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A peça produzida para a Bayer recebeu um leão de bronze na categoria “outdoor” | Divulgação/AlmapBBDO
A peça produzida para a Bayer recebeu um leão de bronze na categoria “outdoor”| Foto: Divulgação/AlmapBBDO

Um anúncio da agência AlmapBBDO em São Paulo premiado no festival Cannes Lions causou revolta entre feministas nesta quinta-feira (23).

A propaganda de um remédio para dor de cabeça, produzida para a Bayer, mostra a frase “‘Calma amor, não estou filmando isso’.mov” – uma referência a um ato sexual gravado sem o consentimento de uma das partes, a chamada “pornografia de vingança”, na visão de ativistas.

A peça recebeu um leão de bronze na categoria “outdoor”.

“Ei AlmapBBDO, é sério mesmo que vocês acharam que dizer em uma campanha publicitária, que compartilhar fotos e vídeos íntimos daria dor de cabeça e para RESOLVER esse incômodo seria só tomar uma Aspirina?”, criticou uma feminista em uma publicação no Facebook com mais de 1.500 curtidas e 400 compartilhamentos.

A polêmica acontece pouco depois do estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro ganhar repercussão após o vídeo da jovem nua e desacordada ser postado em redes sociais.

A publicitária Cindy Gallop, ex-presidente da filial da agência Bartle Bogle Hegarty (BBH) nos Estados Unidos, também criticou o anúncio da AlmapBBDO. “Não use isso para vender aspirina, indústria da propaganda dominada por homens, & não premiem isso, júri dominado por homens”, escreveu em seu perfil no Twitter.

Gallop é presidente do júri da categoria “Glass”, criada no ano passado para reconhecer peças que questionem desigualdade ou discriminação de gênero.

Em um painel organizado em Cannes sobre sexo na mídia no domingo (19), a publicitária afirmou ser preocupante que “mentes engenhosas” tenham premiado o trabalho. “É uma força prejudicial quando você pensa quão poderosa a propaganda é na cultura popular”, disse, segundo o jornal americano “The Washington Post”.

Defesa

A revolta também chegou à página da agência na rede social, com comentários acusando a empresa de machismo. A peça foi omitida da postagem em que a empresa divulgou seu desempenho no festival, em que venceu outros 11 leões.

Procurada, a AlmapBBDO diz, em nota, que “não houve intenção de tratar com indiferença abusos de qualquer natureza, mas entendemos que pode ter havido interpretações diferentes da mensagem que a peça queria passar” e que a empresa “repudia a prática de filmagem não consensual e qualquer espécie de violência ou invasão de privacidade”.

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