é o marketplace – serviço que permite anúncios de produtos de terceiros dentro da loja virtual. No Brasil, a empresa não oferece o recurso, que está presente em e-commerces como Ponto Frio e Submarino. “Não dá para subestimar a Amazon”, diz Guasti. “Mas o Brasil é um bicho diferente e o mercado local segue crescendo.”

O império da Amazon nos Estados Unidos

A Amazon se transformou em um império tecnológico. A empresa, que hoje tem mais de 230 mil funcionários e valor de mercado superior a US$ 380 bilhões, precisa manter uma estrutura complexa ao mesmo tempo em que investe pesado em ideias que ainda não são lucrativas, mas que podem se tornar fonte de receita.

“Queremos ser uma empresa grande que também é uma máquina de invenções”, escreveu o fundador e presidente executivo da Amazon, Jeff Bezos, em carta aos acionistas, em abril do ano passado. Mais que uma bravata, a frase marca o estilo de gestão de Bezos. “Eles fazem apostas em muitos setores. No futuro, serão mais lucrativos se seguirem investindo”, diz Mike Olson, analista do banco de investimentos Piper Jaffray.

A variedade de apostas esconde uma organização relativamente simples. A empresa está baseada em três pilares: a loja on-line, o programa de benefícios Amazon Prime e a Amazon Web Services (AWS), divisão responsável pelos serviços a empresas.

Nas nuvens

No passado, os dois primeiros pilares eram os mais importantes e ajudaram a Amazon a se tornar a varejista a alcançar mais rápido a receita anual de US$ 100 bilhões. Hoje, é o terceiro pilar que dá segurança à empresa para inovar. “A AWS é uma área com margem de lucro maior que a do varejo”, diz David Mitchell Smith, vice-presidente de pesquisas da consultoria Gartner.

Sozinha, a AWS respondeu por 41% do lucro operacional da Amazon durante o ano fiscal de 2015 - embora os serviços na nuvem representem só 7% da receita. A expectativa é que a área fature US$ 13 bilhões no ano fiscal de 2016 - o balanço será divulgado no fim de janeiro. Se confirmada, a receita terá crescido 64% em relação a 2015. “A maioria das empresas usará computação em nuvem”, diz Marcos Grilanda, diretor regional da AWS. “Estamos no começo.”

Erros e acertos

A história da Amazon, porém, não é feita só de acertos: em 2014, em meio ao ‘boom’ dos smartphones, a empresa lançou seu próprio aparelho, o Fire Phone. Apesar das investidas, o projeto minguou. O fracasso gerou aprendizado. “Sabemos aproveitar as falhas”, diz Alex Szapiro, diretor-geral da Amazon no Brasil. “Muitos que trabalharam no Fire Phone hoje estão na equipe da Alexa.”

Não se trata de uma mulher, mas de um assistente pessoal. Na Consumer Eletronics Show (CES), feira de tecnologia realizada no início do mês em Las Vegas, Alexa foi sensação. Ela foi integrada a mais de 30 novos produtos. “Com Alexa, a Amazon quer tornar a compra de produtos mais fácil”, diz Smith, da consultoria Gartner.

Outra aposta é o serviço de streaming Prime Video, considerado hoje o maior rival do Netflix. Assim como a concorrente, a Amazon produz filmes e séries originais. “Muitas pessoas estão trocando a TV e o DVD pelo streaming”, diz Olson, da Piper Jaffray. “Amazon e Netflix vão liderar o mercado.”

A Amazon parece seguir numa direção: transformar tecnologias em itens essenciais. “Ela espera que o usuário dependa dela todos os dias, para comprar comida ou se divertir”, diz Olson.

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